Veículos elétricos vão realmente diminuir o barulho nas cidades? 

Especialista comenta sobre a mudança no cenário “sonoro” urbano com a entrada de veículos elétricos.

Por Redação em 7 de setembro de 2022 3 minutos de leitura

veiculos eletricos

Os veículos elétricos prometem menos poluição no ar, já que não usam combustíveis de combustão e não emitem gás carbônico quando estão sendo utilizados. Esses automóveis, no entanto, podem não afetar tanto a poluição sonora das cidades. Não, se a infraestrutura continuar a mesma, articula a professora, Phd em Saúde Pública da Universidade Brown, nos Estados Unidos, Erica Walker. “Se todos em todos os lugares recebessem um veículo elétrico gratuito ao mesmo tempo – e os proprietários fossem obrigados a viajar em velocidades muito baixas por estradas bem conservadas – o mundo soaria diferente. Mas isso não significa que os barulhos seriam mais baixos”, apontou ela em artigo publicado na Fast Company.

O barulho do motor dos veículos elétricos

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Erica é a fundadora do Laboratório de Poluição Sonora da Universidade Brown e explica que os carros elétricos não se diferenciam tanto dos carros a combustão em termos de som. Por mais que o motor tenha um som próprio, o que faz o carro ter um ruído incômodo nas ruas é o seu design e as condições físicas das vias urbanas.

Em média, carros que andam a 48 km/h  podem produzir níveis sonoros que variam de 33 a 69 decibéis. O intervalo, explica Erica, é a diferença entre uma biblioteca silenciosa e o barulho de uma máquina de lavar. Quando andam mais rapidamente, os carros a combustão podem emitir até 89 decibéis. “Isso é equivalente a duas pessoas gritando uma com a outra”, argumenta a pesquisadora.

Já os carros elétricos devem emitir entre 43 e 64 decibéis andando a menos de 30 km/h. A exigência é da autoridade máxima de segurança do tráfego rodoviário nos Estados Unidos para garantir que pedestres consigam escutá-los nas ruas. E, assim, evitar acidentes. Quanto mais rápido corre o carro, mais alto os sons que resultam dele. 

Os efeitos da poluição sonora urbana

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A infraestrutura das ruas é fator que afeta diretamente a poluição sonora. “Rachaduras, depressões e buracos nas piscas podem aumentar os níveis de som quando os carros passam. Comunidades de baixa renda tendem a conviver com ruas e rodovias de pior qualidade. Portanto, a falta de manutenção pode se sobrepor a quaisquer melhorias na paisagem sonora de uma comunidade que adote carros elétricos”, argumenta.

A poluição sonora contribui para problemas de saúde física e mental dos cidadãos. A exposição prolongada a ruídos altos podem afetar o sono e a audição das pessoas, bem como elevar os níveis de estresse. “A verdade é que o ruído é um estressor ambiental significativo, que afeta negativamente a saúde e o bem-estar de todos, especialmente daqueles mais vulneráveis”, diz a pesquisadora.

Nesse sentido, as cidades precisam achar formas de se tornarem mais silenciosas. Um dos caminhos, segundo Erica, é o mais simples possível: aumentar o número de ciclovias. “Muita gente pensa no ruído como um incômodo menos urgente do que outras questões ambientais, como a poluição do ar e da água. Como resultado, os governos falham em planejar o ruído, medi-lo, mitigá-lo ou regulá-lo de forma significativa”, finaliza a pesquisadora.