O encontro, que aconteceu no dia 24 de março em Nova York, reuniu líderes empresariais com organizações e o setor público a fim de alavancar projetos de resiliência hídrica, gestão eficiente do uso da água, bem como acesso a infraestrutura de saneamento. Além disso, pretende acelerar ações de curto e longo prazo.
“Debater o tema da água é prioridade, pois a crise climática é uma realidade, com problemas como escassez e segurança hídrica, no Brasil e no mundo. Precisamos trabalhar em questões fundamentais como universalização do acesso à água potável e saneamento básico, e o setor privado tem papel fundamental nisso”, diz Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil.
Repensar a governança brasileira deve ser encarado como justiça social
Segundo Pereira, é preciso “criar alianças locais e ações eficazes para garantir o abastecimento de água para consumo, produção, geração de energia, preservação dos ecossistemas e resiliência aos eventos climáticos extremos.”
O acesso à água potável é a necessidade humana mais básica para a saúde e o bem-estar, além de ser um direito humano declarado. Mas cerca de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo ainda não têm acesso à água potável segura. Aproximadamente 40% da população mundial é afetada pela escassez de água.
Demandas da agricultura correspondem a cerca de 70% do consumo de água. E essa demanda da humanidade continua crescendo, com um aumento de consumo projetado para aumentar em mais de 40% até 2050. Somando-se a isso, aproximadamente 90% dos desastres climáticos estão relacionados à água com os efeitos do aquecimento global (degelo, aumento do nível dos oceanos, a desertificação, a alteração do regime das chuvas, etc).
Empresas precisam gerar economia circularpara enfrentar crise da água
A gestão da água ligada às mudanças climáticas agora faz parte da agenda da Plataforma de Ação Pela Água e Oceano do Pacto Global da ONU no Brasil, cujo Movimento + Água já conta com 23 organizações participantes e tem como empresas embaixadoras a Aegea e a KPMG. A ferramenta colabora para a construção de uma agenda de governança para a água e os oceanos, a fim de que as empresas sejam engajadas na economia circular, visando ações para o impacto líquido positivo da água (ODS 6 – Água Potável e Saneamento) e recuperação de recursos, em todos os materiais e produtos (ODS 14 – Vida na Água).
Além disso, no evento foram discutidos os temas ‘Water Resilience Coalition: a Experiência do Brasil e um Chamado Aberto para Líderes Empresariais’; ‘Água para Clima, Resiliência e Meio Ambiente: iniciativas, programas e projetos relacionados à água para construir resiliência e proteger os biomas brasileiros’; ‘Agenda de cooperação pela água: oportunidades de progresso e soluções transformadoras’.
O mundo ainda está um pouco longe de alcançar o acesso universal à água potável segura e ao saneamento – um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030. Cerca de 3,6 bilhões de pessoas, quase metade da população mundial, sofrem de escassez severa de água por pelo menos um mês do ano. E a mudança climática vem acentuando esses problemas. Questões que antes pareciam distantes agora estão afetando, por exemplo, pessoas na bacia do rio Colorado nos EUA , nas margens do Reno na Alemanha , na Cidade do Cabo e em pequenas cidades e vilarejos em todo o mundo. Mas os organizadores do evento e líderes empresariais demonstram estar confiantes com os esforços propostos.
Para André Salcedo, da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que também esteve no evento, as nações precisam evoluir rapidamente na distribuição e tratamento da água, sem esquecer da disponibilidade hídrica. Vale lembrar, aliás, que São Paulo é um dos estados brasileiros que mais sofrem com os impactos das chuvas. “Debater a água nesta conferência das Nações Unidas é retornar o nosso foco ao básico, ao simples, é uma jornada de reconexão com a vida, com a perenização do nosso planeta”, avalia Salcedo.
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