Ilha fértil: o primeiro bairro de emissão zero de carbono

Com 3,8 mil m² dedicados à vegetação, pomares e hortas, o bairro de Paris oferece barreiras contra poluição e um habitat para a biodiversidade.

Por Redação em 25 de julho de 2024 4 minutos de leitura

bairro de emissao zero de carbono
Foto: Divulgação/Linkcity

Paris, conhecida por suas ruas sinuosas, cafés charmosos e edificações seculares, está se transformando para atender às demandas de sustentabilidade do século XXI. A cidade tem fechado grandes vias ao tráfego de carros e ampliado redes de transporte público para reduzir sua pegada de carbono. Além disso, parques urbanos estão sendo revitalizados e iniciativas de plantio de árvores e jardins comunitários estão florescendo. O mais recente destaque desse compromisso sustentável é o L’îlot Fertile (traduzido como “a ilha fértil”), o primeiro bairro de emissão zero de carbono, projetado pelo escritório de arquitetura e urbanismo TVK.

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Fruto do concurso público “Reinventando Paris”, lançado pela prefeitura da cidade, o projeto visa à criação de uma nova paisagem urbana com um extenso jardim integrado. O empreendimento ocupa uma área de 35,2 mil m² e consiste em quatro edifícios compactos, além de terraços espaçosos totalizando cerca de 1,5 mil m².

O complexo abriga uma variedade de espaços residenciais e comerciais, incluindo 118 apartamentos, uma residência estudantil com 164 unidades, um albergue, um hotel e um alojamento para jovens trabalhadores com 159 unidades. Além disso, há lojas, escritórios, uma incubadora para startups e uma horta comunitária. Destacam-se no local áreas dedicadas a árvores frutíferas e hortas, beneficiadas pela entrada de luz natural. 

Bairro de emissão zero de carbono conta com tecnologia avançada 

Uma das principais estratégias adotadas no L’îlot Fertile é a busca pela emissão zero de carbono, alcançada por meio de uma combinação de tecnologias inteligentes, equipamentos de ponta e energia renovável, aliados a um compromisso coletivo com a sustentabilidade. Prevê-se que o consumo energético nas edificações seja até quatro vezes menor que de construções convencionais.

Para atingir a ambiciosa meta, o complexo adota estratégias bioclimáticas avançadas, como uma rede elétrica inteligente entre os edifícios, sistemas de recirculação de água e mais de mil m² de painéis fotovoltaicos. Além disso, coberturas biossolares e áreas vegetadas desempenham um papel crucial ao combinar a geração de energia limpa com a preservação da biodiversidade local.

bairro de emissao zero de carbono
Foto: Divulgação/Linkcity

Além das estratégias de eficiência energética, o L’îlot Fertile também se destaca pela adoção de materiais de baixo impacto ambiental. Com a utilização de 10 mil m² de pedras locais e concreto de baixo teor de carbono, o projeto não apenas reduz significativamente as emissões, mas também promove a valorização dos recursos regionais. Ademais, os materiais usados na construção foram reutilizados, bem como os resíduos gerados nas obras. Dessa forma, a gestão dos resíduos de construção evidencia a valorização dos princípios da economia circular, tornando o empreendimento uma referência em sustentabilidade urbana.

bairro de emissao zero de carbono
Foto: Julien Hourcade/TVK/Reprodução

Dentro dos limites do projeto, uma extensa área de 3,8 mil m² é dedicada a espaços verdes, pomares e hortas. A vegetação selecionada desempenha um papel fundamental não apenas na estética, mas também na funcionalidade, oferecendo uma barreira natural contra os efeitos indesejados do ruído, dos ventos e da poluição. A cobertura verde ainda prioriza a biodiversidade local, com uma variada gama de plantas e animais nativos. Estrategicamente posicionadas, caixas-ninho fornecem refúgio seguro para insetos e aves, contribuindo para a manutenção de um ecossistema equilibrado e promovendo a harmonia entre a vida urbana e a natureza no entorno do empreendimento.

Foco no bem-estar comunitário

Foto: Jean-Baptiste Gurliat/Ville de Paris/Reprodução

O jardim central faz o papel de coração pulsante que transforma o espaço em volta dos prédios ao criar um ambiente acolhedor e ensolarado para todos. O destaque são as chamadas “paisagens comestíveis” – áreas de hortas e pomares que trazem benefícios tangíveis para a comunidade, uma vez que buscam fornecer alimentos frescos e saudáveis, promovendo uma melhor qualidade de vida ao incentivar hábitos alimentares mais nutritivos. 

O jardim também foi concebido com o objetivo de promover uma comunidade mais consciente e saudável, por meio da educação ambiental e da promoção de meios de transporte sustentáveis, como caminhadas e ciclismo. Como defende o escritório responsável pelo projeto, a ideia é nutrir os corpos e enriquecer as mentes, fomentando a saúde nutricional e o bem-estar de todos os envolvidos.

Bairro de baixa emissão de carbono no Brasil

No Brasil, o Rio de Janeiro anunciou um distrito de baixa emissão de carbono. O projeto será implementado em uma área de pouco mais de 2 km² no centro da cidade e visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE). O Distrito de Baixa Emissão será implantado em fases até 2030. Com previsão de conclusão em 2024, a primeira fase envolve a requalificação de 35 mil m² de área pública no centro da cidade, juntamente com o monitoramento da qualidade do ar e dos níveis de GEE.

Foto: Reprodução/Prefeitura do Rio

Além das melhorias na infraestrutura, várias outras iniciativas estão sendo desenvolvidas para complementar o projeto. Entre elas, a implantação de ciclovias, a elaboração de um plano de mobilidade limpa, a expansão de áreas verdes, a implementação de projetos educativos para engajar a população e o início da circulação de caminhões elétricos para a coleta de resíduos.

Com estas ações, a Prefeitura do Rio de Janeiro espera melhorar a qualidade do ar e também promover um ambiente urbano mais saudável e sustentável para todos seus habitantes. Tanto o projeto do Rio de Janeiro quanto o de Paris demonstram como grandes cidades podem se integrar aos esforços globais de combate às mudanças climáticas.

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