A pequena cidade alemã de Andernach fez um teste no jardim à frente da prefeitura: plantou tomates. A população gostou e passou a colher os frutos maduros. Depois veio a cebola e a maçã. Logo, as placas de “não pise a grama” ganharam uma outra frase: “a colheita é encorajada – sirva-se”. A ação é copiada por países no mundo todo, em um conceito apelidado de “cidades comestíveis”.

Jardins e pomares públicos cresceram pela Europa, criando o Edible Cities Network, um grupo de 150 cidades que separam áreas verdes para o cultivo de plantas comestíveis. A rede conta com cidades na China, na Tunísia, no Uruguai, em Cuba e nos Estados Unidos, além de várias localidades na Europa.
Cidade comestível e sustentabilidade

“Espaços naturais verdes públicos nas cidades são incrivelmente valiosos, ainda mais à medida que as temperaturas aumentam e os centros urbanos se tornam mais densamente povoados”, afirmou Ina Säumel. um dos responsáveis pela Edible Cities Network ao jornal norte-americano The Washington Post.
A Edible Cities está tentando incentivar as pessoas a se envolverem em seus parques urbanos, em vez de apenas pensar neles como lugares passivos, disse Säumel. O cultivo de plantas úteis em áreas públicas traz a natureza de volta para a cidade.
Para as pessoas, poder receber comida é um resultado palpável do aumento das áreas verdes da cidade. Além disso, os espaços aumentam a sensação de pertencimento da população, como explicou o norte-americano Lynx Bergdahl, que lidera os pomares urbanos da cidade de Asheville, nos Estados Unidos.
“Qualquer um pode obter o que quiser, quando quiser. Trata-se de eliminar o maior número possível de barreiras para criar acesso público a alimentos, quer alguém queira uma única maçã ou uma cesta inteira”, disse Bergdahl, ao Washington Post.
Espaços comestíveis?

Muitas das cidades nem parque tem, mas usam os canteiros de praças e os jardins de prédios públicos para a plantação. Mas há também uma busca por lugares mais inusitados e inóspitos, como telhados, trilhos de trem e estacionamentos abandonados. Na França, o grupo Pea&Love está pesquisando formas de se plantar em espaços menores.
A apicultura também faz parte do pacote das “cidades comestíveis”. Em Berlim, cresce o número de pessoas criando abelhas para fornecer mel ao público da cidade.
A criação de hortas e pomares dentro das cidades é um dos caminhos para reduzir a insegurança alimentar no mundo.