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O futuro da mobilidade: o que falta para os carros voadores?
Veja os desafios que ainda precisam ser superados para viabilizar o uso dos carros voadores.
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Redação em 17 de agosto de 2023 5minutos de leitura
A ideia de carros voadores têm fascinado as pessoas há décadas, sendo um elemento comum em filmes de ficção científica e desenhos animados. Aliás, é recorrente o desejo de colocar em prática o conceito reminiscente dos “Jetsons”. No entanto, embora os avanços tecnológicos venham ocorrendo, os carros voadores ainda não são um vislumbre na realidade… será?
No último dia 6 de julho, a Federal Aviation Administration (FAA) certificou uma startup da Califórnia, a Alef Automotive, para testar o primeiro carro voador. A empresa descreve o veículo como “o primeiro veículo totalmente elétrico que pode voar, viajar nas estradas e vir a receber a aprovação do governo dos EUA.”
A administração Federal de Aviação dos Estados Unidos confirmou à CNN que, realmente, emitiu à empresa um certificado especial de aeronavegabilidade, permitindo fins limitados que incluem exibição, pesquisa e desenvolvimento.
Órgão regulador americano já emitiu outras certificações para “carros voadores”
Embora o ineditismo seja evidente, ainda não há motivo para muito alarde. O carro da Alef, apelidado de “Modelo A”, está em teste desde 2015, quando quatro amigos, Constantine Kisly, Pavel Markin, Oleg Petrov e Dukhovny, inspirados nos filmes “De Volta para o Futuro” (que previa a chegada de carros voadores naquele ano), decidiram formar uma empresa para tentar desenvolvê-lo. Em 2018, a empresa realizou o primeiro voo inicial de teste automatizado de uma versão esqueleto do carro, e um protótipo em tamanho real voou no ano seguinte. Desde então, os representantes da Alef apenas esperavam o certificado especial de aeronavegabilidade da FAA para continuar conduzindo a pesquisa e o desenvolvimento necessários.
No entanto, o anseio pelos carros que voam é tanto que, apenas no início deste ano, a empresa já tinha pré-encomendas reembolsáveis para mais de 400 veículos, com o custo de US$ 150 para estar na fila geral ou US$ 1,5 mil para a fila prioritária. A primeira entrega é projetada para o final de 2025. Estima-se que a venda do veículo ficará em torno de US$ 300 mil cada.
“Estamos entusiasmados por receber esta certificação da FAA. Isso nos permite chegar mais perto de trazer às pessoas um deslocamento ambientalmente amigável e mais rápido, economizando horas para indivíduos e empresas a cada semana. Este é um pequeno passo para aviões, um passo gigantesco para carros”, comemoriu o CEO da Alef, Jim Dukhovny.
No entanto, outras várias empresas também estão trabalhando no VTOL ou eVTOL, veículos totalmente elétricos para pouso e decolagem vertical, que fará a primeira decolagem oficial. A FAA, aliás, afirmou à mesma reportagem da CNN que o Modelo A é a primeira, mas não será a única aeronave desse tipo a obter um certificado especial de aeronavegabilidade.
Startups ao redor do mundo estão trabalhando para desenvolver e lançar seus protótipos
O Brasil, terra de Santos Dumont – amplamente reconhecido como o pai da aviação, tendo realizado o primeiro voo homologado da história – não poderia estar de fora dessa “disputa”.
Em maio deste ano, a Eve, uma empresa de aeronaves controlada pela Embraer, anunciou estar mais perto da criação do sonho futurista ao concluir com êxito testes de seus “carros voadores” em um túnel de vento. A saber, túneis de vento simulam o movimento e efeito do ar e ventos, e são gerados para o estudo e aperfeiçoamento de aeronaves. Esses testes são considerados essenciais para a certificação pelos reguladores, bem como para a produção futura e vendas para compradores em todo o mundo.
A Eve já detém uma carteira de quase 2,8 mil pedidos, antes de iniciar a produção, com o desenvolvimento apoiado por investidores como a United Airlines e a Rolls-Royce. A expectativa da empresa é que esses carros, apelidados de táxis voadores, iniciem operações comerciais em 2026, trazendo consigo uma nova era na mobilidade urbana.
Alguns protótipos de carros voadores já foram apresentados e estão em fase de teste. Contudo, ainda existem vários desafios técnicos, regulatórios e estruturais a serem superados antes que os carros voadores tornem-se uma realidade comum.
No caso do carro da Alef, por exemplo, a realização dos testes ainda precisa da aprovação da Administração Nacional de Segurança no Tráfego Rodoviário para circular nas estradas. Ou seja, além de aprimorar a tecnologia – com sistemas de propulsão eficientes, baterias de alta capacidade e sistemas de segurança -, é preciso que muitas leis ainda sejam regulamentadas para a circulação de veículos no chão e no ar.
Para além disso, a implementação de carros voadores requer uma nova legislação e regulamentação a fim de garantir a segurança do espaço aéreo, estabelecer regras de tráfego e gerenciar o uso de taxiamento, decolagem e pouso para veículos pessoais.
Outra questão é a necessidade de desenvolver uma infraestrutura adequada para acomodá-los, como pontos de pouso e decolagem especiais, estações de recarga elétrica e sistemas de controle de tráfego aéreo.
Embora a tecnologia esteja progredindo rapidamente, ainda será preciso algum tempo para que esses veículos sejam amplamente utilizados. Vislumbra-se que, em um primeiro momento, eles serão implementados em serviços específicos, como táxis aéreos, antes de se tornarem uma opção viável para o público em geral.
Veja também o episódio 11 do podcast Habitability:
Aceitação pública será fundamental para a disseminação dos carros voadores
Os “táxis-carros”, aliás, já aparecem como uma realidade mais tangível. Exemplo disso é que a FAA autorizou a startup de Miami Doroni Aerospace a acelerar seu projeto de carro voador de dois lugares, que pode caber em uma garagem e decolar de lá. Em junho, a empresa completou 50 voos de teste com o H1, um eVTOL autônomo voltado para diversas missões, incluindo transporte de passageiros e cargas, emergências, combate a incêndio e defesa.
Por outro lado, para criar serviços úteis, veículos precisam de locais de pouso múltiplos e convenientes nas cidades. Nesse caso, a falta de pontos de pouso pode adiar, literalmente, a decolagem do mercado para os carros voadores.
A aceitação pública, também promete ser um fator determinante para a aceitação – ou não – desse veículos na sociedade. Para isso, serão necessários esforços para educar e conscientizar as pessoas sobre os benefícios e a segurança de um novo transporte.
Por fim, a realidade é que não basta apenas um carro voar… Afinal já existem as aeronaves para comprovar que tem tecnologia o suficiente para colocar um veículo no ar. A questão é criar mecanismos e encontrar maneiras para que essa mobilidade seja mais assertiva para todo setor socioeconômico.
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