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Periferia de SP abriga exemplo de governança informal em cidades
Projeto na região do Paraisópolis, em São Paulo, vira referência para espaços urbanos
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Redação em 4 de janeiro de 2022 3minutos de leitura
Renan Martelli da Rosa / Shutterstock.com
O Jardim Colombo, na capital paulista, é um exemplo de como é possível aplicar políticas de governança informal nas cidades, ou seja: de como adotar diretrizes de organização, mesmo onde não existe um planejamento formal na área de infraestrutura.
Localizado no Complexo de Paraisópolis, o local sedia o Movimento Fazendinhando, que nasceu com o objetivo de criar um parque para transformar social e culturalmente o bairro. O projeto de governança informal começou a sair do papel em 2017, a partir da parceria entre o Arq.futuro e o Jardim Colombo, mudando a área de mil metros quadrados, que era usada como lixão, no Parque Fazendinha, em um espaço de lazer para a comunidade, que abriga cerca de 18 mil pessoas.
Veja também o episódio 22 do podcast Habitability:
Governança em cidade informal tem liderança da União de Moradores
O projeto foi encabeçado pelo presidente da União de Moradores, Ivanildo de Oliveira, com forte participação de sua filha, Ester, que tem mestrado em arquitetura e já tinha atuado em outras iniciativas na comunidade.
A inspiração do projeto paulista veio do êxito do poder de transformação do Parque Sitiê, considerado um exemplo de prestígio mundial da construção de parque em uma zona de descarte no Morro do Vidigal. O papel do Arq.futuro, como apoiador do projeto, permitiu a conexão da liderança do Jardim Colombo com o Mauro Quintanilha, paisagista e músico, idealizador e realizador do projeto carioca.
O Parque Fazendinha começou com um desenho prévio apresentado à comunidade no final de 2017, seguido pelo começo da limpeza do terreno, o que resultou na remoção de mais de 40 caminhões de resíduos. A movimentação contou com a participação de voluntários e ocorreu na forma de mutirões.
O passo seguinte foi a discussão para adaptar o local, atualmente o único espaço aberto na comunidade, para que ele pudesse ser usado pelos moradores como “uma centralidade e um espaço de lazer”. A lista de desafios, no entanto, era grande, conforme destacou artigo do site ArchDaily.
Festival de artes endereçou desafios do Fazendinha
As primeiras barreiras envolveram a declividade do terreno, o resíduo remanescente, a falta de vegetação, e também a escassez de recursos e mão de obra para dar continuidade à qualificação do Fazendinha. A manutenção no dia a dia também foi desafio, assim como o incentivo para que os moradores passassem a cuidar do espaço e não voltassem a usá-lo como ponto de descarte de resíduos.
Para resolver essas questões, o Fazendinha criou um festival de artes em julho de 2018, permitindo a todos os habitantes do Colombo enxergarem aquele local de uma nova maneira, que os organizadores então classificam como uma “percepção do potencial do terreno para lazer e fruição”.
O festival ganhou forma com a participação de outro pós-graduado, Antônio Moya, estudante do mestrado em Planejamento Urbano do MIT. Ele foi o idealizador do evento, a partir de um summer job no Brasil.
Nessa época, foi formada a primeira parte da equipe que até hoje está à frente do projeto, com os voluntários do Arq.futuro Tomás Alvim, Silvia Ferreira e Veronica Vacaro. Também integram a equipe os moradores do Colombo: Erik Luan, Kamilla Baes e Rubens Costa, além de voluntários de comunidades do entorno, sempre sob a liderança de Ester Carro, a mestre em arquitetura e filha do presidente da União dos Moradores do Jardim Colombo.
Com o Festival, nasceu o Movimento Fazendinhando, destacando a expansão do projeto também para a área cultural e não mais somente com foco em infraestrutura física.
O processo também envolveu questões burocráticas desde 2019, incluindo a reestruturação da União dos Moradores, com a reeleição da nova diretoria, formada por moradores do Colombo com Ester no cargo de presidente, Ivanildo como diretor Esportivo, Erik Luan como diretor Financeiro e Kamilla Bianca como secretária. O conselho fiscal e o conselho consultivo foram formados por membros do Arq.futuro e contam com especialistas de diversas áreas, que contribuem em diferentes papéis, com visões externas de mercado, empresa, comunicação e marketing, arquitetura e urbanismo e políticas públicas.
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