COP 27: desigualdade social entra no debate do clima
Países discutem na COP27 mecanismos de compensação climática enquanto relatórios mostram a desigualdade entre quem sofrerá com o clima
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Redação em 18 de novembro de 2022 2minutos de leitura
Discutir o que pode ser feito para reduzir os impactos da catástrofe climática inclui falar sobre os países e as desigualdades que enfrentam. Na COP-27, principal evento que debate as mudanças climáticas no mundo, o tema entrou em pauta para reviver um impasse de décadas: a compensação financeira.
As nações pobres, que menos contribuíram para a mudança climática, mas estão entre as mais vulneráveis a seus efeitos hoje, estão buscando mais compromissos financeiros dos países ricos, muitos dos quais cresceram suas economias queimando combustíveis fósseis.
Já os países responsáveis por emitir maior parte do CO2 na atmosfera estão analisando como criar um mecanismo de compensação para países mais pobres pelas perdas e danos causados pela crise climática. De acordo com a ONU, 80% das emissões de gases de efeito estufa vêm dos 20 países mais desenvolvidos do mundo.
Desigualdade ambiental
O assunto era tabu há alguns anos, mas se tornou necessário. Quase um terço da população do planeta passou por algum desastre climático nos últimos cinco anos, de acordo com relatório da Lloyd’s Register Foundation. O documento está sendo apresentado também durante a COP27. Em países do Oriente Médio e do Sudeste da Ásia, o indicador fica próximo de 40%.
Regiões com melhor infraestrutura e segurança econômica normalmente pontuam mais alto no World Risk Poll Resilience Index, uma ferramenta que calcula o quão equipadas as pessoas ao redor do mundo estão para lidar com a adversidade, com base em quatro aspectos distintos de resiliência – Individual, Doméstico, Comunidade e Sociedade. Um cenário onde a desigualdade social se encontra com a injustiça ambiental se encontra.
“À medida que a crise do clima não é controlada, eventos climáticos extremos, como ondas de calor e inundações, atingem com mais força as pessoas mais vulneráveis”, explicou o coordenador de Assuntos Humanitários e Ajuda de Emergência da ONU, Martin Griffiths, em comunicado à imprensa. “Em nenhum lugar o impacto é mais brutalmente sentido do que em países que já sofrem com a fome, com conflitos e com a pobreza”, acrescenta.
Segundo a ONU, os impactos do calor extremo são globais, mas comunidades vulneráveis estão sendo empurradas para a “linha de frente” da crise. Dessa forma, o financiamento ambiental precisa chegar primeiro nesses grupos e nesses países.
Perdas e danos climáticos
No Egito, a Associação Internacional do Mercado de Capitais (ICMA) já indicou que os países atingidos por desastres causados pelas mudanças climáticas, como enchentes e furacões, poderão automaticamente congelar os pagamentos da dívida internacional.
Segundo o Fórum de Países Vulneráveis, a mudança climática já custou US$ 525 bilhões para 55 países mais pobres do mundo entre 2000 e 2019, ou seja, 20% do PIB coletivo. Algumas pesquisas mostram que, até 2030, as perdas podem somar US$ 580 bilhões por ano.
Na COP27, representantes de países africanos mostraram que o impacto do aquecimento global no continente ficará em torno de 34% do PIB per capita. Estaria na hora de um cálculo mais profundo para entrar em fundos de “perdas e danos ambientais”. Durante a primeira semana do evento, líderes de países pequenos, como as Bahamas e Antigua e Barbuda, também pediram urgência nessa discussão.
Veja também o episódio 14 do podcast Habitability:
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