Hadrian X, o robô pedreiro que constrói casa em dois dias

Robô pedreiro passa pelos testes e amplia possibilidades de uma revolução no setor, junto a outras tecnologias que já são realidade.

Por Ana Cecília Panizza em 18 de março de 2025 3 minutos de leitura

Hadrian X, robô pedreiro
Foto: Reprodução/ FBR

Ele consegue empilhar 500 blocos de alvenaria por hora e, assim, construir uma casa em apenas dois dias. Esse é o superpoder de Hadrian X, um robô pedreiro australiano que está nos Estados Unidos, com grande potencial de revolucionar o setor da construção civil.

Desenvolvido pela empresa australiana de robótica FBR, o protótipo do robô pedreiro foi anunciado em 2015. Por meio de uma parceria entre a FBR e a CRH Ventures Americas, subsidiária de uma das maiores fornecedoras de blocos de concreto dos Estados Unidos, o robô foi enviado para território americano onde fez uma demonstração em Fort Myers, estado da Flórida, em dezembro de 2024.

Hadrian X, robô pedreiro
Foto: Reprodução/ FBR

O Hadrian X possui um braço de 32 metros que entra em operação após ser carregado com paletes de blocos. Cada bloco, de até 45 kg, é enviado por uma rampa no braço do robô e manuseado por uma pinça. Nos testes, suas construções mostraram resiliência, se mantendo inteiras mesmo após enfrentar um furacão.

Robô pedreiro, jornada em evolução

Para o arquiteto e mestre em arquitetura paramétrica pela Architectural Association de Londres Alexandre Kuroda, o Hadrian X “abre oportunidades de novas formas para serem utilizadas pelos arquitetos, ao permitir construções que sejam descritas além do plano cartesiano (uma parede pode deixar de ser reta por uma questão de método construtivo e passar a incorporar superfícies complexas graças à precisão dessas máquinas)”. 

No entanto, com base na experiência de quem trabalhou com a arquiteta Zaha Hadid, cuja trajetória é reconhecida e admirada mundialmente, fortemente conectada com a evolução digital do setor, a implantação de ferramentas como o Hadrian X em larga escala requer altos investimentos e implica riscos. “São necessárias iniciativas que testem a novidade, o que implica riscos de perdas financeiras, como tudo o que é muito novo. Tem que estar disposto a arriscar. Também é preciso formação adequada de pessoas que explorem as capacidades além das que já existem”, avalia Kuroda, que é sócio-fundador do Arqgen, startup desenvolvedora de softwares de inteligência artificial para escritórios de arquitetura, incorporadoras e construtoras. 

Alexandre Kuroda
Alexandre Kuroda (Foto: Divulgação)

Mas Hadrian não está sozinho. Outras tecnologias já são realidade na construção civil e na arquitetura e estão impactando diretamente a forma como os profissionais concebem os projetos. A modelagem paramétrica e o design regenerativo, por exemplo, são técnicas baseadas no uso de algoritmos generativos e paramétricos. “Eles permitem que arquitetos esgotem as possibilidades de projetos por meio de combinações de parâmetros e critérios de otimização, considerando objetivos como sustentabilidade, eficiência energética e estética”, explica Kuroda.

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Já a tecnologia digital twins permite criar uma réplica virtual de um edifício. “Ela facilita a gestão da construção e torna a tomada de decisão mais assertiva, reduzindo desperdícios e riscos”, frisa o arquiteto. 

Machine learning e data science para gestão de obras também estão entre as tecnologias de automação e de IA na construção. Elas utilizam grandes volumes de dados de projetos e obras anteriores e, assim, “conseguem prever gargalos e atrasos, otimizar cronogramas e até mesmo melhorar a gestão de recursos”, acrescenta Kuroda. 

Por sua vez, há ferramentas de automação no design arquitetônico que consistem em plataformas que utilizam inteligência artificial para conceber projetos de arquitetura e urbanismo. “Podemos automatizar o processo de concepção de projetos, gerando dezenas de soluções em minutos, combinando restrições urbanísticas, ambientais e conceitos arquitetônicos dos profissionais. Isso reduz consideravelmente o tempo e o custo de pré-projetos, além de ampliar as possibilidades criativas”, explica o arquiteto. 

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“Essas tecnologias inovam ao empoderar os arquitetos e urbanistas com técnicas que lhes permitem testar todas as possibilidades de projeto na suas concepções, que é o principal papel na sua difícil missão de conceber projetos de arquitetura de alta qualidade. Elas não apenas aumentam a eficiência, mas também possibilitam uma abordagem mais sustentável e densa de significados no setor da construção civil, tornando-se ferramentas essenciais para que possamos entender, manipular e conjugar tantas informações de nossa contemporaneidade”, reflete ele.