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Digitalização imobiliária facilita a aprovação de projetos
Tida como “questão de sobrevivência” por especialistas do setor, a digitalização imobiliária avança em frentes múltiplas.
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Redação em 4 de fevereiro de 2022 4minutos de leitura
A digitalização é questão de sobrevivência para empresas do setor da construção, segundo os especialistas do setor. Um deles é Celso Petrucci, presidente da Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Em um debate realizado em setembro de 2021, ele argumentou que as pesquisas setoriais mostram o crescimento exponencial na jornada do comprador com participação de novas tecnologias.
“Hoje para se destacar na área de vendas é preciso acompanhar a evolução de diversas tecnologias, pois a alta nos números de vendas online já é uma realidade”, afirmou.
Dados da Brain Inteligência Estratégica confirmam isso: 8 em cada dez empresas grandes do setor não sentiram a queda em seus negócios durante a pandemia, justamente porque se preparam digitalmente.
A mesma tendência foi apontada por Luiz Antônio Nogueira de França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em entrevista ao Estadão Imóveis, em junho de 2021. Ele avalia que o Brasil deve seguir o modelo de desburocratização e eficiência dos Estados Unidos, onde é possível fazer uma transação imobiliária 100% online. [Veja aqui também entrevista de Luiz Antonio França ao Habitability]
“Um russo poderá vender para um brasileiro, cada um em seu próprio país, com documentos assinados por meio de smartphones. O dinheiro será transferido e o negócio fechado de maneira objetiva, incluindo uma vistoria no imóvel para ter certeza de que ele está nas condições de venda em que foi anunciado”, declarou De acordo com França, uma das principais transformações foi a capacidade de fazer contratos de maneira virtual, incluindo a entrega dos documentos em cartório por meio de transferência direta de arquivos, o que agiliza o processo legal. “Qual é o desejo de qualquer pessoa quando procura um imóvel? Fazer todos os trâmites burocráticos o mais rápido possível para mudar. Agora na pandemia isso tem um valor muito grande e o que a gente espera é que esse avanço não pare, que a gente não retorne aos mesmos modelos passados. Muito pelo contrário. Que o setor vá buscar outros níveis de eficiência, a exemplo do que temos em outros lugares do mundo”, destacou.
Cartórios devem fazer parte da digitalização imobiliária
A opinião dos especialistas citados pode ser confirmada também por decisões recentes como a criação da plataforma online que vai unificar registros públicos de cartórios no Brasil. Trata-se do Sistema Eletrônico dos Registros Públicos (Serp), que deve integrar os registros dos mais de 10 mil cartórios do País, incluindo informações sobre imóveis, títulos e documentos civis de pessoas naturais e jurídicas. O texto, elaborado pelo Governo Federal, estipula que o prazo para a implantação é até 31 de janeiro de 2023, sendo que o processo será custeado pelos próprios cartórios.
De acordo com a Agência Brasil, a ideia é que o Serp permita que usuários de serviços de cartórios acessem diretamente a plataforma para solicitação de uma série de serviços ou checagem de informações sobre registros, como bens móveis e imóveis, emissão de certidões, entre outros. A busca por essas informações poderá ser feita por meio dos número de matrículas de imóveis e outros registros, além de CPF e CNPJ. Pela medida provisória (MP), os padrões e requisitos técnicos e jurídicos de documentos, além de funcionalidades da plataforma e seu cronograma de implementação, serão definidos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A digitalização integrada nos cartórios – uma das pontas que envolve várias aprovações no setor imobiliário – vem sendo acompanhada da transformação digital de quem fiscaliza e aprova. A prefeitura de Macapá é um exemplo, ao tornar-se a segunda capital do País a ter processos digitais de ponta a ponta. Dentro da Secretaria de Habitação e Ordenamento Urbano, onde a plataforma já funciona, a aprovação de um projeto de obras, que demorava quase dois meses, agora pode ser feita em apenas cinco dias.
Hoje, para fazer o cadastro imobiliário, o morador da capital do Amapá precisa dos documentos digitalizados para dar entrada pelo site, abrir o processo online e desenvolver todos os trâmites. Depois, todo pedido é analisado dentro de um “sistema mãe” criado pela própria Prefeitura, que realiza o agendamento das obras, a legitimação do lote e as consultas informativas. A plataforma é 100% na nuvem e todas as melhorias são entregues a todos os setores ao mesmo tempo, sem custo adicional.
Já em São Paulo, uma parceria entre a Prefeitura da capital e a Abrainc viabilizou o uso de um software que agiliza os processos burocráticos na área imobiliária. A associação uniu-se ao Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Comerciais e Residenciais de São Paulo (Secovi-SP) e ao Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) para doar a plataforma Aprova Digital, estimada em R$750 mil. A licença será de uso perpétuo, com o compartilhamento do código fonte do software, que, no futuro, poderá ser atualizado pela própria Secretaria Municipal de Licenciamento e Urbanismo.
Do lado do cidadão, as iniciativas de governo eletrônico também são muito bem recebidas. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) tem acompanhado o assunto por meio de pesquisas e avalia que há espaço no Brasil para a ampliação do serviço público digital. O levantamento mais recente da entidade – divulgado em março de 2020 – mostra que 86% dos brasileiros já se sentem adaptados ao mundo digital. A pesquisa ouviu 13.250 entrevistados e foi a maior do gênero já feita na América Latina e Caribe. Entre as vantagens reportadas pelos brasileiros ao optar pelos serviços públicos digitais, 46% destacam a economia de tempo e 29% elogiam o fato de não terem de se deslocar até a repartição pública.
O estudo também aponta que a satisfação com os serviços públicos digitais supera amplamente os níveis de insatisfação, nos três níveis de governo. Ainda assim, destaca que há margem para aperfeiçoamento e espaço para aumentar a divulgação desses serviços, visto que há diferenças importantes de conhecimento entre as três esferas governamentais. Dados de outras pesquisas do BID mostram que uma transação digital custa 5% de uma operação equivalente presencial. O suporte online também é mais rápido: na América Latina, processar um trâmite público requer, em média, 5,4 horas; digitalmente, o tempo necessário são 30 minutos.
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