Revestimento colorido resfria ambiente de maneira natural

Produto à base de plantas evita o desperdício de energia com ar-condicionado e ainda é colorido, servindo como revestimento.

Por Redação em 28 de abril de 2023 3 minutos de leitura

revestimento colorido ar condicionado

Pesquisadores da Universidade de Cambridge descobriram uma forma criativa de manter os espaços com temperatura confortável: uma celulose multicolorida.  

Muitos colocam o resfriamento de interiores como o maior desafio arquitetônico do futuro. Afinal, com a mudança climática, a temperatura tende a aumentar, enquanto o aumento populacional pressiona para o uso de mais sistemas automatizados de climatização. A equação fica desequilibrada quando colocado o fator de exigência de se emitir menos gases de efeito estufa. 

Nesse sentido, a busca por materiais que conseguem reduzir a temperatura do ambiente sem usar energia elétrica se tornam essenciais. O material pesquisado pela Universidade de Cambridge se diferencia também por esse quesito, já que ele tem base de plantas e consegue manter o ambiente 6,8 graus Celsius (ou 19,8 graus Fahrenheit) mais frio. 

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Cores que desafiam o calor

A grande novidade apresentada pelo material é exatamente a cor, já que usar a tinta branca para manter os ambientes mais frescos é comum em diversas culturas. “O modo mais comum de produzir uma tinta colorida é com algum tipo de corante. Mas ele absorve a luz e deixa o ambiente mais quente”, explica Qingchen Shen, pesquisador de pós-doutorado da Universidade de Cambridge, que está descobrindo o novo revestimento, em entrevista à Fast Company Brasil

“Para fazer materiais que permaneçam mais frios que o ar ao seu redor durante o dia, você precisa de algo que reflita muita luz solar e não a absorva, o que transformaria a energia da luz em calor”, disse a pesquisadora de Cambridge, Silvia Vignolini, em entrevista ao site Freethink. A invenção equipe de pesquisadores foi fazer um revestimento que funciona como uma bolha de sabão, recorrendo para a cor estrutural.

Dessa forma, a luz se refrata em comprimentos de ondas diferentes, e a cor fica brilhante. 

Vignolini e suShen agora descobriram uma maneira de criar filmes de resfriamento passivos vibrantes em azul, verde e vermelho – potencialmente nos dando uma maneira ecológica de resfriar prédios e carros sem ter que pintá-los todos de um branco chato ou dar-lhes um acabamento espelhado ofuscante.

A equipe conseguiu criar filmes azuis, verdes e vermelhos dessa maneira. Durante os testes sob luz solar direta, eles estavam, em média, 5,4 F mais frios que o ar ambiente. À noite, a diferença média aumentou para 16,4 F, com diferença máxima de 19,8 F. Para comparação, a tinta branca mais branca do mundo mantém as superfícies em média 9,9 F mais frias do que o ar ambiente sob luz solar direta e até 20 F mais frias à noite.

Celulose ultracolorida para resfriar o ambiente

Reprodução / Universidade de Cambridge

Quem faz isso são os nanomateriais feitos de uma combinação de celulose e nanocristais de celulose. “Existem apenas alguns materiais que possuem essa propriedade, e a adição de pigmentos de cor normalmente desfaz seus efeitos de resfriamento”, continuou Silvia. 

O material naturalmente promove o resfriamento, e os nanocristais de celulose (CNCs), que podem ser extraídos da madeira, algodão e outras fontes renováveis, têm propriedades prismáticas, semelhantes a como as superfícies das bolhas de sabão refletem a luz em uma infinidade de cores.

“Queríamos torná-lo barato, por isso usamos materiais à base de celulose. Seus nanocristais podem ser extraídos da madeira ou do algodão. A celulose é o polímero mais abundante da natureza”, finalizou Shein.