Espaços públicos: projetos que inspiram novas ideias

Os espaços públicos configuram os cenários nos quais podem surgir novas ideias de convivência e do coletivo a partir de suas qualidades.

Por Redação em 1 de fevereiro de 2023 6 minutos de leitura

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Os espaços públicos desempenham um papel crucial na sociedade urbana, pois são locais de encontro, relacionamento, convívio e trocas entre os mais diversos grupos que compõem a comunidade. Portanto, sua existência e qualidade estão diretamente relacionadas a uma cultura compartilhada entre os cidadãos.

Pensar em ruas, praças, parques e até na natureza é uma forma de lidar com ideais comuns e garantir dinâmicas sociais na relação entre corpos e meio ambiente. Sendo assim, alguns projetos urbanos trazem diferentes ideias sobre como moldar o ambiente de domínio público. 

Há aqueles que imprimem contraste e diálogo com a natureza, ressignificam lugares inóspitos e, independentemente da escala, transformam seus contextos a partir do desenho arquitetônico e urbanístico. A seguir, é possível visualizar nove projetos selecionados.

1. One Green Mile, na Índia 

Foto: Suleiman Merchant

O viaduto Senapati Bapat Marg corta uma série de ruas que se estendem por mais de 11 quilômetros no centro de Mumbai. O local gera poluição sonora significativa e cria uma barreira entre as áreas vizinhas que limita as opções de mobilidade. Sendo assim, com o objetivo de melhorar a paisagem urbana desses locais, criou-se o One Green Mile

Em um espaço não utilizado sob a própria estrutura do viaduto, houve a implementação de uma proposta que melhora as conexões para pedestres e ciclistas a fim de tornar a área mais acessível. Pavimentação, ciclovias e amplas faixas de pedestres iluminadas promovem o acesso e a segurança. Além disso, foram adicionados espaços verdes que oferecem sombra e temperaturas mais amenas no local. 

2. Espaços públicos: Tapis Rouge, no Haiti

Foto: Gianluca Stefani

Tapis Rouge é um dos vários espaços públicos em Carrefour-Feuilles, no Haiti, construídos sob o programa LAMIKA, cuja sigla significa “uma vida melhor no meu bairro”. Neste espaço público, um anfiteatro ao ar livre, destinado ao convívio da comunidade, marca o centro do espaço. Espalhadas nas bordas dos degraus dos assentos estão algumas árvores que protegem os usuários do sol, assim como há áreas ocupadas por equipamentos de exercícios ao ar livre e assentos. Além disso, a parede que percorre o perímetro do terreno foi transformada pela comunidade e artistas locais com murais coloridos. 

Junto ao muro, os pavimentos azuis de produção local dão lugar a uma horta. Acima dela, na extremidade superior, uma fileira de palmeiras esconde tanques de armazenamento para a estação de distribuição de água. O poço que alimenta os tanques e a estação traz água de 100 metros abaixo do solo. A receita gerada com a venda da água é reinvestida na manutenção do espaço público.

3. Parque Fresnillo, no México

Foto: Sandra Pereznieto

Neste projeto, um canal pavimentado de águas negras transformou-se em uma praça de lazer dentro de um conjunto habitacional em Fresnillo, Zacatecas. O canal tinha uma ponte inacessível, bloqueando-o. 

Desse modo, os arquitetos trabalharam com a ideia de criar um espaço na ponte, levando a uma conexão acessível com brinquedos integrados e um terraço. Sendo assim, o espaço se tornou um lugar de encontro, com iluminação noturna. Além disso, as encostas do canal passaram a funcionar como área de descanso e playground

4. Espaços públicos na China: Book Mountain e Le Meridien

Foto: Ziling Wang

No Book Mountain, em Lishui, encontra-se a entrada para a Pedreira nº 8, onde existe um espaço público de leitura e estudo, distribuído por várias plataformas em seu interior. Neste sentido, os terraços laterais de pedra no interior desenvolvem-se em cinco níveis, até uma altura de 12 metros, os quais só podem ser escalados com algum esforço. 

Dessa maneira, posicionadas nestas plataformas acessíveis por escadas, é possível encontrar estantes de livros e locais de estudo, onde os visitantes podem mergulhar no mundo das inscrições em pedra e da caligrafia. 

Já em Zhenghou, com base na indústria têxtil de tecelagem histórica da região, arquitetos criaram tramas e dobras de paisagem escultural para revelar um espaço público esteticamente agradável. Uma série de faixas de grama onduladas representa a seda sendo tecida – para cima e para baixo – em folhas de tecido por máquinas tradicionais.

Um espaço público que se tornou um novo ponto para várias atividades, desde encontros com amigos até sessões de fotos de casamento. 

5. Nanhua Glimmer Park, em Taiwan

Foto: YuChen Chao

 O espaço está localizado aos pés da Montanha Taimu e costumava servir como escola primária. O campus, agora desativado, foi transformado em um parque para a comunidade, especialmente para a população idosa. O projeto busca criar uma atmosfera mais acolhedora para os residentes, abrindo os limites do campus e conectando o novo espaço verde com o entorno.

O campus renascido celebra as características da natureza regional e as transforma em formas geométricas, em um projeto paisagístico. A curvatura contínua a partir das paredes de concreto e entra em harmonia com as curvas da montanha. Já a diversidade de plantas apresenta uma oportunidade de educação ambiental para o público, incluindo a possibilidade de descobrir plantas comestíveis e a restaurar as plantas aquáticas na lagoa ecológica.

6. Espaços públicos no Brasil: Parque Raquel de Queiroz, em Fortaleza

Foto: Joana França

O local era um grande terreno baldio, tomado por um lixão irregular e esgoto clandestino. Mas, atualmente, este espaço público serve como parque para que as pessoas façam suas atividades físicas, como caminhada, corrida e ginástica ao ar livre. Tudo isso acontece às margens de nove lagoas interligadas. 

Vale destacar que o projeto adotou o conceito de desenho de um parque linear, utilizando o sistema viário existente como ligação entre as áreas verdes. Ocupando uma das áreas de preservação alagada, o projeto priorizou o sistema de drenagem como elemento estrutural. Isso significa que, além de seu potencial paisagístico, as zonas úmidas são uma estratégia essencial para a recuperação ambiental de uma área, sem excluir os usos exigidos pela comunidade local.

7. Wild Mile, nos Estados Unidos

Foto: Dave Burk

O parque Wild Mile cria um novo ambiente para habitat, educação e recreação no rio de Chicago. Projetado como um parque flutuante de 17 acres, o espaço apoia a visão da comunidade de uma ecologia urbana renovada, que ajuda a fortalecer a conectividade do bairro.

Aproveitando a proximidade com mais de 40 escolas e instituições acadêmicas, o parque inclui uma variedade de programas educacionais e comunitários. Isso inclui a iniciativa River Rangers, liderada por voluntários e impulsionada pela tecnologia, que recruta “cientistas cidadãos” para documentar e fornecer relatórios regulares sobre plantas replantadas e vida selvagem.

8. Escadinhas Footpaths, em Portugal

Foto: Estúdio Ivo Tavares

Um projeto que combina arquitetura, arte e natureza, o Escadinhas Footpaths é uma passagem para pedestres que liga o concelho montanhoso do Monte Xisto às margens do rio Leça, em Matosinhos.

Houve reparos no corrimão e nos degraus de acesso à Rua das Escadinhas e criou-se um novo limite entre os degraus públicos e o terreno privado, em forma de bancos, permitindo a utilização das escadas como local de descanso. Além disso,  uma antiga ruína foi reconstruída e transformada em área de lazer rodeada pela natureza. 

9. Baraike Park Base Facility, no Japão

Foto: Toshiyuki Yano

Este projeto cria espaço para churrasqueiras no parque da cidade. A estrutura é uma rede de colunas inclinadas sem paredes, com o objetivo de criar uma sensação de integração com as árvores e florestas. O espaço também é usado para a realização de atividades físicas, como Yoga e alongamento, entre outros encontros comunitários. 

Em suma, os espaços públicos são cruciais para a coesão social e a criação de uma comunidade. Parques, praças e ruas são essenciais para a saúde física e mental, bem como para a promoção de atividades de lazer e esportes. Além disso, também desempenham um papel significativo na criação de uma cidade acessível e inclusiva. Quando bem projetados e gerenciados, tais locais ainda podem ser uma fonte importante para economia local e qualidade de vida das pessoas.

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