Novas águas: Paris vai permitir volta de banhistas ao Rio Sena

Jogos Olímpicos vão estrear o uso do Rio Sena por banhistas, após um século. Novidade é possível graças ao sucesso do plano de despoluição.

Por Redação em 4 de outubro de 2023 2 minutos de leitura

rio sena

Como resultado do processo histórico de despoluição, Paris passará a permitir pessoas nadarem no rio Sena. A volta do emblemático Rio à programação de lazer da cidade vai começar com as competições de natação no ano que vem, nos Jogos Olímpicos. A partir de 2025, chegará à população em geral, rompendo um hiato de um século.

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De acordo com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, três locais das águas francesas próximas à Torre Eiffel poderão ser usados após os jogos olímpicos. Será a primeira vez em 100 anos que banhistas poderão entrar nas águas legalmente.

O projeto de regeneração das águas parisienses custou 1,4 bilhão de euros e foi realizado em seis anos. “Quando as pessoas virem atletas nadando no Sena sem problemas de saúde, ficarão confiantes para começar a voltar ao Sena”, prevê Pierre Rabadan, vice-prefeito de Paris, encarregado das Olimpíadas, em entrevista ao DW. “É a nossa contribuição para o futuro.”

Despoluição do rio Sena em Paris

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Foto: Pierre Blaché/Pexels

O projeto de despoluição do rio Sena está sendo um trabalho complexo, já que além de desinfetar as águas do Sena, é necessário reverter um processo de degradação de séculos que se acumulou nas águas parisienses.

Segundo a BBC, um dos principais problemas é o sistema único de esgoto, instalado no século 19. Tal estrutura é a mesma para os resíduos que saem de cozinhas e banheiros e o que sobra da chuva na capital francesa. Normalmente, isso flui em uma rede de túneis subterrâneos até os pontos de tratamento. Quando há chuvas muito fortes, os túneis enchem e a água poluída é jogada no rio Sena.

Para tentar deter isso, o governo francês construiu um enorme tanque de água de 46 mil metros cúbicos sob um jardim público na margem esquerda para absorver o excesso das tempestades, impedindo que o esgoto transborde.

Além disso, a cidade investiu em infraestrutura para conectar mais de 20 mil apartamentos e quase 1 mil casas flutuantes ao sistema de esgoto. Por ser uma capital centenária, Paris ainda tem prédios e casas que não têm os rejeitos tratados, que acabam sendo despejados no Sena.

Despoluição e desratização

Em 1900, o rio que cruza a capital francesa recebeu nadadores para competições dos jogos olímpicos. Havia até mesmo competições de pesca nas águas de Paris. De lá para cá, a qualidade da água decaiu a ponto de, em 1923, a cidade proibir a entrada de banhistas.

Alguns culpam a revolução industrial, mas a verdade é que desde o século 16, o rio Sena recebe restos e dejetos. Uma outra questão que a prefeitura de Paris tem que lidar para limpar as águas pluviais são os ratos da cidade.

Paris é a quarta cidade mais infestada de ratos do mundo, com uma população de mais de 4 milhões de roedores. Há preocupação com a leptospirose, doença que a urina dos ratos pode ser passar para as águas. Para isso, a prefeitura está inoculando os animais e monitorando a qualidade das águas.

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