Básico e primordial. Em Santa Catarina, Banco da Família oferece microcrédito com foco no saneamento. Crédito cresceu 16,5%.
Em Santa Catarina, o Banco da Família oferece linhas de microcrédito para desbancarizados e trabalhadores informais para promover moradia digna. No cerne deste objetivo, um espaço tem papel estratégico: o banheiro.
Embora possa parecer uma melhoria pequena, os dados mostram que não se trata de um mero detalhe. Segundo o Instituto Trata Brasil, mais de 5 milhões de brasileiros não têm banheiro adequado em casa: são mais de 16 milhões de pessoas sem banheiro.
Embora o saneamento básico seja uma das infraestruturas fundamentais para a qualidade de vida da população e para o desenvolvimento sustentável, esse número se soma aos 35 milhões de cidadãos que não têm acesso à água potável e quase 100 milhões que não têm coleta de esgoto. Segundo estimativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), 65% das internações infantis são causadas por falta de tratamento de água e esgoto.
O tema é caso de saúde pública e também um dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, mas envolve diversos desafios, como pontua Estela Alves, mestre em Arquitetura e Urbanismo, e Luana Pretto, mestre em Engenharia Civil e CEO do Instituto Trata Brasil, no episódio 42 do podcast Habitability.
O Banco da Família nasceu em Lages, em Santa Catarina, mas já ampliou a operação para mais de 200 municípios na região Sul.
O desenvolvimento da BF Saneamento, linha específica oferecida pela instituição, foi feita em parceria com a ONG Water.org e opera desde 2017. A instituição libera créditos entre R$ 500 e R$ 10 mil para famílias instalarem melhorias nos imóveis já estabelecidos, com pagamento financiado em até 36 meses.
Desde 2016 já foram liberadas R$ 37,4 milhões, beneficiando 9.867 famílias e mais de 39.468 pessoas, indicou o banco em fala para a Abcred. Do ano passado para este, o crédito voltado para construção de banheiros, fossas sépticas e abastecimento de água para pequenos imóveis cresceu 16,5% para R$ 9,71 milhões. O recurso foi dividido com mais de 2 mil famílias na região sul do Brasil.
O valor médio dos contratos giram em torno de R$ 5,3 mil. Segundo reportagem do UOL, 21% das transferências de crédito que o banco fez em 2022 foram realizadas para contas de terceiros, já que parte dos recebedores não têm contas oficiais.
Segundo a presidente do Banco da Família, Isabel Baggio, 85% dos clientes são trabalhadores informais. “Eles têm dificuldade para acessar o sistema bancário tradicional por não conseguir comprovar renda”, disse a executiva ao UOL. No país, há 50% de trabalhadores informais, de acordo com dados do Fundo Brasil e Direitos Humanos.
