Inovação urbana: o que as cidades podem aprender com o Venture Capital?

Escalar a inovação urbana requer estratégias de negócios e aproximação com ecossistema de startups.

Por Redação em 21 de outubro de 2022 3 minutos de leitura

inovação urbana

Em busca da agilidade e da transformação digital, as cidades podem encontrar na cartilha dos fundos de investimento de risco um guia para atingir a inovação urbana. Ações como apostar em várias pequenas empresas com agilidade, se aproximar de startups e apostar nos testes são lições que o Venture Capital (VC) pode ensinar a cidades no mundo todo.

Os fundos de VC são responsáveis por fazer investimentos de risco em empresas em seu estágio inicial, ou seja, companhias que não seriam financiadas por bancos ou por crédito direto por estarem em fase de testes. Levando o conceito para o âmbito dos municípios, estes poderiam ser espaços para inovação aberta e para o fomento de startups.

Pesquisadores como Patrick Adler e Richard Florida observaram que a tecnologia urbana já está entre os maiores ímãs para dólares de risco: Uber, Airbnb, Rappi, todas essas plataformas oferecem serviços ligados a cidades e estão expandindo o repertório do que as cidades podem fazer, de maneiras grandes e pequenas.

Inovação urbana: aprendendo com a NASA

Para atuar como os fundos de VC, as cidades precisam diversificar a forma pela qual acessam os serviços privados.

Cingapura, por exemplo, usou um fundo soberano para permitir que startups de mobilidade usassem a cidade como “laboratório vivo”. Na cidade, as empresas tecnológicas viram como os seus serviços poderiam evoluir. O governo de Cingapura também desenvolveu áreas de investimento para startups, o que ajudou a fazer um aporte na nuTonomy, companhia cuja venda gerou um ganho de US$ 450 milhões para o governo. 

A cartilha dos fundos de investimento de risco também ensina a agilizar o processo das compras públicas. Um exemplo vem da Força Aérea Norte Americana, que instaurou um “pitch day” para finalizar seus contratos. As companhias que querem vender serviços para a Força Aérea devem entrar no modelo que as startups já adotam com os fundos de VC: o pitch de 15 minutos.

Com isso, eles conseguiram não só atrair novos entrantes para contratos públicos, como também tornaram o processo mais rápido. Outro exemplo a ser seguido é a agência aeroespacial dos Estados Unidos, a NASA, que promove competição entre startups para escolher quem vai oferecer serviços. Por meio de programas de incentivo, eles oferecem apoio a pequenas empresas – que já fazem protótipos.

Muitos dos desafios da NASA utilizam o crowdsourcing, ou seja, um processo colaborativo entre startups, especialistas e a agência. Dessa forma, o time da NASA pode colaborar com startups e empresas inovadoras sem perder a exclusividade sobre as descobertas. Diversas cidades já operam em modelos de desafios, como o caso de Helsinki, que colocou o “Energy Challenge” no ar em 2019, e teve uma proposta vencedora que fará um piloto por lá e depois vai ser replicado em outras capitais da região. 

Secretaria de design?

As cidades podem ser, também, o motor direto de inovações em pequenas áreas, como na iluminação urbana. Por conseguir operar em espaços controlados, apenas algumas ruas e bairros, é possível que as secretarias municipais apliquem os modelos de escala que as startups usam, como teste rápido e interações nos serviços. 

De olho nisso, Austin e Nova Iorque criaram novas secretarias: a secretaria de design. Em Austin, a secretaria de design e entregas é responsável por unir as demandas de melhoria de serviços públicos e aplicar mudanças em diversos setores. Em Nova Iorque, além do Chief Citizen Experience Officer, há o “Service Design Studio”, que une poder público e privado para desenhar soluções para o município.

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