Relatório propõe melhorias para mobilidade urbana de bebês e crianças

O Instituto de Transporte e Desenvolvimento lança documento com propostas de melhoria para mobilidade urbana de famílias.

Por Redação em 31 de março de 2023 2 minutos de leitura

mobilidade urbana

O artigo 16 do Estatuto da Criança e do Adolescente garante o direito de ir e vir de toda criança e adolescente. Mas as cidades estão preparadas para o acesso de bebês, crianças pequenas e pessoas cuidadoras? Mais de um bilhão de crianças vivem em ambientes urbanos e daqui a 30 anos estima-se que 70% da população mundial viverá em área urbana, o que requer que as cidades revejam e ofereçam soluções de mobilidade para este público.

Atualmente, a grande maioria das cidades não são planejadas considerando as necessidades desse grupo de cidadãos e nem as das pessoas responsáveis por seus cuidados. No entanto, já existem movimentos que visam trazer notoriedade para o assunto.  

O Instituto de Políticas de Transporte & Desenvolvimento (ITDP), por exemplo, criou – em parceria com a Fundação Bernard Van Leer – um relatório cujo intuito é dar apoio a tomadores de decisão e profissionais de planejamento urbano e transportes na missão de melhorar o acesso das mais de 80% das crianças que vivem no Brasil às oportunidades urbanas. 

Sistemas de mobilidade urbana adequados podem diminuir o estresse infantil 

Durante seus trajetos diários, as crianças e suas famílias enfrentam a escassez de opções de mobilidade e espaços públicos acessíveis, convidativos e seguros. Segundo o Instituto, a falta de ambientes urbanos confortáveis para crianças afeta negativamente o seu desenvolvimento físico, mental e cognitivo, além de aumentar o estresse das pessoas responsáveis pelo seu cuidado — como mães, pais, avós e irmãos. 

Nesse caso, é essencial a criação de ambientes mais propícios para bebês e crianças, combinados com sistemas de mobilidade que ajudem cuidadores a transitar tranquilamente, como ciclovias sinalizadas, faixas especiais e áreas exclusivas nas calçadas para a circulação de carrinhos de bebê. Vale lembrar que, para além de viagens para o trabalho, as locomoções a pé, de bicicleta ou em transporte público também são realizadas para fins de cuidado.

As cidades precisam oferecer oportunidades como bairros caminháveis 

Além de apontar as necessidades básicas para que uma família tenha uma mobilidade eficaz, o relatório também apresenta recomendações como a criação de bairros nos quais os serviços essenciais possam ser encontrados em até 15 minutos e promovam deslocamentos em transporte público de até 10 minutos.

O conceito de cidades de 15 minutos, aliás, foi criado por Carlos Moreno, cientista da Sorbonne Business School e especialista em planejamento urbano, e visa usar a mobilidade urbana para aumentar a habitabilidade. A ideia vem ganhando aplicações no mundo.

Facilitando os deslocamentos, as cidades conseguem nutrir uma conexão constante entre crianças, bebês e pessoas adultas com os espaços públicos. Para isso, é preciso a criação de ambientes seguros e estimulantes, a possibilidade da caminhada como primeira opção de locomoção (mas com outras alternativas para o transporte público) e a proximidade de serviços diversos.