Construção sustentável pode ter impacto ímpar na descarbonização do planeta

Construção sustentável envolve uso de materiais, métodos, equipamentos e novas tecnologias para reduzir o impacto ao meio-ambiente

Por Redação em 11 de janeiro de 2022 5 minutos de leitura

Construção sustentável

De acordo com a Supply Chain Sustainability School, as obras de construção civil em países que fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) usam entre 25% e 40% da energia e consomem cerca de 30% das matérias-primas produzidas no planeta. E mais: o setor é responsável por entre 30% e 40% das emissões globais de gases de efeito estufa e por entre 30% e 40% da geração de resíduos sólidos. Não por menos, a resposta da indústria é a construção sustentável, ou seja, a prática de criar um ambiente saudável com base em princípios ecológicos. 

Para o professor Charles J. Kibert , referência internacional no assunto, a construção sustentável se concentra em seis princípios: “conservar, reutilizar, reciclar/renovar, proteger a natureza, criar atóxicos e de alta qualidade. Em uma de suas obras, lançada mundialmente em 2016 e sob o título “Sustainable Construction: Green Building Design and Delivery” ele detalha que o objetivo do que ele chama de construção verde é reduzir o impacto da indústria no meio ambiente, utilizando práticas de desenvolvimento sustentável, empregando eficiência energética e aproveitando a tecnologia livre de carbono. 

Ele é enfático ao demonstrar que, embora muitos setores de negócios diferentes estejam fazendo o que podem para ser mais sustentáveis, o setor da construção é único porque tem a chance de afetar significativamente a forma como essas práticas são aplicadas. Isso se deve às grandes quantidades de materiais e energia que a indústria utiliza.

Materiais sustentáveis são diferenciais

Uma das melhores formas de praticar a construção sustentável é por meio dos materiais utilizados. Uma nova geração de insumos de construção mais resistentes, leves e sustentáveis ​​pode ajudar a resolver muitos problemas na indústria, bem como impulsionar as práticas atuais. Esses materiais têm o benefício adicional de proteger o meio ambiente, reduzindo a pegada de carbono dos edifícios. 

Os exemplos incluem desde a madeira, que não requer muita energia para se tornar um material de construção, até os produtos reciclados. Em alguns lugares, plásticos e outros tipos de lixo são transformados em substitutos de concreto, reduzindo os gases do efeito estufa e ajudando a impedir que os aterros sejam inundados com resíduos. 

Aliás, o processo começa antes, na produção de agregados minerais usados em obras de construção civil. É o caso da areia artificial – produzida a partir de rocha – que elimina a necessidade da coleta de areia natural em leitos de rios. 

O cimento, outra matéria-prima da produção de concreto, pode usar tecnologias alternativas que melhoram a eficiência energética dos edifícios e apoiam a transição de energia. Já existem concretos que, se usados corretamente, contribuem para uma economia significativa de energia. Graças a formulações inovadoras, eles podem ser usados para armazenar ou conduzir calor. Há exemplos de uso de ativação de núcleo de concreto para fornecer ar-condicionado com baixo consumo de energia para escritórios e laboratórios. 

Métodos construtivos e equipamentos também pesam

As técnicas, recursos e práticas de construção evoluíram ao longo dos anos e, com o aumento do interesse em sustentabilidade e conservação de energia, novos métodos foram desenvolvidos, com foco na sustentabilidade. 

Alguns deles incluem o corte de materiais com precisão, para reduzir o desperdício, o controle de gestão de resíduos, assim como a separação e reciclagem, a construção de edifícios verdes, os projetos de reutilização adaptativa que transformam edifícios antigos e o gerenciamento de canteiros de obras para melhorar o meio ambiente. 

Há ainda outras formas, como o tratamento de água no local, a conservação de energia e a seleção de materiais sustentáveis ​​e reciclados para utilização no canteiro e mesmo nas construções. 

A introdução de novos métodos também foi acompanhada do ataque a um forte componente de custos, a energia. Para alguns projetos de construção, ela é responsável por 5,7% do orçamento . 

É difícil medir os custos exatos da energia em construção, mas todo projeto precisa de fontes de energia contínuas e é por isso que empresas de todos os tamanhos podem se beneficiar com a implementação de práticas de eficiência energética aplicada desde as matérias primas até os sistemas de impermeabilização e iluminação. 

Escavadeiras, caminhões de transporte, betoneiras e guindastes de construção requerem muita energia para operar. Eles também podem desperdiçar combustível se não forem bem mantidos, influenciando nos índices de poluição também da cadeia de transportes – outro setor que, assim como a construção civil – trabalha para ter melhores índices de sustentabilidade. 

Canteiros podem minimizar a poluição da água

Outro insumo crítico é a água. Os locais de construção a consomem em uma variedade de funções: hidratação do trabalhador, dosagem de concreto, rejuntamento, supressão de poeira, teste de alagamento, enchimento de tanques, entre outros. 

Os canteiros utilizam cerca de 17% de sua água para funções diretas, enquanto 25% correspondem a atividades indiretas. Felizmente, as construtoras podem diminuir a poluição da água e maximizar a sustentabilidade, seguindo as diretrizes ambientais estabelecidas pelas autoridades. Outra forma é praticar o descarte de resíduos, limitando a poluição dos rios e córregos próximos. Um exemplo é manter a areia e o cimento seguros para que não caiam nos ralos ou nas fontes de água locais. Enfim, as iniciativas são inúmeras.

A demanda por água pode ser um risco futuro para a humanidade se ela ultrapassar a capacidade de os países abastecerem sua população. Por essa razão, a construção sustentável deve priorizar os projetos que reaproveitam o recurso. As iniciativas podem ser as mais óbvias, como a coleta de água da chuva, método eficaz para uso e armazenamento. 

O uso de torneiras eficientes em novas construções ou prédios já construídos permitem o consumo racional de água, da mesma forma que a adoção de hidrômetros inteligentes medem o consumo em tempo real e agem para otimizar o recurso, inclusive com penalizações progressivas a quem desperdiça. 

Dispositivos conhecidos como válvulas redutoras de pressão também contribuem para a construção sustentável, pois controlam a quantidade de pressão nos sistemas de água, evitando o desperdício.

Gerenciamento de resíduos na construção sustentável

O gerenciamento de resíduos fecha o ciclo de ações positivas para a construção sustentável e, apesar de a maioria das empresas do setor desejar ser ambientalmente consciente, responsável e sustentável, muitas ainda não têm as ferramentas adequadas. 

É por isso que o desenvolvimento e implementação de um plano de gerenciamento de resíduos robusto fornece a estrutura necessária para manter uma sólida situação legal, cortar custos e reduzir resíduos desnecessários. De modo geral, portanto, o gerenciamento diminui o envio de lixo para aterros e ainda permite o reuso de materiais, reforçando o conceito de economia circular no setor.