O 5G chegou de vez nas capitais brasileiras. No final de julho, foi a vez de São Paulo receber a nova conexão para dispositivos móveis. E o que era a promessa de internet do “futuro” agora acende debates sobre a realidade: afinal, qual é o impacto que o 5G pode ter no espaço urbano?

O primeiro ponto a destacar é que o País já passava por testes de modelos de 5G antes da chegada oficial. A diferença da rede que foi colocada no ar agora é que ela é considerada o “5G Puro”, ou seja, usa uma infraestrutura unicamente dedicada para ele, sem dividir o núcleo com a rede 4G. Estimativas da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) apontam que a tecnologia 5G deve chegar a toda a população brasileira até 2029. A agência, no entanto, promete que o 5G chegará a 25 capitais até o final de agosto deste ano.
Momento de teste real do 5G
“O 5G não é apenas um G a mais. É, na verdade, uma plataforma de inovação — uma das mais importantes da próxima década —, que chega com a capacidade de transformar a sociedade, as empresas, os modelos de negócios e a economia do país”, disse o CEO da Ericsson para o Cone Sul, Rodrigo Dientsmann, em entrevista à Exame.
Uma das principais características da nova rede de internet móvel é permitir que a troca de dados entre servidores e aparelhos seja mais rápida. A chamada baixa latência, ou melhor, baixo tempo de resposta, é o empurrão que os dispositivos conectados precisam para, de fato, deslanchar. O IoT, por sua vez, tende a ser cada vez mais usado nas cidades conectadas.
Um exemplo já está acontecendo no Brasil, no projeto chamado Conecta 5G, feito pela Quallcomm, a Nokia e a Juganu em alguns municípios brasileiros: ele utiliza a rede para conectar luminárias inteligentes em municípios, permitindo que eles monitorem os dispositivos à distância e ainda tenham antenas extras de 5G. Cidades como Curitiba já estão rodando o projeto.

“O 5G vai impactar todas as esferas da sociedade. Pense em um mundo onde não apenas as pessoas, mas todos os objetos estarão conectados: veículos autônomos se comunicarão com rodovias inteligentes, permitindo viajar com segurança; câmeras de vigilância terão inteligência para detectar comportamentos suspeitos sem intervenção humana; alunos farão cursos baseados em realidade virtual, vivenciando experiências muito próximas daquelas que terão na realidade”, disse Luiz Tonisi, presidente da Qualcomm para a América Latina, em entrevista ao Portal da Indústria.
Veja também o episódio 09 do podcast Habitability:
Inteligência artificial e mais rapidez na ponta
“Poderemos conectar infindáveis dispositivos em uma rede, trafegando uma quantidade de dados muito grande, com um consumo de bateria muito menor, o que vai possibilitar aplicações de inteligência artificial, rodando em nuvem, e não mais localmente, no próprio dispositivo, o que reduz o tamanho e a complexidade dos mesmos. Isso não seria possível com outra tecnologia. É uma abertura de possibilidade de tudo estar conectado no futuro”, disse o diretor de tecnologia da Bosch, Marcelo Silvestrin, em entrevista à Exame.
O primeiro uso que é possível pensar com essa ligação “IA e dispositivos” é o monitoramento de índices da cidade. Existem startups norte-americanas que já fazem o monitoramento dos volumes de água distribuídas pela cidade, com foco em reduzir perdas. Há também a possibilidade da gestão remota das frotas de transporte público, bem como dos caminhões de lixo.