Cities Skyline II: exercício de cidadania em forma de game

Recém-lançado, o simulador de construção de cidades permite que jogador exercite sua cidadania encarando os desafios do planejamento municipal

Por Redação em 15 de dezembro de 2023 4 minutos de leitura

City Skylines II
Foto: Divulgação/Paradox Interactive

O que fará bairros residenciais florescerem, mas sem eliminar o movimento da região central? É possível atender a todas as necessidades dos cidadãos sem comprometer o orçamento da cidade? Estas são perguntas que permeiam o “Cities: Skylines II”, um recém-lançado simulador de construção de cidades. 

Continuação do game homônimo publicado originalmente em 2017, o jogo é um verdadeiro exercício de cidadania e coloca na mão do jogador decisões que permitem o crescimento estratégico do município, viabilizando soluções para o cotidiano. No jogo, tudo depende do gamer, desde a criação da fundação da cidade, passando pela infraestrutura, até chegar às políticas públicas. 

A brincadeira começa a partir de uma área próxima a uma estrada. O jogador possui uma quantidade de dinheiro. É preciso, então, criar um plano diretor, com zonas residenciais, industriais e comerciais, além de inserir serviços básicos, como energia elétrica, água e esgoto. À medida que a cidade cresce, novas melhorias vão sendo desbloqueadas, por exemplo, delegacias, escolas, bombeiros, sistemas de gestão de resíduos e edifícios governamentais.   

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O jogador controla a tributação, os serviços públicos, o transporte; gerencia o orçamento e ainda tem de ficar de olho na saúde, na taxa de emprego, poluição (terra, água e ruídos), o fluxo de tráfego e outros fatores. O acúmulo de dinheiro permite que o jogador compre terrenos vizinhos. E, tal como a realidade, a cidade não precisa seguir um plano de grade com estradas retas de largura limitada e quarteirões geométricos. “Se pode sonhar, você pode construir”, diz o lema do game. 

No entanto, assim como uma cidade real, que nunca descansa, tudo pode mudar de forma lenta e gradual, ou repentina e inesperada. E é nessa hora que as coisas fogem dos planos iniciais e é preciso pensar rápido, para que a cidade não entre em colapso. 

Ação e reação

City Skylines II
Foto: Reprodução/Steam

Desenvolvido pela Colossal Order e publicado pela Paradox Interactive, o game mostrou o quanto pessoas estão dispostas a criar a “cidade dos sonhos”. Em sua versão original, o game havia vendido 6 milhões de cópias até 2019. Na ocasião, haviam sido criadas mais de 39 milhões de cidades simuladas, com uma população total combinada de 2,3 trilhões de pessoas. 

A inserção posterior de rotinas de dia e noite, clima e desastres naturais, vieram de encontro ao desejo dos jogadores que queriam administrar variáveis mais reais. Elas tornaram o game ainda mais desafiador, com o jogador controlando sistemas de alerta, rotas de emergência, planos de evacuação e maneiras de reconstruir sua cidade após o incidente climático.  

Foto: Reprodução/Steam

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Em fóruns, o gerenciamento de serviços de coleta de lixo parece ser um grande desafio, bem como os aterros sanitários. Em princípio, a dinâmica soa simples: o jogador compra um aterro, o coloca em um local favorável e espalha lixeiras pela cidade. No entanto, é preciso assegurar que caminhões de coleta circulem de maneira eficiente, além de ficar de olho no crescimento da cidade versus o tamanho do aterro ou, ainda, investir em uma usina de incineração. Tarefas ingratas, ainda que nobres. 

Não há dados sobre as principais escolhas dos jogadores. Mas, dicas de gamers encontradas na web nos dão pistas de como seria a cidade ideal. Muitos sugerem a inserção de ruas largas, principalmente próximas a prédios públicos, como hospitais, bombeiros e delegacias. Além disso, priorizam um sistema de distribuição de água com planejamento que reduza o custo de colocação da tubulação, o uso de torres de energia para transferir eletricidade por longas distâncias; a construção de parques eólicos e de outras fontes de energia renovável, e plantação de árvores e implantação de parques para reduzir a poluição sonora. Outro ponto relevante seria a instituição de uma política de impostos mais baixos, para manter em alta a satisfação da população.    

Jogadores também sugerem que todos fiquem de olho nas zonas industriais e comerciais, garantindo trabalhadores suficientes e bons transportes para estas regiões. As variáveis são tantas que encontrar um equilíbrio correto não é fácil.

Cidades que ganham vidas, dentro e fora do Cities Skyline II

City Skylines II
Foto: Reprodução/Steam

Fora do jogo e para além do voto, é possível que todo cidadão tenha voz ativa na construção da sua cidade. Listamos a seguir algumas possibilidades, citadas pelo Politize!.

Como exercer cidadania no seu município?

  • Conheça os conselhos temáticos – saúde, educação, meio ambiente etc – da sua cidade e participe de algum deles. 
  • Participe das reuniões do Orçamento Participativo, para que suas propostas entrem no orçamento do município. Mas, caso não haja um OP em sua cidade, procure a Câmara dos Vereadores e converse com um deles sobre as necessidades coletivas.
  • Acompanhe audiências públicas. Elas ocorrem por diversos motivos, por exemplo, para a elaboração do orçamento público, planejamento urbano e criação de licenças ambientais.
  • Monte um grupo que acompanhe as sessões legislativas e monitore de perto o trabalho dos vereadores.
  • Participe de conferências temáticas. Elas costumam ocorrer a cada dois anos e têm o objetivo de debater e elaborar propostas de políticas públicas nas áreas de direitos humanos, educação, saúde, igualdade de gênero, segurança pública, meio ambiente e assistência social. 

Além de tais iniciativas, ainda é possível ficar de olho em serviços de informação ao cidadão e portais da transparência; fazendo mobilizações sociais e coletivas para provocar melhorias na cidade, articulando grupos de estudos; participando de campanhas de abaixo-assinado; integrando lideranças estudantis e participando de manifestações.