Descarbonização avança na construção civil, começando pelos projetos

Descarbonização na construção civil começa com projetos de arquitetura, segundo artigo da Saint Gobain

Por Redação em 11 de outubro de 2021 3 minutos de leitura

descarbonizacao

A descarbonização da construção civil está em processo, segundo um artigo publicado pelo grupo Saint Gobain. Isto porque os edifícios são responsáveis por 33% do consumo global de energia e 39% das emissões de gases de efeito estufa. Em resumo: os arquitetos responsáveis pelos projetos de construção dos prédios têm um papel importante para que o mercado de construção atinja as metas.

De acordo com o artigo, os projetos devem considerar todo o ciclo de vida dos edifícios, inclusive durante o seu estágio de uso, ou seja, nas fases de extração de matérias primas, transporte, instalação, uso e fim da vida útil das construções. Somente essas etapas respondem por 11% das emissões globais de gases de efeito estufa e por 28% das emissões do setor de construção no mundo todo.

Até mesmo em função do volume de gases emitidos, o setor tem lançado iniciativas importantes, caso do Zero Carbon Buildings Commitment, oficializado na Cúpula Global de Ação Climática em 2018. O U.S. Carbon Leadership Forum é outro exemplo de como o setor endereça o problema de reduzir também o carbono incorporado, considerando a projeção que o mundo vai dobrar a área construída em 2060, confirmando a maior concentração humana em áreas urbanas.

Projetos novos precisam de pente fino para antecipar descarbonização

Na prática, o artigo publicado pela Saint Gobain indica que é necessário abordar descarbonização em três níveis: (1) redução do carbono operacional nos edifícios existentes através da eficiência energética; (2) uso da energia renovável para cobrir a demanda de baixa energia restante, idealmente na obra ou fora dela, se necessário; e (3) redução do carbono incorporado de novos edifícios durante todo o seu ciclo de vida. As abordagens devem ser consideradas de acordo com o estágio ou dos requisitos de cada edifício. O que há em comum é que todos devem ser acelerados, caso o setor queira cumprir as metas do Acordo Climático de Paris (COP-21).

No caso das construções novas, a orientação é que os arquitetos devem ser rigorosos e detalhistas, porque “pode não ser possível fazer alterações eficientes em termos de energia posteriormente, ou o leque de possibilidades será severamente truncado”. O artigo dá como exemplo a escolha de terrenos que exijam fundações muito profundas, o que pode mais do que duplicar as emissões de carbono incorporadas de um projeto. Nesse caso específico, não se pode alterar a escolha posteriormente. Mesmo um elemento que ainda possa ser alterado, quase sempre gera custos mais altos.

drywall

Materiais leves ou reciclados ajudam na descarbonização

O processo pode ser otimizado também com uso de materiais leves. A própria Saint Gobain realizou estudos no Brasil comparando dois perfis de parede interna e descobriu que as peças desse tipo produziam uma série de benefícios ambientais. A opção mais leve foi o sistema drywall, que foi comparado a um sistema tradicional de parede de blocos cerâmicos de 140 mm rebocado com cimento. Para um metro quadrado de paredes divisórias, descobriu-se que o uso do drywall, no lugar da parede tradicional, causaria uma diminuição de 63% no potencial de aquecimento global. Os ganhos envolvem ainda uma redução de 49% no uso de energia primária, de 80% no peso do sistema de paredes e de 36% no uso de água.

A reutilização ou reciclagem de materiais existentes é outra frente de ataque na busca da descarbonização da construção civil. De acordo com o artigo da Saint Gobain, reutilizar o vidro o torna “descarbonado” e isso pode diminuir o uso de energia em 3% para cada 10% de vidro adotado na construção. Da mesma forma, o uso de uma tonelada de vidro reciclado reduz as emissões de CO2 em 300 kg, devido à diminuição do consumo de energia. “Assim, a vidraça feita de resíduos e outros exemplos de materiais reciclados deve ser uma forte consideração para os arquitetos que trabalham na descarbonização”, detalha o documento.