Arquitetos constroem casa de argila com impressora 3D

Idealizada por designers no Colorado, nos Estados Unidos, a Casa Covida é feita de tijolos de argila impressos com tecnologia 3D.

Por Redação em 14 de abril de 2023 3 minutos de leitura

tijolos de argila
Foto: Eliot Ross/ Arch Daily

Imagine poder combinar o uso de materiais orgânicos com tecnologia de última geração para construir uma casa? Essa junção, que em um primeiro momento parece incomum, se tornou realidade a partir da ideia de dois arquitetos. Os designers norte-americanos Ronald Rael e Virginia San Fratello fizeram uma casa com tijolos de argila impressos em 3D. Uma conjunção de novas e antigas formas de se construir: a tecnologia da impressora 3D com materiais de construção indígenas e tradicionais. Batizada de Casa Covida, o projeto experimental tem três cômodos e está localizado no Vale San Luis, no Colorado, Estados Unidos.

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Tecnologia e tradição

De um lado, a tecnologia: um braço robótico articulado de conformidade seletiva – de três eixos, do inglês Selective Compliance Assembly Robot Arm (Scara), criado especialmente para a construção da casa, mas com capacidade de levantar estruturas maiores do que a própria impressora. 

A tecnologia também está presente no aplicativo Potterware, que trouxe ainda mais praticidade e economia ao projeto, já que torna possível o manuseio da impressora por qualquer pessoa, mesmo sem conhecimento para manusear um software de modelagem 3D. Segundo a arquiteta Virginia San Fratello à revista MIT Technology Review, a facilidade foi pensada “para que um aluno do ensino médio possa começar a imprimir em 3D em um dia”. O que serviu como mais um fator para o projeto provar a que veio: mostrar a viabilidade de construir através do uso de material local e com robótica de baixo custo. “Tudo fala dessa acessibilidade. Estamos interessados ​​em tornar as coisas simples e acessíveis, ao invés de mais complexas”, disse ela.

Do outro lado, os arquitetos foram buscar na natureza a matéria-prima para erguer a casa: argila, lodo, areia, água e palha seca ao sol. Esta, inclusive, carrega em si um pouco da cultura local, pois é o material de construção tradicional da região. O material foi peneirado manualmente e passado por um misturador de cimento, antes de ser bombeado para a impressora, onde, finalmente, são formados os tijolos. 

A partir da argila e dos outros materiais naturais, o processo de construção é inspirado nas práticas ancestrais de culturas hispânicas do norte do Novo México e do sul do Colorado. Quando molhados, os insumos são dispostos em camadas em zigue-zaque, formando uma fachada ondulada e texturizada em fileiras.

“Nós dois conseguimos trazer nossas próprias experiências vividas para esse projeto, com nossas próprias conexões com a terra e a agricultura. Nossa experiência foi combinada com tecnologias incríveis, e é por isso que nossa prática é diferente. Trazemos nosso amor pela terra e literalmente o colocamos na impressora”, completa San Fratello.

A casa de tijolos de argila

tijolos de argila
Foto: Elliot Ross/Arch Daily

A Casa Covida é, na verdade, uma cabana formada por um quarto, um banheiro e uma sala. O cômodo central é estruturado com dois bancos de barro decorados com tecidos, conhecidos como tarima, além de contar com uma lareira para cozinhar alimentos e aquecer o ambiente durante a noite. Um telhado inflável pode ser erguido se chover ou nevar, ou, até mesmo, para manter a temperatura.

Já no quarto, foi colocada uma plataforma para dormir feita de madeira de pinheiros colhidos localmente e coberta com pele de carneiro, cobertores e almofadas de lã. No banheiro é possível encontrar uma banheira rebaixada, que é cercada por pedras pretas de rio. Para seu abastecimento, foi extraída a água de um aquífero da região montanhosa do deserto.

A riqueza da cultura local, o reaproveitamento de materiais e o uso da tecnologia também estão presentes em objetos da casa. As maçanetas foram feitas de plástico, moldado a partir de latas de alumínio coletadas na beira da estrada do deserto. E os utensílios de cozinha, que também foram impressos, são feitos de argila, que lembram a cerâmica tradicional do Novo México.