Conversão de escritórios para apartamentos cresce nos EUA

A conversão de escritórios em moradias cresceu nos Estados Unidos e aponta tendência de crescimento para os próximos anos.

Por Redação em 28 de abril de 2023 4 minutos de leitura

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A pandemia da Covid-19 levou a um aumento da adesão ao trabalho remoto em todo o mundo e, como consequência, muitas empresas mudaram para modelos de trabalho híbrido ou totalmente remoto, a probabilidade de alguns edifícios comerciais ficaram vazios aumentou. Como resposta a esse cenário, tem-se a conversão de escritórios em habitações.

De acordo com um relatório da RentCafe, nos dois primeiros anos da pandemia, as conversões de escritórios nos Estados Unidos aumentaram 25%, resultando em 28 mil novas unidades convertidas em outros tipos de propriedade. Do total de conversões realizadas, 11 mil resultaram em novas unidades de apartamentos, um aumento de mais de 40% entre 2020 e 2021 – um recorde histórico segundo a RentCafe. Enquanto isso, o volume de novos apartamentos aumentou apenas 10% no mesmo período. Além disso, outras 77 mil unidades de reutilização adaptativa estão atualmente em processo de conversão.

Conversão de escritórios registrou alta nos Estados Unidos

As conversões em Washington, Filadélfia e Chicago representaram 15% de todos os projetos de conversão nos Estados Unidos entre 2020 e 2021. A capital dos Estados Unidos, Washington, registrou o maior número de conversões em apartamentos, com 1.565 novas unidades em 2020 e 2021, mais do que o dobro das entregas entre 2018 e 2019. Já a Filadélfia registrou a conversão de 1.552 unidades durante esse período, enquanto Chicago converteu edifícios antigos em 1.139 novos apartamentos.

A atividade de conversão de imóveis para moradias continuou aquecida até julho de 2022, com a conclusão e abertura de 8.300 novas unidades de reutilização adaptativa.

De acordo com a RentCafe, prédios de escritórios são de longe os mais populares para conversão. Isso se deve em parte ao surgimento do trabalho híbrido e remoto, o que abre a possibilidade de trazer de volta moradias para os centros das cidades, onde a infraestrutura existente é mais robusta e a implementação de uma visão de cidade de 15 minutos é mais viável.

Cidade de 15 minutos

A implementação do conceito de cidade de 15 minutos em áreas urbanas planejadas com base em princípios de zoneamento funcional requer a adaptação e reutilização de parte do estoque de edifícios existentes. Em Paris, por exemplo, cerca de 33% dos espaços de escritórios disponíveis estão vazios há mais de quatro anos. Com empresas reduzindo os aluguéis de longo prazo e avaliando os benefícios financeiros em relação aos novos modelos de trabalho, a conversão pode se tornar mais atraente economicamente para incorporadoras. 

A conversão desses edifícios em unidades habitacionais pode ajudar a atingir o objetivo de uma cidade mais inclusiva, dinâmica e sustentável, reduzindo o deslocamento diário das pessoas e diminuindo a necessidade de uso de carros, podendo ser uma solução viável para transformar espaços subutilizados em centros urbanos, por exemplo, em áreas mais acessíveis para a comunidade local.

Embora alguns especialistas estadunidenses apontem que projetos de reutilização adaptativa resultam em unidades residenciais de alto padrão, não contribuindo para solucionar a escassez de moradias acessíveis, a disponibilização de subsídios financeiros para a conversão de edifícios de escritórios em residências pode alterar esse cenário, auxiliando no enfrentamento da crise habitacional.

Tendência na Europa

Na Europa, a conversão de escritórios para unidades residenciais tem sido cada vez mais apoiada por várias cidades. A fim de acelerar a produção de habitações, Paris Ile-de-France Capitale Economique e Maison de l’Architecture Ile-de-France lançaram um prêmio internacional, os Bureaux-Logements, que destaca a conversão de escritórios em moradias. O objetivo é incentivar a valorização dos edifícios de escritórios vagos e enfrentar a crise habitacional, apresentando projetos exemplares de transformação. 

Em abril de 2021, a cidade de Londres anunciou planos de criar pelo menos 1,5 mil unidades residenciais até 2030 por meio da conversão de escritórios. Esta estratégia visa configurar um ambiente urbano mais resiliente para as pequenas empresas do distrito e proteger os bairros contra a renúncia de grandes empresas ao centro de Londres. 

Conversão de escritórios no Brasil

No Brasil, o mercado imobiliário também tem visto uma crescente tendência de conversão de imóveis comerciais, impulsionada, em parte, pela popularização do trabalho remoto durante a pandemia. 

Recentemente, a startup Xtay e o grupo Pedra Branca anunciaram uma parceria para transformar um prédio de salas comerciais na cidade de Palhoça/SC em um edifício de apartamentos para locação. A Pedra Branca investirá R$ 5 milhões para o retrofit de 36 salas, enquanto a startup ficará responsável pela gestão e locação das unidades em um modelo híbrido de hotel e residencial. Outro exemplo é o projeto Reviver Centro, no Rio de Janeiro. Trata-se de um plano de recuperação, cujo maior objetivo é atrair novos moradores, aproveitando as construções e terrenos existentes.

Com o aumento do trabalho remoto e a diminuição do interesse em espaços de escritórios, muitos prédios comerciais estão ficando obsoletos ou subutilizados, o que pode representar um grande desperdício de recursos. Além de ser uma estratégia capaz de minimizar essa questão, a conversão pode contribuir para a evolução do ambiente urbano, uma vez que a criação de novas moradias em áreas centrais pode levar a um maior adensamento populacional, o que, por sua vez, pode estimular o comércio local e melhorar os serviços oferecidos pelas cidades, como mobilidade, saúde e lazer.

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