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Catástrofe climática: negros e pobres são os mais expostos a riscos ambientais nas capitais
Pesquisa do Instituto Pólis mostra que parte da população está mais vulnerável às mudanças climáticas.
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Redação em 1 de setembro de 2022 3minutos de leitura
A mudança climática constantemente é assunto de fóruns internacionais, foco de políticas públicas e objetivo de decisões empresariais. A urgência do assunto entre cientistas e especialistas é alta. Mais do que o meio ambiente, a preocupação é com os impactos diretos que a catástrofe climática terá na sociedade. Pesquisa do Instituto Pólis deixou claro quem serão os primeiros a sofrer com a catástrofe climática: negros e pobres.
O levantamento, feito nas cidades do Recife, Belém e São Paulo, conectou quais são as áreas de risco de enchentes e deslizamentos de terras com os dados sobre os moradores dessas regiões. O resultado mostrou que famílias chefiadas por mulheres, assim como cidadãos negros e com renda menor moram em bairros que têm maior chance de sofrer de catástrofes climáticas.
Uma nova verdade inconvenientesobre a catástrofe climática
As informações do levantamento do Instituto Pólis mostram uma nova verdade inconveniente que os planejadores urbanos precisam levar em conta.
No Recife, o estudo indicou cerca de 680 áreas de risco de deslizamento. A maior parte delas concentrada em regiões de mangue, onde a proporção de moradores negros é de 68%. Nessas áreas de risco, os domicílios chefiados por mulheres são 27% do total. Em Belém, o indicador se repete: nenhuma das áreas de risco de inundação e deslizamento fica em bairros de maior poder aquisitivo da cidade.
Na cidade de São Paulo, a proporção de pessoas negras em áreas com risco de deslizamento é de 55% contra 37%. As famílias que vivem em setores de risco têm uma renda domiciliar média de R$ 1,6 mil, metade da média de renda de São Paulo. Além disso, a proporção de mulheres que ganha um salário mínimo e são responsáveis pelas famílias é de 12,6% nas áreas com algum grau de risco na capital paulista.
Da cidade para o mundo
O estudo demonstrou que a população negra de Belém e do Recife foi mais acometida por doenças transmitidas por meio da água, sendo mais do que 60% do total. “ O estudo mostra que os impactos nas cidades são socialmente produzidos. Não são apenas frutos de eventualidades climáticas. Esse desequilíbrio é, em parte, a expressão da injustiça socioambiental e do racismo ambiental nas cidades”, afirmou a pesquisadora do Instituto Pólis, Ana Sanches, em entrevista à Folha de S.Paulo.
A expressão racismo ambiental tem surgido nos últimos anos para falar sobre a descriminação de populações de minorias étnicas que sofrem com a degradação ambiental. O termo foi criado exatamente para indicar que os impactos ambientais não serão iguais entre a população, seja de uma cidade ou mundial.
De acordo com relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), países em desenvolvimento e do eixo sul do mundo sofrem mais risco de sofrer com secas e aumento da temperatura. Em nações altamente vulneráveis, por exemplo, a mortalidade em decorrência de secas, tempestades e inundações entre 2010 e 2020 foi 15 vezes maior do que em países de baixa vulnerabilidade.
Entender que o fenômeno acontece e reconhecê-lo é o primeiro passo para entender que a batalha contra a mudança climática também irá abranger o planejamento urbano. “É preciso direcionar as atenções e as ações para esses grupos. São os mais afetados pelos desastres ambientais agravados pelas mudanças climáticas e que vivem cotidianamente com a falta de serviços básicos e em situações de risco”, diz o estudo do Pólis.
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