Ficar perdido pelas ruas ou não saber para que lado vão os ônibus são aqueles incômodos comuns para quem mudou de cidade. Agora, imagine o grau de desconforto – e até de confusão – de quem passou a morar em outro país. É o que acontece com imigrantes. Pensando nesse público, o estúdio CannonDesign criou um aplicativo de realidade virtual para ajudar na locomoção pela cidade.
A solução projeta placas coloridas e sinais no asfalto e até mesmo em muros das ruas. Diferentemente das sinalizações convencionais, é possível alterar a língua padrão das indicações, o que facilita para imigrantes se movimentarem pela cidade. Chamado TRANSIT, o projeto foi feito pensado no bairro do Brooklyn, em Nova Iorque.


Ao usar o pavimento como “tela”, o aplicativo fica ainda mais inteligível do que os sistemas de mapa digital. No lugar de placas, o conteúdo vira uma trilha no chão, muito mais fácil de seguir. Além de informações de rota, as imagens contarão com o tempo de trânsito, quais linhas de trem e ônibus passam no lugar e, principalmente, se esses veículos estão perto de chegar.
Imigrantes e a cidade
Usando soluções econômicas e fáceis de implementar baseadas em cores, rotulagem clara, pictogramas e medidas aproximadas de tempo, esse sistema simples de localização ajuda os migrantes a localizar mais facilmente as opções de trânsito para se conectar com a família, empregos e/ou outros recursos importantes.

De acordo com o time de designers da CannonDesign, esse trabalho criativo remonta à ideia de orientar melhor os imigrantes para as comunidades que agora chamam de lar. “A imigração é um processo complexo e aqueles que vêm para os Estados Unidos precisam de suporte em um espectro diversificado que inclui encontrar trabalho, acesso à saúde, conexão com a família e muito mais. No entanto, acreditamos que o sistema descrito acima pode ajudar na orientação de uma maneira bonita e de baixo custo”, indicaram, em comunicado no site oficial da empresa.
Em entrevista para a revista Fast Company, a chef do projeto Kimberly Silver afirmou que se inspirou ao ver como refugiados estavam tentando se virar em Red Hook, no Brooklyn. Segundo ele, a confusão com o espaço físico trazida pela sinalização falha atrapalha as pessoas a se sentirem pertencentes ao novo lugar.
Realidade Virtual para ajudar a se sentir em casa!
O uso de cores no projeto foi pensado para fazer com que as pessoas se sentissem “em casa” na cidade. A designer ambiental Steffany Brady ajudou a guiar a experiência, não só a partir da sua expertise, mas por meio da sua própria história. A profissional se mudou da Colômbia para os Estados Unidos quando tinha 15 anos. Ela e sua família se sentiam isolados porque não conseguiam se locomover pelo espaço.
Silver afirmou que o projeto pretende funcionar como uma espécie de código dentro da cidade, mostrando às pessoas que precisam como acessar serviços e se firmar em um novo local. “Um de nossos objetivos subliminares era a esperança de obter familiaridade e que o sistema não fosse necessário para os usuários ao longo do tempo”, diz ela. “Depois de se acostumarem, eles podem navegar por seus instintos e apenas se familiarizar.” Antes disso, porém, esse tipo de sistema facilmente legível pode ser a ajuda de que muitos se beneficiariam, pois estão começando uma nova vida em uma terra desconhecida.