O trabalho remoto deixou de ser um arranjo emergencial da pandemia para se tornar um modo de vida em escala global. Hoje, milhões de profissionais espalhados pelo mundo buscam cidades capazes de oferecer não apenas boa conectividade, mas também qualidade de vida, infraestrutura urbana eficiente e espaços de socialização. Nesse cenário, algumas metrópoles despontam como polos do nomadismo digital, reunindo fatores que vão do transporte público confiável até parques que funcionam como extensão do home office.
É exatamente esse retrato que traz a pesquisa The Best Cities for Remote Work 2025, realizada pela empresa de eSIMs de viagem Holafly, que analisou centenas de cidades e listou as mais atrativas para quem trabalha de qualquer lugar. O estudo aponta uma tendência: as cidades que investem em mobilidade, áreas verdes e cultura tecnológica não estão apenas atraindo talentos, mas também redesenhando o futuro do trabalho urbano.
Ao olhar para a lista, é possível perceber que o futuro do trabalho não está apenas nas mãos das empresas ou das tecnologias digitais, mas também nas ruas, nos parques e nas políticas que moldam o espaço urbano. A grande questão que surge é: quais cidades estão realmente prontas para esse novo mundo do trabalho e o que podemos aprender com elas?
Os critérios que definem o ranking
O que faz uma cidade ser realmente boa para o trabalho remoto? A pesquisa da Holafly mostra que a resposta vai muito além de internet rápida ou aluguel barato. Para entrar no topo da lista, uma cidade precisa funcionar como um ecossistema onde diferentes peças se encaixam, como burocracia simples, mobilidade eficiente, espaços de convivência, saúde e, claro, custo de vida que não pese no bolso. A análise se apoia em cinco grandes dimensões:
- Acesso a vistos – sem entraves excessivos, a cidade se torna porta aberta para profissionais que querem fincar residência temporária.
- Vida profissional – disponibilidade de espaços de coworking, infraestrutura de trabalho adequada, transporte público eficiente e serviços de apoio à rotina do trabalhador.
- Internet móvel – velocidade, estabilidade e custo do serviço de dados, elementos essenciais para garantir alta produtividade.
- Custo de vida – equilíbrio entre aluguel, transporte, alimentação e utilidades, garantindo que a permanência seja financeiramente viável.
- Saúde e estilo de vida – acesso a serviços de saúde, segurança, áreas verdes e espaços de lazer, fatores determinantes para o bem-estar e a qualidade de vida.
Em síntese, o ranking evidencia que a atratividade urbana para o trabalho remoto depende da integração entre infraestrutura, conectividade e qualidade de vida, compondo um ecossistema que beneficia tanto residentes, quanto profissionais temporários.
Infraestrutura urbana e fatores-chave para o trabalho remoto

A pesquisa demonstra que os destinos mais bem avaliados se diferenciam pela combinação de infraestrutura urbana, oportunidades profissionais e qualidade de vida. Um dos pilares desse ecossistema é o transporte eficiente. Cidades com sistemas de mobilidade bem planejados, integrados e acessíveis, como Taipei e Tóquio, permitem que profissionais se desloquem com rapidez e segurança, seja para coworkings, reuniões presenciais ou momentos de lazer. A redução do tempo gasto em trajetos não apenas aumenta a produtividade, mas também contribui para uma rotina menos estressante e mais equilibrada.
Outro componente essencial são os espaços de coworking, que oferecem infraestrutura adequada, como internet de alta velocidade, mobiliário ergonômico e equipamentos de suporte e, sobretudo, oportunidades de interação e colaboração. A concentração de coworkings em cidades como Tóquio, que conta com mais de 200 espaços desse tipo, reforça a capacidade de criar redes profissionais e comunidades dinâmicas de trabalho remoto.
Já a cultura tecnológica funciona como catalisador desse ecossistema. A presença de hubs de inovação, comunidades de startups e políticas públicas de incentivo à tecnologia transforma a cidade em um ambiente fértil para aprendizado e desenvolvimento profissional. Locais como Amsterdã e Berlim demonstram como a integração entre inovação urbana e infraestrutura digital gera um efeito positivo para residentes e profissionais temporários.
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Por fim, a integração com áreas verdes desempenha um papel decisivo no bem-estar. Parques, praças e espaços abertos proporcionam momentos de desconexão, reduzem o estresse e melhoram as saúdes física e mental, equilibrando a rotina profissional. Amsterdam e Viena se destacam exatamente por esse equilíbrio, isto é, cidades densas, mas com abundância de verde, capazes de oferecer produtividade sem abrir mão da qualidade de vida.
Top 3 cidades do mundo para trabalhar remotamente
No ranking, Taipei, Bangkok e Praga ocupam as três primeiras posições, destacando-se por oferecer equilíbrio entre produtividade, custo de vida e bem-estar.
1. Taipei

A capital de Taiwan alia infraestrutura urbana eficiente, serviços de saúde de excelência e qualidade de vida elevada, criando um ambiente que favorece a produtividade e o bem-estar. Embora não conte com uma grande concentração de coworkings, a cidade oferece internet rápida e acessível e vem consolidando uma cultura de trabalho remoto em crescimento.
Com aluguel moderado, custos de utilidades e transporte público acessível, Taipei também se apresenta como uma opção financeiramente inteligente para quem busca estabilidade sem abrir mão do conforto e da praticidade urbana.
2. Bangkok

A cidade oferece 52 espaços de coworking, internet rápida e acessível, além de transporte urbano eficiente que facilita a mobilidade diária. Com aluguel moderado e despesas gerais equilibradas, Bangkok permite que profissionais remotos mantenham qualidade de vida sem comprometer o orçamento. A cidade também se destaca pelo mix entre tradição e modernidade, oferecendo uma rotina dinâmica, rica culturalmente e inspiradora para quem trabalha à distância.
3. Praga

A capital da República Tcheca oferece internet móvel rápida e barata, transporte eficiente e baixos custos de moradia. Além disso, a cidade apresenta altos índices de segurança e serviços de saúde confiáveis, garantindo tranquilidade para quem se instala temporariamente e moradores. Com uma atmosfera europeia vibrante e culturalmente rica, Praga equilibra produtividade e bem-estar, oferecendo o melhor dos dois mundos para profissionais à distância.
O Brasil no mapa global do trabalho remoto
O Brasil também começa a ocupar seu espaço nas pesquisas que analisam quais cidades oferecem as melhores condições para nômades digitais e trabalhadores remotos. Ao longo dos últimos anos, diferentes estudos internacionais já destacaram cidades brasileiras como alternativas atrativas, considerando fatores como custo de vida, infraestrutura urbana e qualidade de vida, mostrando que o país tem potencial para competir em um cenário global cada vez mais conectado.

Recentemente, Brasília alcançou uma posição de destaque em uma pesquisa da plataforma norte-americana InsureMyTrip, sendo eleita a melhor cidade do mundo para nômades digitais. A capital federal superou destinos tradicionais como Lisboa, Madri e Buenos Aires. O estudo ressaltou a combinação de infraestrutura urbana completa, com transporte eficiente e espaços adequados para trabalho remoto, segurança, conectividade de qualidade e qualidade de vida, incluindo altos índices de felicidade entre os moradores. Esses elementos transformam Brasília em um ambiente propício tanto para produtividade, quanto para bem-estar.
Esses estudos reforçam que o futuro das cidades remotas depende de uma visão ampla de desenvolvimento urbano. Integração social, qualidade ambiental, acesso a serviços de saúde e educação, além de gestão eficiente dos recursos urbanos são fatores determinantes para que uma cidade se torne realmente atrativa para o trabalho remoto.