Torre purificadora de ar alia design, arquitetura e tecnologia para “limpar” poluição

Desenvolvida pelo escritório Studio Symbiosis, a torre purificadora de ar "limpa" a poluição em até 350 metros ao seu redor.

Por Redação em 23 de julho de 2024 4 minutos de leitura

torre purificadora de ar
Foto: Reprodução/Site Verto

A poluição atmosférica nas cidades é um problema que afeta a todos, causando milhões de vítimas a cada ano. Mas e se pudéssemos limpar a “sujeira” do ar da mesma forma que limpamos o chão de nossas casas? Essa visão futurista está se tornando realidade graças a um estudo de simbiose urbana que apresentou o Verto, uma espécie de torre purificadora de ar com seis metros de altura.

Inventado pelos arquitetos Amit e Britta Knobel Gupta e desenvolvido pelo escritório de arquitetura Studio Symbiosis, o Verto nasceu após o casal se mudar de Londres, na Inglaterra, para Nova Déli, na Índia. Ao chegarem na capital indiana, foram confrontados com um problema alarmante: uma poluição atmosférica de uma magnitude que nunca haviam presenciado. 

Um estudo publicado pela revista médica The Lancet revelou que somente em 2019, a poluição do ar foi responsável pela provável morte de 1,6 milhões de pessoas na Índia. Diante desse cenário e determinados a encontrar uma solução, Amit e Britta aliaram seus conhecimentos em design e arquitetura para criar uma torre que não apenas purificasse o ar, mas também servisse como uma obra de arte urbana. 

E funcionou! Com seu design moderno, curvo e aerodinâmico, o dispositivo de 5,5 metros de altura permite que o ar passe através de múltiplas aberturas na estrutura, reduzindo eficientemente os níveis de dióxido de nitrogênio e partículas finas. 

Os ventiladores empregam inteligência artificial para direcionar o ar para os tubos de filtragem, capazes de purificar até 600 mil metros cúbicos por dia. De acordo com os fabricantes, cada torre pode purificar o ar em um raio de 200 a 500 metros em ambientes fechados e de 100 a 350 metros em ambientes externos, variando conforme a direção do vento e outros fatores ambientais.

Torre purificadora de ar em 360 graus

O nome Verto vem das palavras grega e latina que significam “girar”. Ele utiliza um design de 360 graus que cria diferenças de temperatura e pressão entre o ar que entra e o que sai. Isso gera um fluxo de ar ao redor da torre, que atrai o ar quente para dentro e o purifica. Similar aos purificadores de ar domésticos, o sistema possui um ventilador ajustável que regula a velocidade e o consumo de energia conforme os níveis de poluição do ar.

Durante o desenvolvimento do projeto da torre, o foco foi assegurar que o ar não apenas circulasse ao redor da estrutura, mas fosse direcionado eficientemente para seu interior. Esse objetivo foi alcançado através de estudos em aerodinâmica, visando maximizar a eficiência do sistema de ventilação. 

filtros torre torre purificadora de ar
Foto: Divulgação/ Studio Symbiosis

Além de priorizarem a funcionalidade aerodinâmica, os arquitetos enfatizaram a importância da sustentabilidade ambiental e da eficiência energética durante o processo de construção. O consumo de eletricidade equivalente ao de um aspirador industrial e ruído similar ao de um liquidificador de cozinha são alguns dos destaques no projeto sustentável da torre. Os filtros utilizados na torre purificadora de ar, substituídos regularmente a cada três a nove meses, foram desenvolvidos com materiais parcialmente recicláveis, contribuindo para um ciclo de vida mais ecológico do equipamento.

Avanços promissores na purificação de ar

Uma primeira torre foi instalada no berçário Sunder de Nova Delhi, tornando-se um marco significativo no projeto. De acordo com Amit em entrevista à CNN, os testes iniciais com o protótipo foram bem-sucedidos, validando a eficácia do sistema. Os próximos passos incluem negociações com as autoridades públicas para novas instalações em áreas críticas da cidade.

Os criadores do equipamento estão confiantes de que a torre pode ser fabricada em larga escala e distribuída por diversos pontos da cidade, com um foco especial em parques. Esses locais são frequentados por um grande número de pessoas e são ideais para promover a saúde e o bem-estar da população. “Acho que as torres podem ser instaladas em parques e praças públicas, onde as pessoas passam um tempo de qualidade ao ar livre”, disse Britta. Ela também destacou a importância de considerar a instalação dessas torres em áreas frequentadas por pessoas em situação de rua.

O Studio Symbiosis está convencido de que a instalação de 100 torres poderia ser o bastante para purificar completamente o centro de Nova Delhi. Nos Estados Unidos, algumas empresas já estão considerando o uso desses equipamentos para filtrar o ar em canteiros de obras, enquanto potenciais compradores da França, Nova Zelândia e Uzbequistão estão estudando a possibilidade de implementar essas soluções em seus próprios territórios.

Totem que purifica o ar no Brasil

o boticario toten com purificacao de ar
Foto: Divulgação/O Boticário

Recentemente, no Brasil, uma campanha da empresa brasileira de cosméticos O Boticário capturou os olhares ao divulgar um de seus produtos por meio de iniciativas sustentáveis de purificação do ar. Em vez de erguer uma torre purificadora de ar em São Paulo, como feito na Índia, a empresa transformou um ponto de ônibus na Avenida Paulista em uma “ilha urbana”. Equipado com um totem especial, este ponto de ônibus abrigou um sistema de purificação de ar utilizando uma técnica conhecida como gravimétrica.

O sistema opera com duas ventoinhas estrategicamente posicionadas nas extremidades do totem, que trabalham de forma contínua para aspirar o ar do entorno. Esse ar passa por um processo através de seis filtros sequenciais, projetados especificamente para capturar partículas sólidas da poluição local. Uma vez filtrado, o ar é devolvido ao ambiente, mais limpo e fresco. Para minimizar o impacto sonoro do processo, o filtro na face superior do totem é revestido com material acústico, enquanto ventoinhas frontais ajudam a regular a temperatura do motor e promovem a circulação do ar ao redor do dispositivo.

Embora a iniciativa da empresa brasileira tenha sido passageira, ao contrário do Verto, ela indica uma solução viável que poderia ser explorada por urbanistas e instituições para lidar com os efeitos da poluição atmosférica em áreas urbanas densamente povoadas, como Nova Déli e São Paulo.