Grandes cidades do mundo estão afundando. Por quê?
Peso dos prédios e do concreto faz solo ceder, levando junto grandes cidades. Cidade do México e Nova Iorque estão na lista.
Por
Redação em 15 de agosto de 2023 3minutos de leitura
Nova Iorque, Cidade do México, Jacarta e Amsterdã têm uma coisa em comum: são cidades que estão afundando. Pesquisas mostram que a combinação entre o uso intenso do solo e o aumento dos níveis dos mares está levando grandes adensamentos urbanos pelo mundo para baixo, literalmente.
O estudo foi publicado pela Universidade de Rhode Ilsand e mostra 99 cidades pelo mundo que estão afundando. Pelo menos 33 destas cedem a mais de um centímetro por ano, cinco vezes mais rápido do que a taxa de aumento do nível do mar.
A cidade de Nova Iorque, por exemplo, afunda entre um e dois milímetros ao ano. Uma das razões que explica o fenômeno é a quantidade de concreto e prédios em um espaço pequeno de terra. Em reportagem publicada pela BBC, pesquisadores norte-americanos indicam que nos 777 quilômetros quadrados da Big Apple encontram-se aproximadamente 762 milhões de toneladas de concreto, vidro e aço. E o cálculo ainda não leva em conta as infraestruturas de transporte, que também pressionam o solo.
Maré alta não
Embora pareça pouco milímetro a milímetro, é preocupante quando a gente lembra que o nível do mar deve aumentar em 43 centímetros até 2100.
“Temos que resumir esses dois efeitos”, disse Pietro Teatini, presidente da Iniciativa Internacional de Subsidência de Terras da UNESCO, em entrevista à revista National Geographic. “Isso é o que as pessoas chamam de aumento relativo do nível do mar: significa o aumento do nível do mar mais a subsidência da terra.”
“Se a subsidência continuar nas taxas recentes, elas serão desafiadas por graves inundações muito mais cedo do que o projetado”, escreveram D’Hondt e seus colegas Pei-Chin Wu e Matt Wei, ambos da Universidade de Rhode Island, como publicado pela BBC.
O perigo vem do solo
Algumas cidades estão em mais perigo do que outras devido ao perfil do solo da região. É o que acontece com a Cidade do México, que está afundando 35 centímetros ao ano. Ou seja, de quatro em quatro anos, o solo afunda quase 1,5 metro. A previsão é que, até 2100, a cidade já esteja de 20 a 30 metros abaixo do que está agora.
A capital mexicana foi construída em cima de um lago drenado, o antigo Lago Texoco. Na época dos Astecas, o lago já não existia, devido ao uso intenso da água da região. A Cidade do México, dessa forma, já está em cima de um solo argiloso e que tende à subsidência (ao afundamento).
Como parte do aquífero da região é subsolo, os mexicanos residentes da capital se valem da retirada de água potável de baixo da terra. Com o tempo, a retirada de água leva o solo a ceder. Acrescente a esse fenômeno uma população de 9,2 milhões de pessoas e sistemas subterrâneos de metrô, esgoto e tratamento de água é a situação fica ainda mais grave.
A cidade de Jacarta, na Indonésia, perde 15 centímetros a cada ano, levando a projeções que indicam que, até 2050, a cidade pode deixar de existir. No sul da Ásia, a maior questão é o aumento populacional ligado ao uso de água subterrânea. Para se ter ideia, a Indonésia já está construindo uma outra capital, a 2 mil quilômetros de distância de Jacarta, para abrigar todos os que vão, eventualmente, deixar de morar na cidade.
Cidades e afundamento
De Houston ao Cairo, passando por Xangai e Jacarta, as cidades que estão afundando costumam ter algo em comum: a água. São regiões que foram criadas próximas a deltas de rios, que são lugares planos e férteis, mas que contam com o solo naturalmente menos estável.
Segundo explica a National Geographic, a sedimentação dos deltas de rios ocorre quando as águas inundam na época de cheias. Assim, a terra da parte debaixo do rio chega para a superfície. Depois de centenas de anos, esses sedimentos se unem e criam o solo menos poroso.
O que acontece é que as cidades não costumam deixar este fluxo natural dos rios. Muitas aterram as águas para impedir inundações. Ou seja, os sedimentos nunca chegam ao seu entorno e o solo permanece poroso, mais propenso a ceder.
“Acho que os governos precisam se preocupar”, disse D’Hondt à BBC. “Se eles não querem ter uma perda maciça de infraestrutura e capacidade econômica em algumas décadas, precisam começar a planejar agora.”
O Habitability coleta dados pessoais fornecidos por você e, também, automaticamente, a partir das suas atividades de navegação.
Por padrão, as informações que você nos fornece, incluindo, eventualmente, dados que permitem a sua identificação, como acontece se você optar por receber nossa newsletter, não são conectadas às informações de navegação. Sendo assim, garantimos a você que não fazemos rastreamento individual de atividades.
Cookies estritamente necessários
Estes cookies são essenciais para que as nossas páginas funcionem adequadamente. Eles não podem ser desabilitados, pois, se forem, a disponibilização das nossas páginas ficará comprometida.
Os cookies estritamente necessários normalmente são ativados a partir de uma ação tomada pelo usuário, que equivalem a uma solicitação de serviços, como entrar em um de nossos domínios. Esses cookies não armazenam nenhuma informação pessoal identificável.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará ativar ou desativar os cookies novamente.
Cookies de terceiros
Este site usa o Google Analytics e tags de parceiros para coletar informações anônimas, como o número de visitantes do site e as páginas mais populares.
Manter esse cookie ativado nos ajuda a melhorar nosso site.
Ative primeiro os Cookies estritamente necessários para que possamos salvar suas preferências!