Hyperloop: o trem ultra-rápido que promete voar pelas cidades

O Hyperloop está prestes a redefinir o futuro do transporte, conectando cidades de maneira ultra rápida e eficiente.

Por Redação em 1 de agosto de 2024 5 minutos de leitura

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Foto: HyperloopTT/Divulgação

As cidades estão cada vez mais densas, a vida urbana cada vez mais dinâmica e um dos principais problemas nesse contexto é a mobilidade. Quem nunca sonhou em se locomover em um piscar de olhos para se livrar do trânsito? Um trem que poder alcançar a velocidade de um avião pode ser a resposta a esse desejo! Pelo menos essa é a ideia do Hyper Transfer, um projeto criado na Itália pelas empresas Hyperloop Transportation Technologies (HyperloopTT), Leonardo e Webuild, que uniram forças em um consórcio para transformar esse sonho em realidade.

A colaboração está prestes a iniciar a fase de estudo de viabilidade para um protótipo operacional do modelo Hyperloop, projetado para transportar passageiros e cargas entre Mestre, em Veneza, e Pádua com trens ultra-rápidos. A iniciativa está dividida em três fases: um estudo inicial com avaliação de viabilidade e impacto ambiental, uma fase detalhada de projeto e engenharia, seguida pela fase final de construção, testes e certificação. Segundo a HyperloopTT, o Hyper Transfer almeja se tornar o primeiro sistema Hyperloop comercialmente operacional do mundo.

Mas a visão da HyperloopTT não se limita à Europa. A empresa também anunciou estudos focados em uma linha de transporte de carga no Brasil. O projeto, apoiado pelo EGA Group, líder em logística portuária no País, pretende explorar o potencial de transportar cargas conteinerizadas a velocidades comparáveis às do transporte aéreo. Com isso, espera-se aumentar a eficiência logística e reduzir os custos e o tempo de transporte em um país com dimensões continentais.

Hyperloop: o futuro do transporte 

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Foto: HyperloopTT/Divulgação

O conceito do Hyperloop é replicar em terra as condições que os aviões encontram no céu. Esse sistema inovador de transporte utiliza cápsulas que se movem dentro de tubos com baixa pressão atmosférica, permitindo um deslocamento rápido e eficiente.

Em vez de usar trilhos tradicionais, o hyperloop adota um sistema magnético que faz as cápsulas levitarem dentro dos tubos. O método elimina o atrito do vento e dos trilhos, permitindo que as cápsulas alcancem velocidades de até 1,2 mil quilômetros por hora, com um consumo de energia reduzido.

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Foto: HyperloopTT/Divulgação

De acordo com o grupo responsável, o Hyper Transfer tem como objetivo principal reduzir o tráfego intenso, diminuir significativamente o tempo dos transportes tradicionais e minimizar o consumo de energia. Este novo meio de transporte não apenas promete agilizar as viagens, mas também revitalizar as conexões entre os sistemas de transporte existentes e as cidades inteligentes.

Ainda segundo o grupo, quando implementados, os trens ultra-rápidos promoverão uma expansão econômica generalizada nas regiões conectadas. Reduzindo os tempos de viagem entre os centros urbanos de horas para minutos, esses sistemas melhorarão drasticamente as interconexões entre os diferentes modos de transporte e os centros das cidades.

Leia também: 4 transportes do futuro (próximo) para cidades inteligentes

Viagem de 20 minutos no Brasil

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Foto: HyperloopTT/Divulgação

No Brasil, viajar entre Porto Alegre e Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, atualmente demanda de duas a duas horas e meia de carro. No entanto, com os trens ultra-rápidos, esses 130 quilômetros poderiam ser percorridos em apenas 20 minutos, com paradas estratégicas em Novo Hamburgo e Gramado. Mas será que essa tecnologia é realmente viável no Brasil?

Um estudo recente divulgado pela HyperloopTT afirma que sim. Realizado em colaboração com pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), através de um convênio com o governo estadual, o estudo indica que as conversas estão avançadas para que a região gaúcha seja pioneira na adoção do Hyperloop na América Latina.

Em 2021 o governador Eduardo Leite (à direita) visitou o centro de teste da Hyperloop na companhia do então secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia, Luís Lamb (à esquerda) e Ricardo Penzin, da Hyperloop (ao meio) Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini

Os pesquisadores estão planejando construir os tubos do Hyperloop acima do solo na Região Sul do Brasil, adaptando-se à topografia local para evitar obras complexas como túneis ou viadutos. A abordagem visa reduzir os custos de implantação do projeto e minimizar as emissões de carbono, tornando-o mais sustentável.

Um dos grandes atrativos do Hyperloop na região seria sua capacidade de geração de energia limpa. Está prevista a instalação de painéis fotovoltaicos ao longo de 80% do percurso entre Porto Alegre e Caxias do Sul. Isso garantiria que o sistema fosse completamente alimentado pela energia solar, com um excedente de energia três vezes maior do que o necessário para operar. Volume que poderia ser vendido, beneficiando economicamente a região. Segundo os cientistas da UFRGS, o sistema planejado teria um consumo anual estimado de 73 GWh, enquanto a produção alcançaria 339 GWh.

O trajeto entre as quatro paradas — Porto Alegre, Novo Hamburgo, Gramado e Caxias do Sul — seria coberto por cápsulas movendo-se a velocidades de até 835 quilômetros por hora dentro dos tubos do Hyperloop. Com essa rapidez, o percurso de 135 km seria concluído em apenas 19 minutos e 45 segundos. Tamanha eficiência transformaria a mobilidade regional, permitindo que visitantes explorassem tanto a capital quanto a Serra Gaúcha em um único dia.

Investimento que pode transformar o Sul do Brasil

O estudo sobre a viabilidade do Hyperloop na região destacou que o custo total para implementação do sistema, incluindo operação e impostos pelos próximos 30 anos, está estimado em R$ 7,71 bilhões. Segundo as características geográficas analisadas, esse investimento seria compensado em apenas cinco anos de funcionamento, impulsionado, principalmente, pela receita proveniente dos passageiros (52%), empreendimentos comerciais (35%), aluguel de lojas nas estações (2%), publicidade (2%) e transporte de carga (1%).

Além do impacto financeiro direto, o Hyperloop promete ser um catalisador para a economia local desde o início da construção. Estima-se a criação de 50 mil empregos diretos no setor de construção durante o período das obras, além de 9.243 empregos diretos e indiretos anualmente. O setor de Energia Solar também seria beneficiado, com a geração de 2.077 empregos anuais ao longo dos 30 anos de operação do sistema.

Outro setor que se beneficiaria significativamente com a implementação do Hyperloop é o imobiliário. A valorização estimada dos terrenos e propriedades nas proximidades das estações é de R$ 27,4 bilhões após aproximadamente seis anos de operação do sistema. Esse crescimento é impulsionado pela facilidade de acesso e conexão proporcionada pelo Hyperloop, tornando essas áreas ainda mais atrativas para investimentos e desenvolvimento urbano.