Arquitetura regenerativa: o que é e qual a importância?

A arquitetura regenerativa é um planejamento que busca o reequilíbrio entre a natureza e seres humanos pelos processos restaurativos

Por Redação em 13 de dezembro de 2022 4 minutos de leitura

arquitetura regenerativa

Os debates sobre cidades sustentáveis ganham força à medida que as mudanças climáticas vêm colocando em xeque as estruturas atuais dos centros urbanos. Nesse cenário, há o surgimento de diversas iniciativas que buscam reduzir os impactos ambientais negativos, como a arquitetura regenerativa. 

Esta vertente, derivada do design restaurativo, é uma abordagem de planejamento que tem o objetivo de reequilibrar a relação entre o ser humano e a natureza, por meio de processos restaurativos, a fim de reestruturar os ecossistemas naturais danificados. 

Qual o objetivo da arquitetura regenerativa?

O conceito de arquitetura regenerativa não se refere somente a reduzir os danos ambientais, mas também procurar maneiras de regenerar materiais de construção e restaurar os habitats naturais. Isto é, essa nova linha do urbanismo chega ao mercado para aplicar uma abordagem interdisciplinar de criação de sistemas arquitetônicos que recuperam e revitalizam os recursos naturais consumidos. 

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Um dos principais objetivos da arquitetura regenerativa é aliar as necessidades humanas à integridade ecológica, promovendo colaboração, engajamento das comunidades e participação ativa rumo ao desenvolvimento de uma relação de parceria entre humanidade e a natureza.

Nesse cenário, a arquitetura regenerativa entende que os ecossistemas não irão se regenerar de forma autônoma. Por isso, é necessário adotar métodos restaurativos. Essa tendência leva em conta todo o ciclo de construção, desde o projeto e a extração dos recursos, até a obra e descarte de resíduos, priorizando, por exemplo, o uso de materiais biodegradáveis e a reutilização de resíduos na produção. 

Arquitetura regenerativa na prática

De acordo com o Relatório de Situação Global 2020 para Edifícios e Construção, da Aliança Global para Edifícios e Construção, a construção civil é responsável por 40% das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Sendo assim, a arquitetura regenerativa recorre ao uso de algumas estratégias, como a implantação de jardins e áreas verdes em centros urbanos, em busca de diminuir os impacto. 

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Através de tais ações, é possível regenerar o ecossistema de espaços que antes eram habitats naturais. Desse modo, há o início do processo de restauração do equilíbrio ambiental.

As cidades voltadas para pedestres também são incluídas nas práticas da arquitetura regenerativa, já que uma boa parte dos automóveis disponíveis no mercado aceleram o processo de degradação ambiental. Portanto, a implementação das vilas urbanas, criando vizinhanças caminháveis, podem favorecer a regeneração das cidades, uma vez que incentivam os habitantes a caminhar ou usar bicicleta. 

Premissas da arquitetura regenerativa

Trabalhar na ótica da arquitetura regenerativa significa abandonar a abordagem centrada no projeto para focar no lugar. Dessa maneira, é possível olhar não apenas para a saúde individual, mas também para a saúde coletiva e integridade ambiental, sempre no sentido de contribuir para que haja condições necessárias para o aumento da vitalidade, viabilidade e capacidade para evolução local. 

A arquitetura regenerativa nasce da necessidade de regenerar as fontes de energia e matéria-prima, incorporando o conceito “Cradle to cradle” (berço ao berço, em tradução livre), e carrega a ideia de uma economia circular, que ganhou notoriedade pelo arquiteto e economista Walter Stahel. 

Que tipo de projeto pode se beneficiar da arquitetura regenerativa?

Esse modelo de arquitetura pode beneficiar qualquer pessoa, instituição ou iniciativa que queira se alinhar com o funcionamento da vida, pois melhora as ações que tenham capacidade de se engajar em escala territorial. 

Nesse contexto, a arquitetura regenerativa atinge determinado grau de sucesso quando o projeto envolve outros atores do território em um diálogo único e contínuo, formando uma rede de compartilhamento para a construção dos pilares de uma cidade sustentável. 

A arquitetura regenerativa não se limita a uma única área de atuação. Independentemente do setor ou da iniciativa, seja pública ou privada, todos podem se engajar na regeneração de um ambiente. 

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Comunidades internacionais, eco-resorts, parques, fazendas, unidades de conservação, urbanismo, indústrias, entre outros, aliados ao poder público, possuem a competência de trabalhar em novos métodos para a elaboração de planos diretores, a fim de revitalizar os ecossistemas. 

Construções sustentáveis

De acordo com o Green Building Council Brasil, o país é um dos protagonistas no movimento de construções sustentáveis no mundo. O Brasil conta com mais de 750 projetos certificados, ocupando a quarta posição no ranking mundial de construções certificadas LEED, à frente de 162 países e atrás apenas de China, Índia e Canadá. 

Os dados mostram que os arquitetos e urbanistas estão cada vez mais preocupados com o futuro. As construções sustentáveis desempenham um papel fundamental na tarefa de regeneração dos recursos naturais. Alinhado a movimentos que priorizam o planeta e as gerações futuras, é possível atender compromissos ambientais em todas as etapas dos projetos arquitetônicos. 

Leia também: Economia circular: entenda o que é e como funciona

Em resumo, a adoção de um modelo de desenvolvimento sustentável, como a arquitetura regenerativa na construção civil, se consolidou e vem demonstrando um crescimento constante e acelerado no país e no mundo. Nos últimos anos, as construções sustentáveis provaram que são a melhor opção para a mitigação de danos ambientais, além de trazer maiores retornos de investimento e minimização de riscos quando comparados aos empreendimentos convencionais.