Startup cria aço verde feito com eletricidade

Tecnologia de fabricação do aço verde não demanda utilização de água nas etapas, mostrando caminho para a indústria.

Por Redação em 11 de agosto de 2022 3 minutos de leitura

aco verde

O aço está na base da construção moderna, literalmente, na fundação da cidade como conhecemos hoje. A produção do material, no entanto, é responsável por 8% das emissões de CO2, um dos gases de efeito estufa, de todo o mundo. Para muitos, a resposta sustentável seria deixar de usar o material. Mas uma startup norte-americana propõe outro caminho: criar um outro tipo de aço. O aço verde, produzido com eletricidade.

Chamada Boston Metal, a startup nasceu do MIT e é presidida por um brasileiro, o executivo Tadeu Carneiro. A companhia foi citada pelo secretário de Estado dos EUA durante a Cúpula do Clima de 2021 como exemplo – e recebeu investimento do fundo verde de Bill Gates. A partir de pesquisas iniciadas em 2012, a Boston Metal encontrou uma maneira de produzir aço por eletrólise, ou seja, apenas com corrente elétrica.

Como o aço verde é criado?

Reprodução: Site Boston Metal

Para entender o que a Boston Metal faz é necessário entender como o ferro é produzido atualmente. A produção do ferro hoje em dia não é muito diferente da feita no século 19: o minério de ferro é transformado em pelotas, o carvão de coque é processado e ambos são misturados em um forno de alta temperatura. É justamente nesse processo que se concentra o maior índice de emissão de CO2.

O processo que a Boston Metal criou é o Molten Oxide Electrolysis (MOE), ou eletrólise de óxido fundido. Nele, a eletricidade substitui o carbono e consegue “separar” o ferro do minério. Tudo isso em pequenas “caixas”, sem precisar formar as tais pelotas e nem usar o forno. A tecnologia já é usada para a fabricação do alumínio e sofreu modificações para suportar a produção do ferro. 

“A tecnologia MOE substituirá toda a etapa inicial de fabricação do aço”, disse Tadeu Carneiro, o CEO da Boston Metal, em entrevista à Folha de S.Paulo.  Atualmente, 300 módulos MOE conseguem criar um milhão de toneladas de ferro, explicou Carneiro em entrevista ao site IMMining

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Carneiro também explica que o processo da Boston Metal não utiliza água e permite que “os metais sejam extraídos de rejeitos industriais e de mineração”, o que também é positivo pensando em outros materiais metálicos que não apenas o ferro.

Oxigênio no lugar de CO2

Reprodução: Site Boston Metal

Uma das promessas da Boston Metal é não só deixar de produzir CO2 na produção do ferro e do aço, como também passar a produzir oxigênio. Em entrevista à revista Ecológico, publicada em abril de 2021, Carneiro dissecou que a fórmula do MOE consegue dissolver o minério de ferro, ou melhor, o óxido de ferro, nos seus dois componentes: ferro e oxigênio. Além disso, ela deve possibilitar que a fabricação do aço seja customizada, e economicamente viável, já que poderá ser feita em espaços menores e com quantidades reduzidas de matéria-prima, diferentemente do que acontece hoje em dia na produção dos alto-fornos. 

A projeção é que em 2023 a companhia comece parte da produção comercial em pequena escala, enquanto a produção em larga escala deve acontecer em 2026. Agora, para ser merecedor do selo “carbono zero” o aço produzido pela Boston Metal também precisa rá garantir que a fonte de eletricidade das fábricas seja “verde”, já que a energia elétrica é a base de toda essa produção.