Urbanismo open-source: a tecnologia em prol da cidadania

Urbanismo de código aberto ou “urbanismo open-source” disponibiliza planos e projetos de espaços públicos.

Por Redação em 28 de julho de 2023 2 minutos de leitura

urbanismo open-source
Foto: Elemental Studio

O urbanismo open-source já está transformando prédios e cidades pelo mundo. A tendência une tecnologia, coletividade e cidadania, a partir do uso de plataformas de código aberto para planejar e projetar espaços públicos, em conjunto com aqueles que serão mais afetados pelo próprio urbanismo: as pessoas.

O urbanismo de código aberto é definido como “uma coprodução de espaços urbanos, incluindo sua documentação de design, criada a partir do conhecimento compartilhado e usada livremente, como um bem comum”. É uma forma de conseguir que o desenvolvimento do cenário urbano atenda às necessidades de seus moradores e que elas possam ser alteradas com o tempo.

Urbanismo open-source: código e caixas abertas

Para entender o conceito, é preciso compreender o significado de “open-source”: uma plataforma que o código-fonte é aberto para todos verem. A partir dessa transparência, o código aberto possibilita que todos consultem, examinem, modifiquem e redistribuam os softwares. O modelo é descentralizado e incentiva a colaboração aberta entre partes. 

“Quando se fala especificamente em código aberto, pressupõe-se algum nível de compartilhamento voluntário de informações ou conteúdos entre usuários conectados”, disse a arquiteta, urbanista e pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ana Isabel de Sá, em entrevista à Casa Vogue

As dimensões do urbanismo open-source

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Foto: Elemental Studio

Baseado nos princípios de abertura, colaboração, modularidade, granularidade e integração de baixo custo, o urbanismo open-source contempla sete dimensões: dados abertos, software, plataformas, padrões, pesquisa colaborativa, apoio financeiro e educação. Mas o que realmente torna a urbanização de código aberto diferente de uma abordagem linear tradicional é que ela enfatiza a participação pública, desenvolve uma relação entre os moradores e a cidade e mostra como os espaços reagem às exigências de seus habitantes.

Mapas colaborativos, que usamos em aplicativos de GPS, são um exemplo prático de uma ferramenta open-source que os planejadores já utilizam. Um exemplo de urbanismo de código aberto é o Wheelmap, uma plataforma na qual as pessoas classificam um local com base na acessibilidade das cadeiras de roda. Criando, assim, um mapa que ressalta os espaços inclusivos da cidade. 

Cidade copyleft

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Foto: Elemental Studio

O urbanismo open-source pode também ser observado em alguns projetos de arquitetura, como os feitos pelo vencedor do Pritzker Alejandro Aravena. Em 2016, o criador da Elemental liberou o copyright de seus projetos de habitação social, que podem ser baixados no site do escritório de arquitetura.

O objetivo é fornecer o material para agências governamentais e incorporadoras, desconstruindo a ideia de que é “muito caro” investir em habitações sociais bem projetadas. Além disso, permite que aqueles que moram nesses espaços possam fazer alterações neles sem comprometer a infraestrutura do ambiente. 

Outro projeto, da Wikihouse, permite que todos façam download do design das casas pré-moldadas e montem seus espaços com madeira. O objetivo é compartilhar moradias sustentáveis. 

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