Censo 2022: Centro-oeste é região que mais cresce em população no Brasil

Agronegócio e interiorização explicam o aumento da população do Centro-Oeste entre 2010 e 2022, que cresceu 1,23% nos últimos 12 anos.

Por Redação em 14 de julho de 2023 2 minutos de leitura

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Cidade de Campo Grande

O Centro-Oeste cresceu mais do que o dobro do País em número de população. Os primeiros dados do Censo de 2022 mostram que, enquanto o Brasil teve um aumento populacional de 0,53% ao ano, desde 2010, a taxa da região foi de 1,23% no mesmo período.

A região formada por Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal teve também a maior alta em participação da população relativa do País: de 0,6% a 8% de participação no número total de habitantes do País. 

Cidades do Centro-Oeste

Cidade de Goiânia

Diferentemente de capitais como Rio de Janeiro e Salvador, que reduziram a quantidade de habitantes; e São Paulo, que teve uma alta marginal no número total da população, as capitais do Centro-Oeste tiveram crescimento populacional de dois dígitos entre 2010 e 2022. Cuiabá teve crescimento de 17,7%, Campo Grande de 14,1%, Goiânia de 10,4% e Brasília, 9,6%.

Brasília, inclusive, subiu ao posto de terceira maior cidade do País em 2022, com 2,81 milhões de habitantes de acordo com o Censo. Cidades menores também tiveram altas consideráveis, como o caso de Abdigas de Goiás, que triplicou o número de domicílios nos últimos 12 anos. 

Senado Canedo, também em Goiás, foi a cidade que mais cresceu no Brasil entre aquelas com mais de 100 mil habitantes (5,23%). O município passou de 84,4 mil habitantes para 155,63 mil. Um crescimento absoluto de 84,3% entre 2010 e 2022. No Mato Grosso, cidades como Sinop e Sorriso tiveram crescimento de mais de 65% no número de habitantes. 

Veja também no podcast Habitality: Interiorização do Brasil

Centro-Oeste no Censo 2022

Uma das principais razões para o crescimento do Centro-Oeste no Censo 2022 é o crescimento das atividades econômicas, principalmente, do agronegócio. Em entrevista à Folha de S.Paulo, o economista ex-presidente do IBGE Sérgio Besserman explica que a dinâmica socioeconômica da região teve um impacto negativo menor do que o resto do País durante a pandemia e se tornou atrativa para a migração.

“Antes, migrar para a região era uma grande aventura, mas isso mudou e virou uma referência no crescimento e geração de emprego, ao contrário de outras que estão em estagnação, seja na agricultura ou no setor de agroindústrias”, disse Carlos Eduardo de Freitas Vian, professor de economia da Esalq em entrevista à BBC Brasil.

Uma das tendências que o próprio IBGE mostrou com o Censo 2022 é a interiorização da população brasileira. Em entrevista ao Estado de S.Paulo, o professor de geografia da Universidade Federal do Mato Grosso, Cleberson Ribeiro de Jesuz, afirmou que, apesar do agronegócio ter sido um propulsor, a oferta de empregos em outras áreas e a busca por mais estrutura e qualidade de vida também explicam o crescimento do Centro-Oeste. 

“Se, por um lado, o crescimento populacional é importante para o município, por outro, gera custo e gastos muito grandes. É preciso muita articulação, que acredito que a maioria dos municípios não tem”, disse Ribeiro de Jesuz.