EUA propõem mudanças em exigências para ESG

Regulamentação vai exigir que empresas indiquem o nível de emissão de GEE em seus relatórios.

Por Redação em 26 de abril de 2022 2 minutos de leitura

 A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) propôs uma nova regulamentação para a divulgação de dados climáticos por parte das empresas. Com a alteração, as companhias abertas terão que mapear e anunciar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e os riscos relacionados ao clima em seus relatórios ESG

A regra, que está em fase de análise e pode ser aprovada nos próximos dois meses, obriga que empresas de capital aberto nos Estados Unidos coloquem não só as emissões de gases das suas atividades primárias (escopo 1) e das suas fontes de energia (escopo 2), como também de toda a sua cadeia produtiva (escopo 3), incluindo parte da cadeia que fique fora dos Estados Unidos. 

Impacto em cadeia 

A exigência de dados unificados sobre impactos climáticos já faz parte de um dos maiores desafios do ESG. O cálculo da emissão de carbono varia de acordo com as atividades de cada empresa. Ter um índice único pode ser uma medida necessária para que as companhias entendam como podem fazer para minimizar o impacto de toda sua cadeia.

A saída que a SEC encontrou, no entanto, está trazendo controvérsia no mercado norte-americano, principalmente por causa do chamado “escopo 3”, em outras palavras, a cadeia produtiva. A Câmara do Comércio dos Estados Unidos apontou que os dados ambientais são “inerentemente incertos” e as empresas não devem ser obrigadas a incluí-los em seus relatórios de uma maneira a parecer que existe uma única forma de se medir. Embora 35% das empresas norte-americanas tenham estabelecido metas de Gases de Efeito Estufa, esses planos ainda não incluem emissões de escopo 3, de acordo com dados da S&P Global.

Algumas associações pedem para que a SEC deixe de fora as emissões de escopo 3. Já para organizações que focam em mudanças climáticas, o escopo 3 é necessário. Segundo a Carbon Tracker Iniciative, por exemplo, 85% da pegada de carbono da ExxonMobil vem das emissões da cadeia de valores. 

Mudanças climáticas em foco no ‘E” do ESG

Além de exigir os detalhes sobre emissões de gases, a nova regulamentação da SEC vai exigir divulgação de dados que tragam os impactos financeiros de mudanças climáticas e os riscos que as transformações do clima podem trazer sobre o resultado das empresas. Caso a regra seja aprovada dessa forma – o que é visto como muito difícil por especialistas – as companhias teriam que entender como inundações ou secas podem ter impactos materiais reais ou prováveis sobre seus negócios. 

Para analistas da XP, as regras podem ser vistas de forma positiva porque promovem o compromisso do mercado privado com a agenda climática global, aumentam a visibilidade dos riscos climáticos e atendem à demanda de investidores.