Com ostreicultura sustentável, município ficou em primeiro lugar na categoria “Comunidades Prósperas” do prêmio Green Destinations Story Awards
Uma cidade brasileira do Rio Grande do Norte com cerca de 16,9 mil pessoas (segundo o Censo de 2022) chamou atenção do mundo por uma iniciativa sustentável na produção de ostras, a ostreicultura. É Tibau do Sul, a cerca de 80 km da capital do estado, Natal. Lá fica a famosa Praia de Pipa. A história “O Sorriso da Ostra”, sobre o cultivo e a comercialização de ostras orgânicas em ambiente natural pela associação AproOstras (Associação dos Produtores de Ostras do Rio Grande do Norte) conquistou o primeiro lugar na categoria “Comunidade próspera” do Green Destinations Story Awards, prêmio que contempla os 100 destinos mais sustentáveis do planeta, realizado na maior feira da indústria do turismo do mundo, em Berlim, na capital alemã.
Tibau do Sul obteve a façanha após contar para o mundo a história da AproOstras, que conseguiu reverter a redução dos moluscos na Lagoa Guaraíras por meio da produção sustentável. As ostras da lagoa estavam desaparecendo, mas a entidade enfrentou o cenário e conseguiu fazer da região uma produtora de destaque, com cerca de 75 toneladas do molusco por ano. Assim, o extrativismo predatório em Tibau do Sul ficou para trás e hoje existe um sistema de produção sustentável com diversas vantagens, já que a iniciativa ajuda comunidades locais e acabou com a degradação do meio ambiente.
A história que Tibau do Sul apresentou para o mundo começou com uma triste realidade. A escassez de sementes de ostras nativas levou um grupo de produtores, com suporte do Sebrae no Rio Grande do Norte, da Fundação Banco do Brasil e de outros parceiros, a se unir e retomar a produção do molusco na Lagoa de Guaraíra. Com isso nasceu a marca Ostra da Pipa, que virou grife e tornou a produção sustentável local uma referência no País, e apresentada para turistas em uma balsa restaurante. As ostras também passaram a fazer sucesso em grandes eventos. E o sucesso do grupo de ostreicultores só cresceu e culminou no reconhecimento mundial após ser contada pelo case “O Sorriso da Ostra”, que relata o trabalho dos produtores potiguares.
No prêmio, a história vencedora conta o caminho percorrido pela AproOstras, da fundação em 2014 à consolidação como referência nacional na produção de ostras de alta qualidade e com segurança alimentar, em um projeto que também beneficia a economia local, gerando emprego e renda.
A AproOstras nasceu quando, em Tibau do Sul, a comunidade de extrativistas do distrito de Cabeceiras vivia em condições de vulnerabilidade, e encontraram uma alternativa nas atividades de pesca, agricultura e ostreicultura em ambiente natural. A extração de ostras era, até então, feita sem cuidados sanitários para o consumo e focava apenas na exploração dos espécimes no mangue. Para solucionar esse problema, os produtores, com apoio do Sebrae-RN, criaram a AproOstras. Com isso, a comunidade passou a cultivar os moluscos e até criou a Rota das Ostras, passeio feito em canoas de madeira que percorre a Lagoa Guaraíras em direção à área de cultivo. Os próprios produtores são os guias turísticos e compartilham informações com os visitantes ao longo do trajeto. Terminado o passeio, os anfitriões oferecem uma variedade de ostras frescas provenientes de suas próprias criações, em um empreendimento turístico de base comunitária focado na sustentabilidade e nos desenvolvimentos ambiental, econômico, social e cultural da região.
Criado também em 2014, o Green Destinations Story Awards destaca as iniciativas mais inspiradoras para o desenvolvimento do turismo sustentável no mundo em seis categorias. Os prêmios têm sido vitrine para destinos turísticos comprometidos com a sustentabilidade, com base nas indicações para as 100 melhores histórias do Green Destinations. A seleção dos vencedores é realizada por um júri internacional de especialistas e leva em consideração três critérios importantes: educação, preservação ambiental e inclusão social.
Rafael Amaro Pereira da Silva, presidente da AproOstras, comemora o título de comunidade próspera a partir do turismo sustentável. “Conseguimos reduzir o impacto ambiental do extrativismo da espécie. O trabalho da criação e produção de ostras sustentáveis possibilitou, para os bancos naturais, voltarem a ter ostras novamente. Isso nos capacita e nos ensina que trabalhar com sustentabilidade é a melhor opção para que a gente desenvolva mais e mais o nosso trabalho”.
