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Smart cities no Brasil já é realidade fora dos eixos das capitais
Uso de dados digitais cria novas smart cities no Brasil, aponta a doutora e pesquisadora sobre Cidades Inteligentes Stella Hiroki, em apresentação no Conecta Imobi 2022.
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Redação em 26 de setembro de 2022 3minutos de leitura
Por mais que se tenha caído por terra a ideia de smart city como aquela cidade futurista, ainda é muito difícil pensar em smart cities no Brasil sem imaginar uma capital. “A cidade inteligente não precisa ser construída do zero e nem precisa ser apenas uma capital”, disse a doutora e pesquisadora sobre Cidades Inteligentes Stella Hiroki, em apresentação no Conecta Imobi 2022, onde mostrou que, para se criar uma smart city, não precisa demolir tudo e reconstruir os prédios com tecnologia e sensores, basta usar os dados que já existem.
“O smartphone que temos nas mãos e usamos todos os dias é uma das ferramentas mais poderosas para criar e construir as cidades inteligentes”, exemplificou Stella, que também é responsável pelo Smart City Talks – um canal que debate as principais tendências do mundo das cidades inteligentes.
Na visão da urbanista, uma cidade inteligente é aquela que consegue conectar as novidades digitais na gestão com a iniciativa de indivíduos empoderados por meio da tecnologia. A ação dos cidadãos, diz ela, é tão ou mais importante que as inovações aplicadas na cidade. Isso sem contar que todas as ferramentas digitais adotadas precisam ser usadas para melhorar o dia a dia dos habitantes. Assim, a cidade inteligente cria uma via de mão dupla entre espaço urbano e cidadãos, por meio da tecnologia.
Endereço para quem precisa
Uma das formas de melhorar a habitação das pessoas é por meio do endereço. Stella citou a ação do Google Plus Codes em parceria com o governo de São Paulo. Desde 2019, a Big Tech utiliza o sistema de mapeamento digital para encontrar áreas rurais remotas e dá-las um código que serve como endereço (Veja aqui também o projeto implementado em Paraisópolis, em São Paulo).
“Para os moradores, todos os espaços foram impactados, já que há uma necessidade de se ter um endereço e um pertencimento”, disse Stella. A arquiteta lembra também da quantidade de serviços habilitados a chegar nas áreas rurais a partir de um endereço formal. “Os projetos de smart cities precisam ter impacto na economia e no bem estar das cidades”, aponta.
Smart cities no Brasil, o caso de Joinville
Fora das capitais, os dados já são usados para melhorar a gestão pública. O projeto do Waze for Cities Datas em parceria com Joinville é um exemplo citado pela pesquisadora. A cidade de Santa Catarina utiliza os metadados de mobilidade do aplicativo para aplicar o projeto Smart Mobility, a partir do qual, o banco de dados colaborativo do Waze é usado para apoiar as mudanças de ruas.
A primeira ação utilizando esses metadados foi colocar uma rotatória na entrada da cidade. Com isso, o retorno para a população foi de um ganho de 72 horas por ano, já que diminuiu o trânsito da região da rotatória e das áreas conectadas ao espaço. “Cidade inteligente é aquela que olha os dados de maneira estragégica”, apontou Stella.
Na opinião da urbanista, a relação entre setor privado e público será essencial para o Brasil ter mais e mais projetos de smart cities. Ela não acredita, no entanto, nos projetos liderados unicamente por um desses segmentos. “Projetos tecnocráticos, como o Google Sidewalk, não se sustentam mais”, disse.
Outro ponto levantado pela pesquisadora foi o uso da tecnologia para reduzir a desigualdade nos bairros de cidades brasileiras menores. Nesse sentido, a criação de wi-fi comunitário, com qualidade e banda para todos é um tipo de ação própria de uma “smart city”.
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