Megalópoles: como essas imensas cidades transformam o mundo contemporâneo

Até 2030 dez novas megalópoles devem surgir, impactando na economia, transporte, meio ambiente e qualidade de vida.

Por Redação em 3 de agosto de 2023 6 minutos de leitura

megalopoles

Se você mora em uma cidade grande, certamente já experimentou o caos do trânsito, a agitação constante e a falta de espaço. Mas imagine esses desafios multiplicados por milhões: essa é a realidade das megalópoles ao redor do mundo. E, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), as cidades com mais de 10 milhões de habitantes se tornarão mais comuns em um futuro próximo. Estima-se, inclusive, que dez novas megacidades deste tipo surgirão até 2030.

A realidade é que, diante disso, surgirão novos desafios, únicos e complexos, para os habitantes e governantes.

Megalópole x Megacidade

O conceito de megalópole não envolve apenas o espaço e a população de uma cidade, mas também a interligação urbana de uma região metropolitana e sua complexa ligação econômica, social e cultural. Isso se diferencia do conceito de megacidades, que se refere apenas às cidades com mais de 10 milhões de habitantes.

O que é preciso para que uma cidade seja considerada um exemplo de megalópole?

megalopoles

As megalópoles precisam ter dimensões excepcionalmente grandes e complexas, cuja influência e impactos ultrapassam as suas fronteiras geográficas. Mas, para além de ter uma grande população na região metropolitana, essas cidades gigantes se diferenciam por estarem fortemente interligadas por meio de infraestrutura e transportes. 

Para ser reconhecida como uma megalópole, a cidade deve ter características específicas, como:

  • Grande densidade populacional em um espaço geográfico relativamente pequeno;
  • Complexidades econômica e social com uma grande variedade de atividades econômicas e serviços, além de diversidade cultural;
  • Interdependência entre seus municípios, que compartilham recursos e serviços, além de estarem conectadas por sistemas de transporte e infraestrutura;
  • Altos índices de urbanização, o que pode levar a problemas como congestionamentos de trânsito, poluição do ar e falta de espaços verdes;
  • Desigualdades sociais. Apesar da riqueza e diversidade cultural, megalópoles têm áreas mais pobres ou menos desenvolvidas em contraste com áreas mais ricas e desenvolvidas;
  • Pressão sobre os recursos naturais. O crescimento urbano acelerado pode levar a um consumo excessivo de água e energia, além de criar problemas ambientais, como a poluição do ar e do solo.

Megalópoles brasileiras são áreas efervescentes de cultura, turismo e lazer

Segundo pesquisas e informações do site Observatório das Metrópoles, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte são consideradas as “cidades gigantes” do Brasil. Além da alta densidade populacional, elas possuem grande complexidade econômica e social e um alto nível de interdependência entre seus municípios. Além dessas, outras cidades como Brasília, Salvador e Recife, também podem ser classificadas como megalópoles regionais, por apresentarem características similares em termos de densidade populacional e desenvolvimento urbano.

Com o base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a megalópole Rio-São Paulo, na região sudeste do Brasil, abriga cerca de 42 milhões de pessoas, o que representa aproximadamente 23% do total da população brasileira. Essa vasta região se estende desde a Grande São Paulo até a Grande Rio de Janeiro, atravessando as áreas da Baixada Santista e Vale do Paraíba. Tal área é, notoriamente, densamente povoada e industrializada. Mesmo ocupando apenas 0,5% do território nacional, é lar de cerca de 23% da população e representa uma significativa parte das riquezas geradas pelo País.

Os principais centros urbanos que compõem essa megalópole são:

  • São Paulo
  • Rio de Janeiro
  • Campinas
  • Jundiaí
  • Piracicaba
  • Santos
  • São José dos Campos
  • Sorocaba
  • Duque de Caxias
  • Volta Redonda
  • Petrópolis 
  • Niterói

Megalópoles mundiais podem se tornar grandes centros urbanos de referência

No século XX, precisamente até 1950, dois terços da população mundial não viviam em áreas urbanas. Hoje, só em São Paulo moram 12 milhões de habitantes. 

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Nova Iorque

Além da capital de negócios brasileira, outras várias cidades compõem o panorama mundial das megalópoles. São elas: Tóquio, Nova Iorque, Cidade do México, Cairo, Istambul, Moscou e Seul. A lista também conta com inúmeras cidades indianas e chinesas, como Beijing, Chongqing, Déli, Mumbai, Shenzhen, Chengdu, Tianjin e Guangzhou.

Outras metrópoles bem posicionadas na lista de cidades gigantes são Kinshasa, na República Democrática do Congo, e Lagos, na Nigéria. O continente africano, aliás, deve ser um dos que experimentará um maior crescimento populacional urbano nas próximas décadas. 

Estima-se que na Ásia, a capital do Irã, Teerã; Ho Chi Minh, no Vietnã; Manila, nas Filipinas; Karachi, no Paquistão; Hyderabad, Chennai e Bangalore, na Índia; e Bangkok, na Tailandia, também deverão ver um aumento considerável em sua população. 

Na América Latina, além de São Paulo e Cidade do México, Rio de Janeiro, Buenos Aires (Argentina) e Bogotá (Colômbia) também é previsto um rápido crescimento populacional para os próximos anos em suas regiões metropolitanas.

Leia também: O que as cidades mais populosas do mundo têm a nos ensinar?

A maior megalópole do mundo fica no Japão

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Localizada no Sudeste do Japão, a megalópole Tokkaido possui a maior concentração urbana mundial, com mais de 80 milhões de habitantes. A cidade interliga as metrópoles de Tóquio, Osaka e Kitakyushu, além de centenas de outras cidades que compõem o seu entorno. Ela é composta pelas seguintes metrópoles:

  • Tóquio;
  • Kawasaki;
  • Nagoya;
  • Quioto (Ou Kyoto);
  • Kobe;
  • Nagasaki;
  • Osaka.

No entanto, a previsão é de que, em 2.100, Lagos, na Nigéria, assuma o topo do ranking com uma população de 88 milhões.

Veja outras cidades que configuram na lista de megalópoles no mundo:

  • BosWash: fica na região nordeste dos Estados Unidos e se estende ao longo da costa leste, desde Boston até Washington D.C., passando por cidades como Nova Iorque e Filadélfia. Com uma população aproximada de 52 milhões de habitantes, é considerada uma das maiores megalópoles do mundo.
  • Pearl River Delta: é a megalópole que abrange a região metropolitana de Hong Kong, Macau e várias cidades próximas na província chinesa de Guangdong, incluindo Shenzhen, Guangzhou e Dongguan. Tem cerca de 60 milhões de habitantes.
  • Chi-Pitts: se estende desde Chicago até Pittsburgh, nos Estados Unidos, passando por cidades como Detroit e Cleveland. Tem uma população aproximada de 46 milhões de habitantes.
  • Taiheiyō Belt: abrange a costa do Pacífico, desde Sendai até Fukuoka, incluindo as cidades de Sapporo, Tóquio, Nagoya e Osaka. Tem uma população estimada em cerca de 64 milhões de habitantes.

Além dessas, existem outras megalópoles importantes no mundo, como a Região Metropolitana de São Paulo, na América do Sul, a Megalópole Europeia, que se estende desde Londres até Milão, e a Megalópole Árabe, que abrange várias cidades no Oriente Médio.

A transformação de cidades médias em megalópoles é um processo complexo 

Várias cidades espalhadas pelo mundo já têm potencial para se transformar em uma cidade gigante. Mas, geralmente, esse é um processo que pode levar décadas – até mesmo séculos -, pois envolve um aumento significativo da população, que muitas vezes é impulsionado pelo crescimento econômico e pela urbanização.

Algumas das megalópoles mais conhecidas do mundo, como Tóquio e Nova Iorque, por exemplo, passaram por um longo processo de crescimento que durou várias décadas, enquanto outras, como Shenzhen, na China, se desenvolveram rapidamente em questão de anos, devido a políticas governamentais específicas para o desenvolvimento da região.

Chengdu, China

Mas algumas regiões já apresentam crescimento econômico e demográfico com avançado processo de expansão e urbanização. São exemplos:

  • Chengdu, na China: com uma população de mais de 16 milhões de pessoas, é a quarta cidade mais populosa da China. É o centro econômico e cultural da região sudoeste do país, e tem atraído cada vez mais empresas estrangeiras.
  • Bangalore, na Índia: também conhecida como “Silicon Valley” da Índia, é um importante centro de tecnologia e inovação no país. A cidade tem uma população de mais de 12 milhões e é considerada uma das cidades mais dinâmicas da Ásia.
  • Curitiba, no Brasil: localizada no sul do Brasil, é um exemplo de cidade média que já passou por um processo significativo de urbanização e desenvolvimento econômico. A cidade se destaca pelo seu sistema de transporte público inovador e pelas políticas ambientais progressistas.
  • Lagos, na Nigéria: com uma população estimada em mais de 21 milhões, é uma das cidades mais populosas do continente africano. É o principal centro financeiro e comercial da Nigéria e tem visto um aumento significativo no investimento estrangeiro nos últimos anos.

É importante notar que a transformação de uma cidade média em uma megalópole pode ser influenciada por uma variedade de fatores, incluindo políticas governamentais, investimentos em infraestrutura e oportunidades econômicas.

Cidades mega, desafios idem 

A mobilidade urbana, a infraestrutura inadequada, as poluições do ar e sonora, as desigualdades sociais e econômicas, entre outros, são algumas das questões a serem resolvidas nas megalópoles.

Apesar desses desafios, elas são consideradas grandes potências por diversas razões. Elas são centros culturais, econômicos e políticos importantes, atraindo pessoas de todo o mundo em busca de oportunidades de trabalho e estudo. Além disso, essas cidades são responsáveis por grande parte do PIB mundial, sendo consideradas impulsionadoras do desenvolvimento global.

No entanto, para continuarem a crescer e se desenvolver, é necessário que os governantes enfrentem os desafios das megalópoles de forma sustentável e inclusiva, garantindo qualidade de vida para todos os seus habitantes. A adoção de políticas públicas eficazes e investimentos em infraestrutura são fundamentais para enfrentar os – grandes, sabemos! – problemas e promover um crescimento urbano equilibrado.

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