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Giovanni Cordeiro: como iremos morar em 2040?
Espaços menores, condomínios compartilhados, aluguel em alta: essas são algumas tendências que devem trazer inovação para a construção civil (e para as cidades)
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Camila de Lira em 31 de outubro de 2022 3minutos de leitura
Daqui a 18 anos, mais de 70% da população mundial residirá em grandes cidades. No Brasil, a população com mais de 65 anos deverá ser superior àquela com idade inferior a 15 anos. A média de filhos por pessoa irá cair para apenas um, resultando em famílias menores. E o que isso tudo tem a ver com a construção civil? Para Giovanni Cordeiro, economista-chefe da Deloitte Brasil, tudo.
“Para entender como serão as construções de 2040, é necessário avaliar o formato das famílias, a densidade demográfica e o crescimento populacional”, diz Cordeiro, que ajudou a formatar a pesquisa “Comportamento do consumidor de imóveis em 2040”, elaborada pela consultoria em parceria com a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).
Forma e conteúdo em 2040
No Brasil, as macrotendências são o envelhecimento da população, elevação das taxas de divórcio e diminuição na quantidade de filhos por família. A projeção é de que os solteiros passem a representar 57% da população brasileira em 2040, o que vai diminuir a média de pessoas por domicílio das atuais três para duas.
Cordeiro explica que os números indicam dois caminhos de adaptação para o segmento da construção: espaços menores, mas adaptáveis. E, acima de tudo, acessíveis, capazes de absorver a mudança da vida dos moradores.
“A gente está migrando para um perfil diverso de população. A residência do futuro precisa atender a todas as necessidades”, diz Cordeiro. Enquanto a população sênior exige acessibilidade e segurança em alta nos espaços, as famílias menores não vão precisar de apartamentos ou casas com grande metragem. “O uso inteligente do espaço estará em alta”, diz o economista-chefe da Deloitte Brasil.
Em alguns países, a expectativa é de que, em 2040, as pessoas estarão próximas de viver além dos 100 anos. No Brasil, isso será realidade em algumas cidades. “É um público que terá boas condições de renda e buscará qualidade de vida. Será que não seria o caso de pensar em novos modelos de moradia para essa população?”, indaga Cordeiro.
Os espaços também deverão absorver os novos hábitos da geração millennial e geração z, que deverão representar 26% do total da população. Ou seja, as novas moradias terão maior digitalização, sendo que plataformas digitais tendem a ser mais e mais procuradas, não só para fechar acordos de aluguel e venda, mas também para que as pessoas conheçam todo o histórico da construção”, comenta Cordeiro.
Além disso, a economia do compartilhamento deve crescer, uma vez que as gerações que serão maioria em 2040 enxergam este tipo de espaço com bons olhos. Atualmente, 65% dos mais jovens aceitam compartilhar a lavanderia, 56% gostariam de compartilhar vaga de garagem e 49% se dizem confortáveis em dividir o local de trabalho.
A preocupação com o meio ambiente também é algo que é prioridade para os millenials e a geração Z. Isso indica que, daqui a 18 anos, esse público vai optar por morar em lugares cuja construção seguiu normas de sustentabilidade.
Juntando todos esses fatores, os edifícios menores, que utilizam menos materiais e usam a metragem de forma compacta, tendem a crescer no período.
Novas moradias, novos negócios
A exigência de flexibilidade vai para além das paredes, mas também nos tipos de financiamento, disse o economista-chefe da Deloitte – o que aponta para o aluguel. “Quase 50% das pessoas que alugam preferem fazer isso pela facilidade de mudar. Quando a gente olha para o público mais jovem, o percentual sobe para 76%”, afirmou Cordeiro.
Já os espaços compartilhados criam caminho para que as construtoras migrem para o setor de serviços. “A questão do espaço compartilhado tem ofertas de serviços como lavanderia e cozinha compartilhada, o que abre um leque de serviços que podem ser explorados pelas construtoras. O segmento de construção tem que estar aberto ao ecossistema de inovações. Antes, falava-se que era preciso inovar; hoje isso é o básico para que o negócio continue competitivo”, disse Cordeiro.
Dentro deste contexto, estar conectado a startups e a construtechs é essencial para as construtoras. “Grandes empresas têm dificuldade de inovar. Para pensar fora da caixa, é preciso buscar parceiros. É fundamental”, apontou Cordeiro.
“Essas tendências devem ter, cada vez mais, maior participação no mercado. Mas, isso não significa que elas serão as principais transformações. A residência compartilhada, por exemplo, não representará a maioria dos prédios e moradias do Brasil. Mas ela tem um grande espaço para crescer até lá”, finaliza Cordeiro.
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