Loteamentos: novas demandas e protagonismo no mercado

O mercado de loteamentos apresentou crescimento mesmo durante a pandemia e testemunhou novas demandas dos compradores, sendo tema de debate no Conecta Imobi.

Por Redação em 26 de setembro de 2022 4 minutos de leitura

loteamentos

O mercado de loteamentos é um dos protagonistas no cenário da indústria imobiliária, principalmente, após a pandemia da Covid-19, que incentivou o deslocamento da população para os interiores dos estados brasileiros. Este foi o tema do painel “Loteamento: como o segmento foi impactado pela pandemia e quais as novas demandas?”, na Conecta Imobi, em São Paulo. 

Com a presença da CEO da Urba, Erika Matsumoto, do diretor geral da Tamboré Urbanismo, Marcelo Puntel, da co-fundadora e CEO da Planet Smart City no Brasil, Susanna Marchionni e a CEO do Grupo Habita Brasil, Elen Moraes, o debate partiu do crescimento surpreendente da procura por loteamento ao longo do período pandêmico, especialmente, no ano de 2020. “Nos estados, especialmente, nas grandes cidades, ocorreu esse efeito de buscar uma casa no campo. Isso também resultou em novos pensamentos no mercado, como a relevância desse produto ter algo diferente, isto é, uma placa fotovoltaica, para fazer aquecimento e diminuir custos com taxas, uma irrigação automática, além de espaços comuns mais generosos, porque as pessoas estavam buscando uma casa para dar conforto a sua família”, contextualizou Puntel. 

Novos hábitos e êxodo urbano

Diante das mudanças constantes de comportamento das cidades, dos compradores e, recentemente, da readequação das pessoas frente à pandemia, o mercado de loteamentos cresceu quase 200% durante o período, além do aumento no preço, em função do crescimento da demanda.

A necessidade de passar mais tempo em casa para fazer o isolamento social fez com que as pessoas percebessem a importância de terem mais espaço em suas residências com áreas de lazer ao ar livre, além de buscarem um imóvel que comporte um escritório, o que também impactou no preço dos produtos de alto e médio padrão.

Mas os loteamentos voltados à habitação social também sentiram os impactos. Segundo a CEO da Habita Brasil, Elen Moraes, muitas empresas de tecnologia migraram para o interior, consequentemente, levaram consigo seus colaboradores, sendo que uma parcela deles não possuía poder aquisitivo para adquirir um loteamento de alto padrão. “Realmente o loteamento de interesse social cresceu demais, porque existem pessoas que migraram, moram em residências de luxo e trabalham nestas grandes empresas, mas também há aqueles que fazem os serviços desses lugares e precisam ter uma moradia digna. Então, é preciso abranger esse público, proporcionando benefícios, sustentabilidade, bairro inteligente, segurança e áreas comuns de loteamentos luxuosos”, disse ela. 

Loteamentos com benefícios e conectividade 

A pandemia se mostrou um agente catalisador de tendências. Questões que já eram tratadas anteriormente nas criações de produtos imobiliários, ainda que de forma tímida, tal como o bem-estar, espaços amplos de lazer, áreas verdes, locais para home office e estrutura para as smart cities devem ficar cada vez mais evidentes nos empreendimentos imobiliários de todos os perfis. 

“A Urba está tentando fazer, junto com a MRV, pílulas do que é a cidade inteligente. O nosso projeto em Campinas trouxe para um bairro com 1.216 unidades, esses conceitos de conectividade. É um local que tem Wi-Fi na praça pública, sistema de câmera, ronda, associação, que oferecerá cursos e até um aplicativo para os moradores”, disse Erika Matsumoto. 

Segundo ela, tudo isso se dá pelo fato de que é preciso trazer a qualidade de um condomínio para um bairro e criar nos moradores o senso de pertencimento. Dessa forma, as pessoas começam a cuidar do bairro e da estrutura. “Eles podem falar que aquele pedaço de terra é deles, que seus nomes estão na matrícula e que podem estabelecer seus lares ali. Então, os trabalhadores também querem comprar um lote para construir a casa do jeito que desejam”, completou. 

Loteamentos viram smart city acessível 

A ideia da smart cities e a integração da cidade são conceitos que invadiram o mercado imobiliário e se aceleraram com a pandemia. Com sistemas e pessoas interagindo e usando energia, materiais e serviços na busca pelo desenvolvimento econômico e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. 

O Wi-Fi da praça pública, por exemplo, pode ser usado por todas as pessoas que moram em torno do bairro, auxiliando na promoção de educação, acessibilidade e prosperidade comunitária.  

Neste cenário, a inclusão social foi um tópico pontuado como importante pela CEO da Planet Smart City, Susanna Marchionni, ao qual o segmento de loteamento e o mercado imobiliário como um todo devem se ater.

“Quando trabalhamos com números grandes podemos conseguir fazer algo diferente e oferecer uma infraestrutura de alto padrão e conectividade ao alcance de todos. Sair do terceiro mundo significa democratizar a infraestrutura e oferecer alta qualidade para as classes A, B, C e D. Precisamos começar a pensar nas habitações sociais com um olhar voltado à conectividade, porque é indispensável”, destacou. 

União do setor imobiliário

Segundo Erika Matsumoto, para que o mercado cresça ainda mais e que as necessidades dos clientes sejam atendidas, o setor precisa se unir a fim de conseguir financiamentos estruturados ao cliente, profissionalização da área, evolução da legislação e entendimento das prefeituras. 

“Os incorporadores sabem as dores da aprovação, porque ficar em uma prefeitura por anos para conseguir realizar o empreendimento prejudica as questões sociais. A união é importante para conseguirmos ir ao poder público e começar a pedir um pouco mais de atenção”, concluiu Erika.

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