Alívio antecipado ajuda a reduzir vulnerabilidade climática

Agências humanitárias testam modelo de alívio antecipado para ajudar população antes de desastres climáticos.

Por Redação em 22 de agosto de 2023 2 minutos de leitura

alivio antecipado
Mulher coleta água em cidade inundada no estado de Jonglei, Sudão do Sul (Foto: WFP/Marwa Awad/ONU News)

Pagamento antecipado e direto para a população mais vulnerável pode ser a saída para evitar as tragédias humanas após desastres no clima. Agências humanitárias do norte global testam usar o modelo de “alívio antecipado”, que distribui fundos diretamente para as pessoas antes de catástrofes.

Em 2020, o Programa Mundial de Alimentos, da Organização das Nações Unidas (ONU), distribuiu US$ 50 para 145 mil pessoas, dias antes das enchentes que devastaram parte do país acontecerem. O dinheiro permitiu que as famílias tivessem tempo e recursos para se prepararem adequadamente.

Com o apoio financeiro, as pessoas conseguiram não só comprar comida, mas aumentar a fundação de suas casas, movimento decisivo na hora que as águas subiram. Um estudo da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, provou que o pagamento feito diretamente para as pessoas mais pobres resulta em menos mortes de mulheres e crianças. A pesquisa foi feita com 7 milhões de habitantes de 37 países em desenvolvimento. 

Alívio antecipado: um papo meteorológico

Sistema de alerta de inundação

Para agir antecipadamente, a ONU se baseou em dados oficiais de previsões climáticas. Ao usar os sistemas de alerta precoce e avanços tecnológicos da meteorologia, a ação antecipatória “maximiza a janela de oportunidade entre o momento da previsão e a chegada do choque previsto para desencadear intervenções que evitem ou mitiguem impactos humanitários iminentes”.

Em vez de se preocupar apenas em atender as necessidades urgentes, as ações humanitárias conseguem focar em analisar riscos e vulnerabilidades. Em outras palavras, não é possível evitar chuvas, ciclones ou secas, mas dá para evitar que as pessoas morram devido a tais catástrofes.

A movimentação é essencial em um momento em meio a um caos climático iminente. Segundo a Organização, metade da humanidade já está em zona de perigo climático. No entanto, um terço da população mundial ainda não tem cobertura de um aviso prévio para desastres do clima. 

Pagamento antecipado também para o futuro

O caso de Bangladesh foi emblemático. De acordo com relatórios, as crianças das famílias que receberam tais benefícios tinham três pontos percentuais a mais de probabilidade de consumir três ou mais refeições. “O dinheiro foi gasto principalmente em comida e água, e as famílias tratadas tiveram 10 pontos percentuais menos de probabilidade de passar um dia sem comer durante a enchente”, indicou o documento do Centro para Desastres do Reino Unido.

Os efeitos positivos foram sentidos meses depois do apoio. Segundo pesquisadores da Universidade de Oxford, três meses mais tarde do pagamento, as famílias seguiam se alimentando melhor e com as finanças mais equilibradas.