O Índice Global de Habitabilidade revela quais são as cidades mais habitáveis do mundo, considerando fatores como infraestrutura, saúde e educação.
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Redação em 12 de novembro de 2024 11minutos de leitura
Foto: Arcady/ Shutterstock
Atualmente, 55% da população global reside em centros urbanos e a expectativa é que essa proporção chegue a 70% até 2050, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), agravando os desafios. Algumas cidades, no entanto, tem se destacado por conseguir integrar sustentabilidade, inovação e bem-estar. Na lista das cidades mais habitáveis do mundo, elas mostram que é possível crescer de forma planejada, ao mesmo tempo em que se promove a melhoria da qualidade de vida dos habitantes. Isso não quer dizer que os problemas não existam, como mostra o Global Liveability Index (Índice Global de Habitabilidade, em tradução livre), realizado pelo Economist Intelligence Unit (EIU), que analisa 173 cidades utilizando 30 indicadores organizados em diversas categorias, como estabilidade, assistência médica, cultura, meio ambiente, educação e infraestrutura.
A pontuação global da edição de 2024 do indicador teve um pequeno aumento em relação à edição anterior, chegando a 76,1. Melhorias nas áreas de educação e saúde foram os principais fatores. Por outro lado, houve uma queda nos indicadores de estabilidade, resultado de protestos na Europa relacionados à migração e a desafios no setor agrícola. Além disso, a agitação civil e os conflitos em várias regiões do mundo contribuíram para a continuidade da crise do custo de vida.
A inflação se mostrou como uma das principais responsáveis pela crise imobiliária em diversas cidades do ranking, afetando especialmente cidades da Austrália e do Canadá. Nessas áreas, a oferta de habitação para aluguel é limitada, enquanto os preços de aquisição de imóveis estão subindo rapidamente, tornando cada vez mais difícil para os habitantes encontrar moradias acessíveis.
As 10 cidades mais habitáveis do mundo
O ranking das cidades mais habitáveis do mundo elenca as que tiveram maior pontuação no índice de 2024, destacando os fatores que mais contribuíram para a classificação.
1. Viena, Áustria
Pela terceira vez consecutiva, Viena foi eleita a melhor cidade para se viver no mundo atingindo a pontuação de 98,4, de um total de 100 pontos. Este ano, a cidade alcançou novamente pontuações perfeitas de 100 em quatro das cinco categorias: estabilidade, saúde, educação e infraestrutura. No entanto, sua pontuação na categoria de cultura e meio ambiente foi ligeiramente inferior, com 93,5.
Um dos principais destaques apontados é a qualidade da infraestrutura voltada à mobilidade sustentável. De acordo com dados da prefeitura referentes a 2023, 32% das viagens pela cidade foram realizadas a pé, 32% utilizaram transporte público, 10% de bicicleta e apenas 26% ocorreram em automóveis particulares.
De acordo com o portal oficial da cidade de Viena, a eficiência do transporte público e o incentivo à mobilidade sustentável explicam esses números. Atualmente, a cidade conta com cinco linhas de metrô que abrangem 109 estações ao longo de 83 km de trilhos, além de 28 rotas de bonde e 131 linhas de ônibus. No total, a rede de transporte público cobre mais de 1.150 km e transporta cerca de 1 bilhão de passageiros por ano.
Além disso, Viena é uma referência em infraestrutura cicloviária, com mais de 1.720 km de ciclovias, ciclofaixas e rotas em áreas de baixo tráfego. A construção dessas ciclovias é integrada a iniciativas de ecologização, como o plantio de árvores nas proximidades, alinhado ao conceito “Saia do asfalto“, que visa melhorar a experiência dos pedestres. A cidade também investe continuamente na ampliação e melhoria das calçadas, como no recente Climate Boulevard na Thaliastrasse, onde elas chegam a ter até 6 metros de largura.
2. Copenhague, Dinamarca
Com uma pontuação geral de 98, apenas 0,4 pontos atrás da líder Viena, Copenhague alcançou notas de 100 nas categorias de infraestrutura, educação e estabilidade. Nas áreas de saúde e cultura e meio ambiente, a cidade nórdica obteve pontuações de 95,8 e 95,4, respectivamente, o que a coloca na segunda colocação do ranking das cidades mais habitáveis do mundo.
A cidade também se destaca por priorizar a bicicleta como transporte. Segundo o portal oficial de Turismo de Copenhagen, os moradores da cidade percorrem cerca de 1,44 milhão de quilômetros de bicicleta diariamente. Atualmente, 49% de todas as viagens para o trabalho ou escola na cidade são feitas de bicicleta, um aumento significativo em relação aos 35% registrados há apenas dez anos. Tal crescimento é resultado do investimento contínuo da prefeitura em infraestrutura cicloviária.
Vale ressaltar que Copenhagen é conhecida como a cidade mais verde da Europa pelo seu compromisso com a sustentabilidade e o meio ambiente. Um exemplo são os edifícios com telhados verdes, que ajudam a resfriar o ambiente e a controlar as águas pluviais. Além disso, a cidade possui um plano ambicioso de emissões zero de carbono, com o objetivo de se tornar a primeira capital do mundo a alcançar tal meta até 2025.
Zurique, na Suíça, ocupa o terceiro lugar no índice das cidades mais habitáveis do mundo de 2024, com uma pontuação geral de 97,1. A cidade se destaca especialmente nas áreas de saúde e educação, obtendo notas de 100 em ambas as categorias. Além disso, Zurique apresenta um desempenho sólido em infraestrutura, com uma pontuação de 96,4.
Segundo o Summit Mobilidade, apenas 26% dos deslocamentos na cidade são realizados por veículos motorizados, como carros e motocicletas. Em contrapartida, 32% das viagens diárias são feitas por transporte coletivo, enquanto 42% das movimentações ocorrem a pé ou de bicicleta. Esses números refletem uma estratégia coordenada e de longo prazo, voltada para a promoção de alternativas de mobilidade mais sustentáveis.
Na educação, a cidade oferece um sistema educacional abrangente. As escolas primárias e secundárias são gratuitas e garantem que todas as crianças tenham acesso a uma educação de qualidade desde cedo. Além disso, o currículo escolar em Zurique enfatiza a aplicação prática do conhecimento, permitindo que os alunos desenvolvam habilidades úteis e relevantes para o mercado de trabalho. Além disso, o sistema educativo suíço promove a educação dual, que combina aprendizado teórico com experiência prática em empresas.
Zurique ainda abriga universidades renomadas, como a ETH Zurich (Instituto Federal de Tecnologia de Zurique), uma das melhores universidades do mundo, especialmente em engenharia e ciências naturais. Isso atrai estudantes internacionais e garante que a educação superior na cidade seja de alto padrão.
4. Melbourne, Austrália
Em 2024, Melbourne foi impactada pelos custos de habitação elevados e desafios de acessibilidade, o que a fez cair uma posição no ranking. No entanto, a cidade se destacou nas áreas de saúde e educação, alcançando pontuação máxima em ambas as categorias.
Melbourne é reconhecida por abrigar algumas das melhores instituições educacionais do mundo, desde o jardim de infância até a universidade. No ranking QS Melhores Cidades Estudantis 2024, por exemplo, a cidade alcançou a quarta posição global. Esse outro ranking avalia os melhores lugares para viver e estudar com base em diversos critérios, como desejabilidade e opiniões de alunos atuais.
Além da educação, os moradores de Melbourne desfrutam de uma das maiores expectativas de vida do mundo, um reflexo do sistema de saúde da Austrália. Este sistema é composto por hospitais públicos e privados de alta qualidade, além de serviços comunitários, ambulâncias e atendimento odontológico.
Dentre os hospitais de Melbourne, o Royal Melbourne Hospital e o Alfred Hospital foram reconhecidos no ranking dos melhores hospitais do mundo pela Newsweek, destacando a excelência dos serviços de saúde oferecidos na cidade.
5. Calgary, Canadá
Diferentemente do declínio observado em outras cidades canadenses, Calgary conseguiu melhorar sua posição no ranking de 2024, avançando duas colocações. A cidade destacou-se por receber 100 pontos em sustentabilidade, tornando-se uma das quatro cidades a figurar entre as dez melhores do mundo nesse critério.
Segundo informações do portal oficial de Calgary, a cidade opera com 100% de eletricidade renovável desde 2012, com destaque para a energia eólica. O plano de energia da cidade também estabelece políticas para reduzir o consumo e melhorar o desempenho ambiental dos edifícios públicos, utilizando fontes de energia eólica, solar e sistemas de cogeração.
Recentemente, Calgary atualizou sua Política de Construção Sustentável, que promove práticas de mitigação e adaptação em projetos de construção financiados ou de propriedade da cidade. Essa política já resultou na certificação LEED para 58 projetos, incentivando um design e construção mais eficientes, focados na resiliência e na redução das emissões de gases de efeito estufa.
Além disso, o governo municipal concluiu um projeto de quatro anos para substituir 80 mil postes de luz por lâmpadas LED eficientes. Essa iniciativa não só reduz o consumo de energia e os custos de manutenção, mas também melhora a qualidade da iluminação, proporcionando uma luz mais suave que contribui para um ambiente mais agradável para os moradores.
6. Genebra, Suíça
Genebra se destaca por suas consistentes pontuações elevadas em qualidade de vida. Em 2024, a cidade alcançou a pontuação máxima no indicador das cidades mais habitáveis do mundo, em categorias como saúde e educação. O sistema de saúde em Genebra é amplamente reconhecido como um dos melhores da Europa, caracterizado por instalações modernas e profissionais altamente qualificados. Os residentes têm acesso a cuidados médicos de qualidade, com uma ampla gama de serviços e especialidades disponíveis.
Genebra também abriga instituições educacionais de prestígio, como a Escola Internacional de Genebra e a Universidade de Genebra. Essas instituições atraem estudantes de diversas partes do mundo, enriquecendo seu ambiente multicultural. A presença de uma população estudantil diversificada contribui para um ambiente vibrante, promovendo a troca cultural e acadêmica, o que é um diferencial importante para a cidade. Para o Índice de Habitabilidade, a combinação de um sistema de saúde eficaz e instituições educacionais de alta qualidade torna Genebra um lugar atraente para viver, estudar e trabalhar.
7. Sydney, Austrália
Sydney caiu três posições no ranking deste ano, agora ocupando a sétima colocação, devido à crescente crise de acessibilidade habitacional. A queda é atribuída à dificuldade em encontrar moradias a preços acessíveis, um desafio que tem impactado a qualidade de vida na cidade. De acordo com o relatório International Housing Affordability, Sydney é o mercado habitacional menos acessível da Austrália e a segunda cidade menos acessível do mundo, apenas atrás de Hong Kong.
Apesar disso, no Índice de Habitabilidade, Sydney destaca-se como uma cidade sustentável devido à sua abordagem abrangente ao planeamento urbano e gestão ambiental, orientada pela iniciativa Sydney Sustentável 2030, um plano que enfatiza a visão de uma cidade mais verde e conectada, com foco na melhoria da qualidade de vida ao mesmo tempo que aborda os desafios ambientais.
Sydney pretende aumentar sua cobertura verde para 40% e a cobertura das copas das árvores para 27% até 2050. Isso inclui o plantio de mais árvores e a criação de corredores e parques verdes em toda a cidade. Projetos como o Moore Park e vários empreendimentos de parques aumentam a biodiversidade e as oportunidades recreativas para os residentes.
8. Vancouver, Canadá
Enquanto a maior cidade do Canadá, Toronto, enfrentou desafios e saiu da lista das dez cidades mais habitáveis do mundo, Vancouver conseguiu se manter, apesar de uma queda de duas posições. A principal razão para essa mudança é a crise imobiliária que afeta tanto Toronto quanto Vancouver, tornando a habitação cada vez mais inacessível.
No entanto, Vancouver se destaca em termos de meio ambiente e educação, atingindo pontuação máxima em ambas categorias. O crescimento de Vancouver nessas áreas está ligado ao seu plano de sustentabilidade, conhecido como Greenest City 2020 Action Plan. Este plano visou tornar Vancouver a cidade mais verde do mundo. Para alcançar esse objetivo, a cidade duplicou o número de empregos verdes e da produção de alimentos locais. Além disso, buscou aumentar o número de empresas que adotam práticas operacionais mais sustentáveis.
Aliás, o setor de construção de edifícios verdes em Vancouver é o maior e mais dinâmico, apresentando um crescimento de 146% desde 2010, segundo informações oficiais do portal do Comitê Econômico da cidade. As regulamentações inovadoras da cidade, como a política de rezoneamento verde e o Zero Emissions Building Bylaw, considerado “o código de construção mais verde do mundo”, são fatores chave que impulsionam esse crescimento. Tais iniciativas não apenas fortalecem o mercado local, mas também posicionam as empresas de Vancouver como exportadoras de práticas e tecnologias de construção sustentável em nível global.
9. Osaka, Japão
Osaka se destaca como a única cidade japonesa e a única cidade asiática a figurar entre as cidades mais habitáveis do mundo. Embora tenha recebido pontuações mais baixas nas categorias de cultura e meio ambiente, obteve resultados excepcionais em sustentabilidade, saúde e educação, alcançando pontuação máxima nessas áreas.
A cidade se comprometeu a aumentar os espaços verdes, melhorar a gestão de resíduos e promover opções de transporte sustentável. Notavelmente, a próxima Expo 2025 irá destacar o compromisso de Osaka com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e incluirá planos para a gestão sustentável de eventos. Os esforços para aumentar a vegetação urbana, como o embelezamento de telhados e o uso de materiais sustentáveis na construção, exemplificam ainda mais a dedicação de Osaka em criar um ambiente urbano sustentável.
Os esforços também abordam a área da saúde. A cidade enfatiza a integração de instalações médicas, recursos de saúde mental e programas de bem-estar, com um sistema público de saúde que apoia o cuidado preventivo e oferece serviços de saúde para todos. Iniciativas como triagens de saúde comunitárias e campanhas de conscientização sobre saúde mental contribuem para melhores resultados de saúde para a população.
A educação tem foco na internacionalização e na inclusão. A cidade colabora com instituições educacionais e organizações para apoiar estudantes internacionais, enriquecendo a experiência educacional. Esse foco na diversidade também se reflete em iniciativas voltadas para a promoção da educação em STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), garantindo que os alunos estejam bem preparados para os desafios futuros.
10. Auckland, Nova Zelândia
Pelo segundo ano consecutivo, a cidade alcançou resultados positivos na qualidade de vida de seus habitantes. Com pontuações consistentemente elevadas em todas as cinco categorias avaliadas, destacou-se especialmente na educação, onde obteve a pontuação máxima de 100.
Auckland abriga instituições educacionais de prestígio, como a Universidade de Auckland, que está entre as melhores da Nova Zelândia, e oferece uma ampla gama de cursos de alta qualidade. Essas instituições não apenas oferecem educação de nível superior, mas também colaboram com escolas para melhorar a experiência educacional desde os níveis iniciais.
A maioria das escolas da cidade é pública e há um forte foco em garantir que todos os alunos tenham as ferramentas necessárias para ter sucesso. Isso inclui programas de apoio acadêmico, iniciativas de saúde mental e estratégias para envolver estudantes que podem estar em risco de abandono escolar.
Visão geral do índice de habitabilidade
Conflitos internacionais, protestos civis e uma crise de habitação são os fatores que impediram uma melhora maior na pontuação global do índice da cidades mais habitáveis do mundo. Tel Aviv, por exemplo, perdeu posições no ranking devido ao conflito no Oriente Médio, enquanto a guerra entre a Rússia e a Ucrânia manteve Kiev entre as dez cidades com as piores classificações. Na Europa, os protestos sobre temas como agricultura e imigração também impactaram a pontuação das cidades.
Além disso, a crise do custo de vida continua a ser um grande desafio. Os preços de moradia, que estão subindo rapidamente, são um fator importante nessa inflação. A situação é especialmente grave na Austrália e no Canadá, onde os preços de compra seguem aumentando, o que intensifica o sentimento anti-imigração.
Na parte debaixo da tabela das cidades mais habitáveis do mundo, houve pouca mudança, com Damasco, na Síria, ainda sendo considerada a cidade menos habitável do mundo, seguida por Trípoli, na Líbia, Argel, na Argélia, e Lagos, na Nigéria.
O alerta do EIU, em nota, é o aumento em protestos e distúrbios em várias partes do mundo, como em Nouméa, na Nova Caledônia, e em universidades nos Estados Unidos, o que sugere que a pressão sobre a qualidade de vida nas cidades não deve melhorar em um futuro próximo.
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