Na edição realizada em Sharm El Shikh, no Egito, de 6 a 18 de novembro, a COP-27, que já foi espaço para o debate sobre as metas de redução de emissão de carbono, traz a pauta social para a frente dos palcos. A COP-27 fala sobre pessoas! A Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas deste ano vai lidar mais com as implicações sociais da crise do clima, focando em como os países e entes privados podem fazer para mitigar os riscos das populações vulneráveis.
Relatórios do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC, em português, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) mostram que a crise climática é realidade e os eventos drásticos no meio ambiente já estão acontecendo com mais frequência. É o caso das enchentes que o Brasil viu este ano e das ondas de calor na Europa. Outras pesquisas, essas feitas nas capitais do Brasil, mostram que negros e pobres são os mais expostos a riscos com a catástrofe climática.
COP-27 , a “COP dos vulneráveis”
As discussões sobre investimento em tecnologia de descarbonização seguirão na COP-27, com foco em como os países e as empresas já estão aplicando as metas que prometeram nas reuniões passadas. Temas como segurança alimentar, segurança das águas e o efeito da sustentabilidade nas comunidades vulneráveis serão apresentados nas mesas de debates diárias durante a Cop. “Está claro que não basta apenas investir em processos de redução de emissões para combater as mudanças climáticas. É preciso abordar a adaptação de cidades e estruturas para os eventos extremos que se anunciam. E para os impactos sobre os quais não há possibilidade de adaptação, como perda de biodiversidade e aumento do nível do mar, são necessários fundos internacionais para perdas e danos”, afirmou a colunista do UOL e especialista em economia circular, Mara Gama, em texto publicado no portal no começo de outubro.
Também no início de outubro, a ONU lançou o primeiro relatório que estuda ações de apoio para vulneráveis na crise climática. Neste documento, a Organização lista possíveis formas de mitigar o efeito da mudança do clima para as pessoas. Entre os pontos indicados estão: educação da população, sistemas de aviso e rapidez nas respostas humanitárias. “Embora os impactos do calor extremo sejam globais, comunidades vulneráveis – como trabalhadores agrícolas, por exemplo – estão sendo empurradas para essa ‘linha de frente’ da crise, sendo impactadas desproporcionalmente pelo fenômeno. Da mesma forma, idosos, crianças e mulheres grávidas e lactantes enfrentam maior risco de doença e morte”. “Por isso”, destaca o relatório, “as populações isoladas e marginalizadas devem ser uma prioridade no recebimento dos investimentos”.
“Na COP 27, pediremos aos líderes mundiais garantias de que esses investimentos cheguem às comunidades que estão na linha de frente da crise climática. Se as comunidades estiverem preparadas para antecipar os riscos climáticos e equipadas para agir, evitaremos que eventos extremos se transformem em desastres humanitários”, defendeu o secretário-geral da Cruz Vermelha, Jagan Chapagain, em entrevista ao site da ONU.
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