Quer medir o calor da cidade? Os morcegos podem ajudar!

Pesquisa coloca sensores em morcegos e cria mapa tridimensional da temperatura em Tel Aviv, Israel. Animais nas cidades podem ajudar!

Por Redação em 4 de agosto de 2023 2 minutos de leitura

morcego cidade
Foto: Tel Aviv University

Morcegos tomam a cidade para ajudá-la. Não, não estamos falando de Gothan City, mas sim, de Tel Aviv, em Israel. Cientistas usaram sensores nos bichinhos para mapear as ilhas de calor urbanas, fenômeno climático no qual certas partes da cidade sofrem com temperaturas mais altas em comparação com outros ambientes.

A pesquisa da Universidade de Tel Aviv mostrou que, durante os meses de inverno, áreas mais centrais da cidade são aproximadamente 5°C mais quentes do que nas áreas vizinhas. Além disso, os pesquisadores descobriram diferenças de temperatura que vão de 2°C até 5° entre áreas de alta densidade populacional e outras arborizadas. 

Comuns em Tel Aviv – e em outras cidades pelo mundo – os morcegos conseguem acessar espaços que as estações metereológicas não conseguem. Ainda mais porque, segundo o jornal YTNews, só existem quatro estações espalhadas por toda Tel Aviv

Morcegos na cidade contra ilhas de calor

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Foto: Stefan Graif

Para o experimento do estudo, os pesquisadores anexaram pequenos sensores de calor a morcegos frugívoros egípcios capturados em uma colônia urbana de morcegos em Tel Aviv e os soltaram no centro da cidade. Os morcegos não tiveram problemas para encontrar o caminho de volta para casa e, ao longo do caminho, mapearam as temperaturas em diferentes áreas.

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“Além disso, as estações de medição funcionam apenas perto do solo e não medem a temperatura em três dimensões”, explicou a professora da Universidade de Tel Aviv, Alexandra Chodnovsky. “Uma solução possível para isso é o uso de drones, mas essa solução tem problemas em termos de aprovações de voo para drones voadores em áreas urbanas e sua necessidade de recarregar após um curto período no ar.”

Morcegos são excelentes navegadores, além de adaptados ao ambiente urbano. O outro pesquisador que liderou a pesquisa, o zoólogo e professor Yossi Yovel, explica que morcegos podem voar por 100 quilômetros e conseguem desviar melhor das complexidades do cenário urbano do que drones. 

Dados de fontes diversas

Os pesquisadores usaram morcegos porque precisavam de um animal comum na cidade e que fosse capaz de voar longas distâncias. Morcegos frugívoros foram a solução perfeita. “A vantagem deles é que nos permitiram obter um quadro climático amplo em um curto período de tempo”, segundo a pesquisa da equipe.

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O “sensor alternativo” serviu para mostrar que as áreas mais quentes da cidade são também as mais poluídas, além de serem espaços com maior mortalidade de pessoas. O mapa tridimensional das ilhas de calor da cidade servem para que as políticas públicas sejam mais bem informadas.  

De acordo com Alexandra, a equipe de pesquisa pretende usar mais técnicas inovadoras. “Precisamos utilizar qualquer plataforma móvel que possa nos ajudar. Assim como os morcegos nos ajudaram a mapear as ilhas de calor urbanas, os pássaros podem mapear a poluição do ar urbano sem muito esforço e nos economizar muito dinheiro e anos de pesquisa intensiva.”

Yovel já está considerando outros animais nos quais os sensores podem ser colocados. “Por exemplo, se quisermos monitorar a poluição no sistema de esgoto, em vez de usar maquinário caro e complexo, podemos contar com toupeiras que estão em constante movimento ali”, disse.