ChatGPT pode ser um bom guia para turismo?

A ferramenta de IA, ChatGPT é usada para turismo. Como isso pode afetar as cidades e o congestionamento nas ruas?

Por Redação em 19 de abril de 2023 3 minutos de leitura

chatgpt

A novidade da tecnologia dos últimos tempos, o ChatGPT, já está sendo usado para o setor de turismo. Mais especificamente, para planejar viagens. As rotas são feitas a partir de análise das maiores notas em aplicativos de mapas e de reviews. Os resultados são variados, mas levam à pergunta: afinal, está na hora da AI chegar nas ruas?

Para aqueles mais desavisados, o ChatGPT é a ferramenta de inteligência artificial generativa da OpenAI. A plataforma funciona como um bate-papo (daí o termo “Chat”), respondendo perguntas a partir do conteúdo que já existe na internet (daí o “GPT”). A AI Generativa, por sua vez, consegue não só replicar, como também entender e corrigir a rota, criar novos textos, áudios e imagens a partir da base de dados.

ChatGPT no turismo

Os experimentos turísticos usando o ChatGPT foram testados por jornalistas da Euronews, da CNBC e da NBC. Mas existem uma variedade de sites na web que já dão os comandos (ou promts) do que perguntar para a AI e ter as rotas como resposta.

Para o pessoal da Euronews, o plano de viagem “dos sonhos” deu errado. O roteiro conta com dois dias em Paris, dois em Roma, dois em Amsterdã, na Holanda, dois em Barcelona, na Espanha, e outros dois em Santorini, na Grécia. Cheio de referências e com horário para ir em cada uma das paradas turísticas, o planejamento é ótimo, só deixa um detalhe de lado: a viagem é feita por humanos.

O trânsito entre os lugares indicados, bem como as filas para as atrações mais famosas tirariam toda a energia daqueles que tentassem, o que deixaria as férias muito longe da viagem dos sonhos. Já a repórter da CNBC, Mônica Pitrelli, pediu apoio para criar um plano para ir a praias perto de Cingapura. Uma das localidades indicadas pelo ChatGPT como parte de Bali era, na realidade, no Canadá.  

Já a NBC foi às vias de fato e testou o plano feito em Roma. As filas gigantescas e o trânsito entre os pontos turísticos impediram a equipe de reportagem de desfrutar todos os lugares indicados pela AI. O veredito, pelo menos na viagem que a NBC News planejou: “A AI forneceu um bom ponto de partida, mas a tecnologia ainda não chegou lá. No final, um pouco de conhecimento local salvou o dia”. 

AI nas cidades

E o que isso tem a ver com as cidades? Quando o Waze, que usa um tipo diferente de inteligência artificial para operar, começou a funcionar, muitos achavam que ele não seria muito diferente dos mapas e GPSs já existentes. O resultado foram mudanças profundas na forma como os carros e as pessoas circulam nas cidades. Até mesmo em ruas pequenas de bairros antes esquecidos, que serviam de rotas alternativas, começaram a ter engarrafamentos. Nos Estados Unidos, uma pequena cidade em Nova Jersey, que ficava em uma dessas rotas para fugir de trânsito, tentou banir o aplicativo.  

O sistema usado pelo ChatGPT é a IA Generativa, o que significa que ela pode aprender com aquilo que o usuário escreve. É a experiência do Waze elevada ao triplo com consequências para todos os espaços urbanos, não apenas ruas e calçadas. 

Um exemplo, na contra-mão do guia turístico, é o site chamado Avoid-Crowds, que pediu para o ChatGPT dar ideias de como lidar com o excesso de turistas em Amsterdã. Segue a resposta: 

“Uma abordagem é limitar o número de turistas que visitam a cidade implementando uma taxa de turismo ou um limite para o número de visitantes. Isso pode ser feito exigindo que os visitantes comprem um passe ou permissão especial para entrar em certas áreas da cidade, ou limitando o número de navios de cruzeiro que podem atracar na cidade todos os dias”. 

“Outra solução potencial é incentivar os turistas a visitar áreas menos movimentadas da cidade e distribuir suas visitas ao longo do ano. Isso pode ser feito promovendo destinos alternativos dentro da cidade, como bairros fora do comum ou oferecendo descontos ou incentivos para visitas durante a baixa temporada”. E se as cidades passarem a escutar esses tipos de conselho?