Shenzen se torna o “Vale do Silício chinês” e esconde fortuna de US$ 30 bi

Aldeões urbanos, moradores nativos da cidade, no Vale do Silício chinês, teriam uma fortuna somada de US$ 30 bilhões

Por Redação em 5 de novembro de 2021 2 minutos de leitura

Vale do Silício chinês

Uma fortuna está escondida no chamado “Vale do Silício da China”, mais exatamente em Shenzen. A cidade é famosa por ser o berço do projeto de flexibilização do modelo econômico chinês há mais de 40 anos. Hoje, a metrópole tem uma economia de tamanho similar à da Noruega. De acordo com o site da agência de notícias Bloomberg, há uma fortuna nas mãos de aldeões urbanos, moradores nativos da cidade. O grupo somaria não mais do que 300 mil pessoas – o que é pouco perto da população atual de 17 milhões de habitantes de Shenzen – mas concentra um poder de riqueza de US$ 30 bilhões.  

Diferente da metrópole atual, Shenzhen era uma coleção de vilarejos maltrapilhos até os anos de 1980, segundo a reportagem da Bloomberg. “Hoje, em um lugar onde as pessoas costumavam trabalhar em arrozais, você pode ficar no Ritz, comprar um Porsche de US$ 380 mil e, se for rico o suficiente, fechar um negócio no Vale do Silício chinês”, detalha a matéria. O site lembra que além do cenário de butiques com marcas famosas, as velhas aldeias ainda existem, mas não são perceptíveis pelos forasteiros. 

Aldeões e herdeiros formam o “Vale do Silício chinês”

Os aldeões e seus herdeiros acumularam fortuna após serem beneficiados pela política do Partido Comunista que permitiu que algumas pessoas “enriquecem primeiro”, beneficiando-se de estímulos econômicos, mas com perfil empreendedor.

Entre os moradores originais, a reportagem destaca Zhuang Shunfu, chefe da aldeia de Huanggang, uma das primeiras a enriquecer com o novo modelo. Quando Shenzen “abraçou o mercado”, ele teria feito o mesmo e rapidamente formou equipes de caminhoneiros para coletar areia do rio Shenzhen para uso em concreto. A informação faz parte do livro The Shenzhen Experiment, de Du Juan, professor associado da Universidade de Hong Kong, segundo o qual Zhuang teria construído empreendimentos industriais e investido o dinheiro (que o governo pagou aos moradores por terrenos) em torres de apartamentos, prédios de escritórios e shopping centers.

A pegada empreendedora passou para seu filho, Zhuang Chuangyu, que preside a sede da corporação da aldeia, a Shenzhen Huanggang Industry Co. O jovem Zhuang, educado no Canadá e no Reino Unido, foi executando operações desde 2007 e, entre outras coisas,  associou a incorporadora imobiliária Excellence Group no imponente Excellence Century Plaza. 

Como aldeões originais, muitos Zhuangs são proprietários em uma cidade de inquilinos. Eles são donos de grande parte das residências em Huanggang e cobram o aluguel dos recém-chegados que vêm se aglomerando em Shenzhen e elevando os preços às alturas, de acordo com a reportagem da Bloomberg.

Agora, tudo isso levou Shenzhen a ser uma cidade menos acessível na China e um exemplo disso é que o aluguel devora quase 44% da renda do trabalhador médio. Não por menos, Shenzhen está cada vez mais próxima das condições de Hong Kong, considerada a cidade menos acessível do mundo. 

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