Árvore de algas é apresentada como solução para purificar o ar

Projeto arquitetônico testa peça de polímero como alternativa sustentável para a melhoria do ar

Por Redação em 9 de junho de 2023 4 minutos de leitura

arvore de algas
Foto: Reprodução/ EcologicStudio

Árvore de algas? Sim! Chamada Tree One, a escultura criada em 3D tem 10 metros de altura, é autossustentável e faz até fotossíntese. A peça de design criada pelo EcologicStudio é uma espécie de “árvore” feita de algas com o intuito de melhorar a qualidade do ar. Capaz de gerar material biodegradável, ela traz o vislumbre de que, futuramente, possa ser usada em áreas urbanas como uma solução sustentável para auxiliar na redução da poluição.

A árvore de algas equivale a 12 árvores maduras

A estrutura da Tree One é feita a partir de PHA, um polímero biodegradável que não agride o meio ambiente. As algas são, então, cultivadas em recipientes no topo da árvore, onde absorvem dióxido de carbono e liberam oxigênio por meio do processo de fotossíntese. Além disso, elas produzem biopolímeros, que ajudam a fortalecer a estrutura da árvore. 

A projeto de design, exibido em duas exposições apresentadas pela marca de carros Hyundai em seus estúdios na Coreia – primeiro Habitat One, em Busan, e depois Habitat One: Sustainable Shelter, em Seul, incorpora dois elementos à base de algas: o tronco, que é impresso em 3D com base em um biopolímero que a EcoLogicStudio formulou a partir da biomassa criada com microalgas colhidas; e vários fotobiorreatores que contém culturas vivas de microalgas Cyanidium incorporadas ao tronco e à base da instalação.

arvore de algas
Habitat One, em Seul (Foto: Reprodução/ EcologicStudio)

Na instalação mais recente, exibida em Seul, foram usados ​​40 desses fotobiorreatores de vidro, contendo 500 litros de culturas de algas que realizam ativamente a fotossíntese, retirando dióxido de carbono do ar e liberando oxigênio conforme crescem. Na ocasião, representantes da EcoLogicStudio disseram que a instalação tem um potencial fotossintético equivalente a 12 árvores maduras. 

Projeto utiliza IA para imaginar arquiteturas verdes e sustentáveis

Em entrevista à revista Dezeen, a co-fundadora do EcoLogicStudio, Claudia Pasquero, conta que a ideia de criar a árvore surgiu a partir do interesse de longa data no poder purificador de ar das algas, que descreve como “altamente eficiente”.

“Quando você usa um filtro mecânico, extrai elementos do ar, mas ainda vê os poluentes em algum lugar. O que acontece com as microalgas é que elas realmente se alimentam delas e, ao se alimentarem, crescem e remetabolizam e, ao crescer, produzem biomassa”, explica Pasquero.

Leia também: Um aquário no lugar de árvores? Microalgas ajudam a despoluir o ar

A EcoLogicStudio cultiva as microalgas em ambientes artificiais e as colhe a cada poucas semanas para usar como matéria-prima. Com a biomassa gerada e colhida, eles podem reutilizá-la ou transformá-las em um produto, como material ou mesmo uma fonte de alimento. Esse processo ajuda a armazenar o carbono capturado dentro da biomassa até que seja devolvido à terra para biodegradar, de maneira semelhante à madeira.

Para isso, os designers criaram um algoritmo, chamado de caminho mínimo ou rede mínima, que simulam como as fibras cresceriam nas árvores. Um outro algoritmo transformou essas fibras em dobras mais sólidas que poderiam ser extrudadas com uma linha contínua.

A inteligência artificial também foi usada para imaginar outras formas de uso para o material gerado pela árvore de algas. Dessa forma, o experimento pode prever e gerar outras ideias e trabalhos interessantes, como um playground purificador de ar para crianças e uma exposição de algas comestíveis.

Biopolímero biodegradável gerado na árvore de alga pode ser usado na arquitetura

Com a Tree One, os designers têm experimentado utilizar o biopolímero na arquitetura. Completamente biodegradável, o componente pode ser impresso em 3D e, apesar de ser bastante macio, adquire estabilidade estrutural por meio de sua morfologia. O co-fundador da EcoLogicStudio, Marco Poletto, destaca que essa é a maior estrutura que a empresa já construiu com a ideia de completar o ciclo geral de remetabolização do ar e armazenar o carbono em uma nova estrutura arquitetônica.

“A Tree One brinca um pouco com esse arquétipo da arquitetura, a coluna, que desde a antiguidade foi inspirada pela natureza, pelas árvores”, disse Poletto. “Existem ordens clássicas, e talvez tenhamos adicionado uma agora, de um tipo de coluna bio-digital.”

Segundo Poletto, o biopolímero à base de algas usado para fazer a Tree One já está adequado para o uso como revestimento em interiores ou exteriores. No entanto, a experimentação para o uso em estruturas maiores e auto-sustentáveis ainda continua.

Árvore de algas pode gerar frutos para atitudes sustentáveis na arquitetura

Foto: Reprodução/ EcologicStudio

De certo, por enquanto, é o fato que a Tree One é um experimento que, literalmente, pode vir a render bons frutos. Ao lado da escultura na exposição Habitat One: Sustainable Shelter, por exemplo, havia dois vídeos que usavam inteligência artificial para imaginar a arquitetura de cidades neutras em carbono e um “Bio Lab” educacional que explicava o processo de criação da peça. As imagens mostram o que poderia acontecer se atitudes sustentáveis fossem realmente aplicadas em toda cadeia produtiva.

“Imaginar uma cidade neutra em carbono implica a completa redefinição de todos os nossos processos de produção, construção e reciclagem de resíduos”, avalia Pasquero. “Não basta considerar a atualização de uma cidade contemporânea por meio da aplicação de novas tecnologias verdes, mas precisamos imaginar e visualizar novos processos fotossintéticos que determinarão seu futuro crescimento.”