Pandemia torna as pessoas mais ligadas aos seus lares, identifica Google

Levantamento identifica conexão mais forte dos brasileiros com os seus lares; Movimento deve permanecer após a pandemia, dando corpo a novos padrões de comportamento e consumo

Por Redação em 20 de outubro de 2021 5 minutos de leitura

lares

A pandemia ampliou a relação das pessoas com as suas casas e o movimento deve permanecer após o controle da Covid-19. Foi o que identificou o Google, em uma pesquisa realizada em parceria com a Consumoteca. O levantamento usou a base de dados do próprio sistema de buscas e também do seu canal de vídeos, o Youtube. A Consumoteca contribuiu com a imersão em lares brasileiros e entrevistas qualitativas, chegando à conclusão de que, mesmo se a pandemia acabar, a conexão das pessoas com os seus lares deve permanecer.

Os resultados da pesquisa demonstraram que não só os brasileiros devem permanecer mais em casa, como também planejam melhorias para ela. “A demanda aponta para um consumidor mais preocupado com as camadas de necessidades e ao mesmo tempo mais pragmático na hora da escolha [de suas compras para casa]”, publicaram os relatores da pesquisa, Fábio Garcia, head de indústria para o varejo, e Antonella Weyler, market insights lead do Google no Brasil. Segundo eles, os dados obtidos abrem espaço para fornecedores que solucionam “dores e tensões domésticas”.

sala

Salas multifuncionais são destaque

Um exemplo está nas funcionalidades das salas. O cômodo se consolidou como ponto central dos lares brasileiros para trabalho, estudo, refeições e lazer, e a prova disso é que 41% dos entrevistados revelaram que a sala é o ambiente prioritário para compras futuras da casa.

Os resultados da pesquisa demonstraram que não só os brasileiros devem permanecer mais em casa, como também planejam melhorias.

O levantamento constatou aumento de até 100% nas buscas por sofás confortáveis e móveis modulares, quando se compara o primeiro ano de pandemia com o anterior (2019). “Em 2021, essas buscas seguem em alta”, pontuam os especialistas do Google.

Também entre as multifunções que o cômodo ganhou, as pessoas têm procurado melhorar a qualidade do espaço de trabalho, com crescimento de 51% nas buscas por cadeiras e mesas ergonômicas e reguláveis, embora muitas delas ainda sequer trabalhem em casa.

Segundo o IBGE-PNAD, menos de 10% da população ocupada brasileira trabalha remotamente, mas, para a pesquisa do Google, isso não se tornou impedimento para que as pessoas formatem os seus espaços de trabalho em casa, talvez pensando no futuro próximo. “Quem não tem esse espaço quer construí-lo e quem já organizou quer equipá-lo cada vez mais. Esses desejos abrem caminho para novas demandas do home office 2.0”, dizem os especialistas.

A sala se consolidou como ponto central dos lares brasileiros para trabalho, estudo, refeições e lazer. E a prova disso é que 41% dos entrevistados revelaram que o cômodo é o ambiente prioritário para compras futuras da casa.

O direcionamento mais exigente para as compras se repete em outros cômodos da casa e demonstra a retomada dos sonhos das pessoas com os seus lares.

Sonhar e morar: praticidade e conforto lado-a-lado 

Segundo os relatores da pesquisa, isto não se trata de uma conexão romântica e idealizada com as casas, mas sim da premissa de lidar com coisas práticas do dia a dia, como uma pintura de parede ou o conserto de vazamento na torneira. “Agora, conhecemos a fundo cada centímetro do nosso lar e queremos ter a certeza, na hora da compra, de que estamos fazendo um bom negócio, capaz de resolver as nossas dores domésticas”, dizem eles.

Deste modo, a funcionalidade, o conforto, a performance e a inovação são os motivadores de compras nos lares brasileiros e, apesar de sempre presentes, variam em nível de importância de acordo com as classes sociais.

“Quem não tem esse espaço [de trabalho] quer construí-lo e quem já organizou quer equipá-lo cada vez mais. Esses desejos abrem caminho para novas demandas do home office 2.0”

Em famílias com maior renda, a tendência é por equipamentos que priorizam o conforto, a performance e a inovação. “É o que chamamos de um consumo de upgrade”. Isso significa que são compras de substituição, geralmente para melhorar algo que já havia na casa.

Já nas famílias com menos recursos, as compras são pautadas pela funcionalidade, de modo que muitos dos itens estão sendo comprados pela primeira vez. “Nesse cenário de mudanças domésticas, enquanto alguns cômodos precisavam ser reformulados, a adaptação de outros se tornou item de desejo”, pontuam os pesquisadores.

cozinha

Cozinha: lugar de fadiga e inspiração

É o caso das cozinhas. Identificadas ambiguamente como lugar de fadiga e de inspiração pela pesquisa, as pessoas têm procurado itens que facilitem o cotidiano, principalmente para cozinhar, já que a tarefa se tornou mais uma na lista interminável de demandas das famílias. As buscas por airfryer, torradeiras e sanduicheiras, por exemplo, aumentaram 32%, 24% e 22%, respectivamente. A comparação é entre o primeiro semestre de 2021 e o mesmo período do ano anterior. 

“Por outro lado, em especial nas casas de quem mora sozinho ou como um casal, cozinhar virou um hobby. As pessoas procuraram entender a origem dos alimentos e conhecer diferentes formas de preparo, o que também marcou uma maior preocupação com a saudabilidade”, pontua o relatório da pesquisa.

Com mais tempo em casa, o preparo de um local de descompressão também ganhou relevância. Sim, os quartos cumprem esse papel para aconchegar a privacidade, de quem pode. Não por menos, as pessoas ampliaram as buscas por itens de conforto e também de organização para o ambiente.

“Em especial nas casas de quem mora sozinho ou como um casal, cozinhar virou um hobby. As pessoas procuraram entender a origem dos alimentos e conhecer diferentes formas de preparo, o que também marcou uma maior preocupação com a saudabilidade”

As procuras por itens relacionados à maciez de toalhas e roupas de cama, por exemplo, chegaram a crescer 145% entre abril de 2020 e março de 2021. Um destaque ficou para as pesquisas sobre quantidades de fios em roupas de cama: só esse item teve 28% mais buscas no período. 

Do ponto de vista de organização, o destaque ficou para as pesquisas sobre camas-baú, com 17% de aumento no período.

Fora de casa, ou melhor, na parte de fora da casa, as varandas e quintais fizeram-se valer como ponto de respiro, literalmente. Os espaços, para quem os tem, ganharam melhorias, passando a representar o ponto de conexão mais próximo entre as pessoas que estão em seus lares e a natureza.

varanda

Aos que não têm espaços externos – ou os têm e mesmo assim gostam da natureza dentro de casa – as pesquisas também identificaram aumento nas buscas por incrementos e, itens como “jardim em casa” ou como “cuidado com plantas”, também cresceram.

A pesquisa avaliou 100 categorias de buscas – dentro do universo das casas – no Google e no YouTube. A Consumoteca fez imersão em 20 lares brasileiros, acompanhando por uma semana as rotinas das pessoas, que depois concederam entrevistas, validando os dados qualitativamente. 

Fora de casa, ou melhor, na parte de fora da casa, as varandas e quintais fizeram-se valer como ponto de respiro, literalmente. Os espaços, para quem os tem, ganharam melhorias, passando a representar o ponto de conexão mais próximo das pessoas em seus lares com a natureza.

Os entrevistados foram selecionados em curva, representando diferentes classes sociais de três grandes cidades brasileiras: São Paulo, Porto Alegre e Fortaleza. “Além de compreender o que mudou na nossa relação com a casa, fomos guiados por duas perguntas-chave: ‘quais comportamentos serão mantidos depois de um ano e meio vividos como nunca, dentro de casa?’ e ‘quais serão os novos rituais e demandas de consumo da casa do brasileiro?’”, concluem Antonella Weyler e Fábio Garcia, do Google.

Veja também o episódio 06 do podcast Habitability: