As 5 tendências em investimentos verdes para 2025

Em um cenário global de mudanças, 2025 se destaca como um ano decisivo para os investimentos verdes em todo o mundo.

Por Nathalia Ribeiro em 21 de fevereiro de 2025 5 minutos de leitura

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Foto: Deemerwha studio/ Adobe Stock

O ano de 2025 será marcado por transformações políticas e econômicas que devem influenciar profundamente as diretrizes globais para políticas e investimentos verdes. Segundo uma análise do banco suíço Lombard Odier Group, uma das principais instituições financeiras do setor privado, a expectativa é de que Estados Unidos e Europa adotem abordagens mais equilibradas, com o setor privado assumindo um papel de maior relevância na condução de iniciativas verdes.

Já na Ásia, a China deve manter sua trajetória de liderança no desenvolvimento de tecnologias limpas, consolidando políticas que buscam equilibrar crescimento econômico e redução de emissões. Enquanto no Brasil, a realização da COP30 em Belém, marcada para o segundo semestre, coloca o País no centro das discussões ambientais globais. 

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No plano econômico, o ano será marcado por volatilidade, com impactos mais visíveis em setores relacionados à energia limpa e veículos elétricos. O mercado de energia solar, por exemplo, apresenta grande potencial de crescimento a longo prazo, mas enfrenta incertezas no curto prazo, especialmente no setor residencial, que depende de subsídios fiscais e políticas estáveis.

Segundo a análise do grupo de investimentos, 2025 desponta como um ano importante para a sustentabilidade, trazendo desafios e oportunidades que exigem respostas estratégicas. Políticas públicas sólidas e investimentos direcionados em tecnologia e infraestrutura serão determinantes para impulsionar avanços no setor. Abaixo, as cinco principais tendências destacadas no relatório:

As tendências de investimentos verdes em 2025

1. Transições gradativas para economias carbono zero

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A transformação rumo a uma economia de baixo carbono ocorrerá de forma gradual e com avanços distintos entre os setores. Algumas áreas, porém, já despontam como protagonistas dessa transição. No segmento de bens de consumo, a implementação de normas mais rígidas e o aumento nos preços de energia têm incentivado a adoção de eletrodomésticos mais eficientes, contribuindo para a redução do consumo energético doméstico. 

Paralelamente, o setor elétrico está passando por uma rápida descarbonização, impulsionada pelo avanço de tecnologias como os painéis solares fotovoltaicos e sistemas de armazenamento em baterias, que viabilizam uma matriz energética mais limpa e sustentável. Na indústria, os esforços para melhorar a eficiência energética seguem intensos, com investimentos crescentes em automação e robótica. 

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A construção civil também está se reinventando, incorporando materiais inovadores que seguem os princípios da economia circular. Entre eles, destacam-se alternativas como concreto e plásticos à base de madeira, que podem ser reciclados e reutilizados, reduzindo significativamente os impactos ambientais.

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2. Convergência de políticas industriais e de sustentabilidade 

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Historicamente pioneira em integrar suas políticas industriais a objetivos sustentáveis, a China continua liderando o avanço de setores estratégicos como energia limpa e veículos elétricos (EV). Entretanto, nos próximos anos, espera-se que os Estados Unidos e a Europa sigam passos semelhantes, impulsionados por demandas crescentes de descarbonização e inovação tecnológica. Esses esforços buscam consolidar uma transição econômica mais alinhada com os desafios climáticos globais.

A Índia também emerge como um protagonista relevante nesse cenário, implementando programas de incentivo que visam impulsionar suas indústrias de energia renovável. Essa estratégia faz parte de um plano mais amplo de crescimento econômico sustentável, destacando a importância de fontes de energia acessíveis e menos poluentes em um país marcado por demandas energéticas crescentes.

No contexto global, o alinhamento entre políticas industriais e metas ambientais está promovendo um ambiente favorável ao desenvolvimento de tecnologias limpas. Setores como energia solar, armazenamento de baterias e mobilidade sustentável estão recebendo maior atenção de governos e investidores. No entanto, os desafios persistem: diferenças nas capacidades fiscais, barreiras políticas e discrepâncias regulatórias entre regiões, como a União Europeia, podem limitar o alcance e a eficácia dessas iniciativas.

3. Infraestrutura como pilar da transição

A infraestrutura seguirá tendo um papel central na construção de um futuro sustentável, exigindo adaptações para acompanhar as transformações tecnológicas e as mudanças demográficas. Nesse contexto, soluções voltadas para infraestruturas verdes devem liderar as atenções, abrangendo sistemas de energia renovável, gestão hídrica eficiente e transporte ferroviário de baixo impacto ambiental.

Projetos que promovem eficiência energética e utilizam materiais sustentáveis tendem a ganhar destaque, principalmente em países emergentes como Brasil e Índia, onde a necessidade de modernizar infraestruturas e atender demandas crescentes impulsiona novos investimentos. 

Para investidores interessados em explorar o setor de infraestrutura sustentável, alternativas como títulos verdes e investimentos privados despontam como opções estratégicas. Além disso, áreas como redes de distribuição de energia, sistemas de transporte ferroviário e tecnologias avançadas para o gerenciamento de água são apontadas como setores com grande potencial de crescimento e retorno.

4. Nexo entre tecnologia, digitalização e sustentabilidade

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A transformação digital desponta como um recurso essencial para impulsionar práticas mais sustentáveis. A integração de inovações tecnológicas, como Inteligência Artificial (IA), análise de grandes volumes de dados (big data) e a Internet das Coisas (IoT), está remodelando a gestão de recursos e aprimorando a eficiência operacional em diversas áreas.

Entre as aplicações mais promissoras estão as redes inteligentes, que permitem uma distribuição mais eficiente de energia, sensores avançados que auxiliam na manutenção preventiva de equipamentos industriais e plataformas de software especializadas na otimização do consumo energético. 

5. Investimentos verdes com uma abordagem integrada 

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De acordo com a análise, a sustentabilidade em 2025 transcenderá as metas tradicionais de redução de emissões de carbono e diminuição da pegada ambiental. As pautas incluirão a preservação da biodiversidade, a garantia de acesso equitativo a recursos essenciais e a promoção da justiça social.

Relatórios corporativos alinhados ao framework do Taskforce on Nature-related Financial Disclosures (TNFD) devem se tornar mais comuns, à medida que empresas ampliam seus compromissos para minimizar impactos negativos sobre os ecossistemas naturais. Paralelamente, questões relacionadas à saúde pública e segurança alimentar ganharão destaque, impulsionadas pelo avanço de tecnologias como a agricultura de precisão e soluções inovadoras para gestão eficiente dos recursos hídricos.

O ano decisivo para transformar sustentabilidade em progresso global

O panorama traçado pelo relatório do Lombard Odier Group evidencia que 2025 será um divisor de águas na consolidação de uma economia sustentável. Com políticas públicas e investimentos verdes privados atuando como forças motrizes, o cenário global exige uma abordagem integrada, que alinhe metas climáticas a desafios econômicos e sociais.

Enquanto Estados Unidos e Europa buscam maior protagonismo do setor privado, e a China mantém sua liderança em tecnologias limpas, países emergentes, como Brasil e Índia, assumem papeis estratégicos ao impulsionar projetos de infraestrutura e transição energética. De acordo com a análise, a COP30 representa uma oportunidade para o Brasil reafirmar seu compromisso com o meio ambiente e se posicionar como líder em debates sobre justiça climática.

No entanto, os desafios permanecem: volatilidade econômica, disparidades regulatórias e barreiras políticas podem limitar o impacto de iniciativas verdes. Superar esses entraves requer estratégias robustas, que integrem avanços tecnológicos, como a digitalização e a agricultura de precisão, à adaptação de sistemas industriais, de transporte e de consumo energético.

A análise do Lombard Odier Group destaca que o sucesso na construção de um futuro sustentável dependerá da capacidade de governos, empresas e investidores em colaborar para criar soluções que beneficiem tanto o meio ambiente quanto a sociedade. O ano de 2025 não é apenas um teste de resiliência, mas também uma chance de transformar a sustentabilidade em um vetor de progresso global.