As cidades estão, cada vez mais, usando tecnologias digitais para a prestação de serviços básicos para a população, como transporte, energia, iluminação pública, gestão de resíduos, saúde, entre outros. E essa transformação digital em desenvolvimento oferece novas oportunidades, mas também cria vários desafios para as iniciativas de cidades inteligentes.
Um destes desafios é a digitalização, que é fundamental para a tomada de decisões com base em dados e desempenha um papel central na estruturação de uma smart city. Outra complexidade é a implementação e aplicação de estruturas legais e regulamentos específicos para iniciativas de cidades inteligentes.
Segundo o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), mais de dois terços dos países de baixa renda não possuem uma política nacional para orientar o tema. Essas conclusões foram publicadas em um relatório produzido em conjunto com a ONU-Habitat, pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), pela Universidade Edinburgh Napier e pela Universidade de Tecnologia de Tallinn.
Segundo Maimunah Mohd Sharif, diretora-executiva da ONU-Habitat, os governos locais são diretamente responsáveis pela digitalização na prestação de serviços públicos.
“Acredito que os governos têm um papel importante a desempenhar na governança de cidades inteligentes e no combate aos desafios e riscos da crescente digitalização na prestação de serviços públicos e implicações como exclusão digital, inclusão digital e equidade social”, diz Maimunah.
Veja também o episódio 01 do podcast Habitability:
Números destacados

Este relatório, que ganhou o nome de Revisão Global de Práticas de Governança de Cidades Inteligentes, é o primeiro a examinar como a governança de cidades inteligentes é interpretada e gerenciada em todas as regiões do mundo. Ele reúne a experiência de 250 cidades para fornecer recomendações estratégicas importantes para os governos locais, enquanto planejam, implementam e sustentam iniciativas de cidades inteligentes.
Veja alguns números:
- 64% das cidades africanas citam a falta de competências como um fator-chave que limita as suas iniciativas de cidades inteligentes em comparação com cidades de outros continentes;
- a regulamentação de contratos públicos e a burocracia continuam sendo um obstáculo ao envolvimento de parceiros externos em iniciativas de cidades inteligentes, particularmente na América Latina e na América do Norte;
- é uma dificuldade para os governos municipais em todo o mundo assegurar a participação ativa dos moradores em iniciativas de cidades inteligentes. Isto levanta preocupações com relação aos esforços para tornar as cidades inteligentes mais centradas nas pessoas.