Calor recorde: julho marca verão de extremos no mundo
Veja como as altas temperaturas provocadas pela mudança climática estão impactando diferentes regiões.
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Redação em 10 de agosto de 2023 3minutos de leitura
Julho de 2023 lançou um novo patamar para os parâmetros de calor anteriores. Em comunicado conjunto, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) da Organização das Nações Unidas (ONU) e o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia confirmaram que o mês registrou as temperaturas mais altas dos últimos anos.
Embora os órgãos só tenham declarado o recorde na terça-feira, 8 de agosto, esperando a finalização dos dados de pesquisa realizada por cientistas, uma análise da Universidade de Leipzig da Alemanha já havia “cravado” o verão de extremos.
De acordo com Samantha Burgess, vice-diretora do Copernicus Climate Change Service (C3S), “as temperaturas globais do ar e e da superfície do oceano estabeleceram novos recordes de todos os tempos em julho.”
“2023 é atualmente o terceiro ano mais quente até o momento, com 0,43°C acima da média recente, com a temperatura média global em julho 1,5°C acima dos níveis pré-industriais”, diz Burgess. “Mesmo que seja apenas temporário, mostra a urgência de esforços ambiciosos para reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa, que são o principal fator por trás desses recordes”, concluiu ela.
Os efeitos do calor recorde
Julho foi 0,72°C mais quente que a média de 1991-2020 para julho e 0,33°C mais quente que o mês mais quente anterior, julho de 2019. Segundo dados da OMM, essa é a temperatura mais alta no registro observacional de 174 anos. Como consequência, vários eventos climáticos extremos estão acontecendo ao redor do mundo, como os fortes tornados nos Estados Unidos. As fortes tempestades já devastaram alguns estados da Carolina do Sul e do Alabama, no sudeste do país. Muitos turistas também tiveram que fugir do calor escaldante no sudoeste.
Planeta tem sofrido os efeitos da mudança climática
Temperaturas sufocantes já afetaram outras várias faixas do planeta. Embora a noite seja normalmente mais fria no deserto, Death Valley, no estado americano da Califórnia, este mês ele teve a noite mais quente já registrada.
Os incêndios florestais no Canadá queimaram em um ritmo sem precedentes. A França, Espanha, Alemanha e Polônia também sofreram com a grande onda de calor. Assim como as ilhas da Sicília, na Itália, e Rhodes, na Grécia.
Ondas de calor marinhas se desenrolaram ao longo das costas da Flórida à Austrália, levantando preocupações sobre a morte de recifes de coral. Mesmo um dos lugares mais frios da Terra – a Antártica – está sentindo a onda de calor. O gelo do mar teve uma baixa recorde no inverno do Hemisfério Sul – época em que o gelo deve atingir sua extensão máxima. Enquanto isso, chuvas e inundações recordes inundaram a Coreia do Sul , Japão, Índia e Paquistão.
“A temperatura média global (em si) não mata ninguém”, disse Friederike Otto, cientista do Grantham Institute for Climate Change, em Londres, à OMM. “Mas um ‘julho mais quente de todos os tempos’ se manifesta em eventos climáticos extremos em todo o mundo.”
Cientistas não acreditam que agosto terá calor extremo
O planeta está nos estágios iniciais de um evento El Nino, causado por águas excepcionalmente quentes no Pacífico oriental. O efeito, normalmente, proporciona temperaturas mais altas em todo o mundo, dobrando o aquecimento causado pela mudança climática causada pelo homem, que os cientistas dizem ter desempenhado um papel “absolutamente esmagador” nas ondas de calor extremas de julho.
Segundo eles, embora os impactos do El Nino devam atingir o pico no final deste ano e em 2024, já está começando a ajudar a aumentar as temperaturas.
Apesar do aquecimento ser alarmante, os cientistas acreditam que agosto não superará o recorde estabelecido para julho. No entanto, eles esperam que 2023 ou 2024 termine como o ano mais quente nos livros de recordes, superando 2016.
Mais um alerta alarmante
O cenário só vem confirmar a necessidade de medidas urgentes para contenção do aquecimento global, como mostrou o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), elaborado por um grupo de cientistas no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo o documento, feito com base em dados científicos coletados por cinco anos, os países não estão fazendo o suficiente para enfrentar a questão climática.
Se era provável que a temperatura do planeta chegasse ao fim do século 1,5ºC acima dos níveis apresentados antes da Revolução Industrial, no século XVIII, agora, a estimativa parece ainda mais certa.
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