Arquitetura ainda não precisa da inteligência artificial, diz Norman Foster

Ganhador do Prêmio Pritzer e um dos percursores da arquitetura “high tech" afirma que inteligência artificial e arquitetura não se misturam.

Por Redação em 15 de junho de 2023 2 minutos de leitura

inteligencia artificial arquitetura

O uso da inteligência artificial generativa na arquitetura foi questionado pelo premiado arquiteto, ganhador do Prêmio Pritkzer, Norman Foster. O britânico, responsável por obras como a Millenial Bridge, em Londres, e o Apple Park, nos Estados Unidos, surpreendeu ao dar esta opinião, já que seu trabalho é considerado pioneiro na utilização da tecnologia.

Em entrevista à AFP, Foster afirmou que, no momento, a inteligência artificial só é capaz de “enganar”. “Vivemos em um mundo que é físico, habitamos edifícios, ruas, praças. Essa fisicalidade não pode ser replicada pela inteligência artificial”, afirmou o criador do Gherkin, prédio londrino icônico. 

Foster é um dos percursores do movimento da arquitetura “high tech”, marcada pela adoção de novas tecnologias e materiais para construir edifícios, alumínio, aço e vidro são os preferidos. As construções deste estilo costumam usar transparência para acentuar a estrutura e a função dos prédios.  

Inteligência artificial e arquitetura

Imagem: Foster + Partners

“Arquitetos não precisam de inteligência artificial”, decretou Foster. Para ele, a IA do jeito que está no momento não pode chegar no mundo físico e os arquitetos ainda precisam estar atentos à criatividade e a outros aspectos essenciais, como a luz.

Em entrevista ao The Guardian, Foster afirmou que a iluminação do sol é a base de muito dos seus projetos. “Quando comecei profissionalmente como arquiteto, acreditava apaixonadamente que, se você tivesse um raio de sol, se tivesse uma vista, seria mais feliz. A diferença agora é que isso foi comprovado cientificamente”, disse.

Para Foster, a arquitetura e a natureza são inseparáveis. O que torna ainda mais complexa a entrada da IA no setor. Para os especialistas, como a CEO da Xkool Wanyu He, ferramenta de IA para arquitetos e o uso da tecnologia na arquitetura são questões de produtividade, não de criatividade.

Leia também: Biomimética: a natureza como inspiração para a arquitetura

Cidade segundo Norman Foster

Foster pode não acreditar muito na IA, mas ele acredita em uma coisa: a cidade. Segundo o arquiteto octagenário, o futuro é inevitavelmente urbano. “Pessoas vivem por mais tempo nas cidades”, apontou Foster à AFP. 

Com ideias controversas sobre sustentabilidade, o arquiteto vê as cidades do futuro mais limpas, mais verdes, mais seguras e “mais calmas, proporcionando prazer”. Na sua visão de futuro, os prédios ficarão cada vez mais multifuncionais, conferindo aos usuários mais mobilidade e flexibilidade.