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Cidade compacta: vantagens e desafios de um modelo urbano sustentável
Conceito é uma demonstração de como menos é mais, tendo a eficiência e a funcionalidade como premissas.
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Redação em 11 de setembro de 2023 7minutos de leitura
A busca por um estilo de vida mais sustentável tem levado cada vez mais pessoas a considerar a opção de viver em uma cidade compacta. Por ter como conceito o planejamento urbano inteligente e uso eficiente do espaço, as cidades compactas têm sido apontadas como uma solução para os desafios urbanos do século XXI. Veja a seguir como esses lugares podem contribuir para mais qualidade de vida, promovendo a conectividade, reduzindo o impacto ambiental e favorecendo a convivência comunitária.
Quais são as vantagens de uma cidade compacta?
O objetivo principal das cidades compactas é criar um desenho urbano sustentável, eficiente e de alta qualidade de vida para seus habitantes. Ao contrário das cidades dispersas, onde as distâncias entre os diferentes locais são maiores, as cidades compactas enfatizam a mobilidade urbana por meio de deslocamentos a pé, de bicicleta ou por transporte público, reduzindo a dependência do uso do automóvel e, consequentemente, evitando os congestionamentos e a emissão de poluentes.
Além dos benefícios em termos de mobilidade, as cidades compactas também podem trazer impactos positivos em áreas como socialização, saúde, segurança e sustentabilidade ambiental. Ao favorecer a proximidade entre as pessoas, as interações socioculturais são facilitadas, fortalecendo o senso de comunidade e promovendo a diversidade e a inclusão. A concentração de atividades em áreas menores também facilita o acesso a saúde, educação, lazer, comércio e serviços, contribuindo para mais qualidade de vida.
A cidade compacta tem um conceito urbanístico que defende a criação de áreas urbanas densas e diversificadas em oposição a uma expansão urbana dispersa e fragmentada. O objetivo de uma cidade compacta é reduzir as distâncias entre residências, locais de trabalho e áreas de lazer, além de promover a utilização mais eficiente dos recursos e infraestruturas existentes.
Uma cidade compacta geralmente é caracterizada por:
Alta densidade populacional
Com uma maior concentração de pessoas em uma área restrita, o espaço é utilizado de forma mais eficiente.
Mistura de funções
As áreas residenciais, comerciais, de serviços e industriais são interligadas, permitindo que as pessoas tenham acesso fácil a diferentes atividades em sua vida diária.
Mobilidade sustentável
A cidade compacta, geralmente, é planejada para promover o uso de meios de transporte sustentáveis, como caminhadas, ciclismo e transporte público, reduzindo assim a dependência de carros particulares, o que impacta positivamente no congestionamento e emissão de poluentes.
Infraestrutura de qualidade
Pode ser notado um investimento, por exemplo, em calçadas acessíveis, ciclovias, espaços verdes e outros espaços destinados ao lazer e bem-estar da população.
Minimização do impacto ambiental
A compactação das áreas urbanas permite a preservação de áreas naturais próximas, reduzindo o impacto ambiental e promovendo um estilo de vida mais sustentável.
Cidade compacta pode apresentar maior vigilância natural
Em 2015, o capitão da polícia militar do Paraná Marcelo Trevisan Karpinski participou da equipe de revisão do Plano Diretor para tornar a cidade de Curitiba mais humanizada e compacta. No ano seguinte, o profissional escreveu o livro “Arquitetura Contra o Crime, Prevenção, Segurança e Sustentabilidade” (2016), onde surgiu o termo “vigilância natural”. O conceito reforça que é preciso criar uma estrutura que incentive a presença de pessoas no local, ou seja, quanto maior a diversidade de serviços, melhor para a segurança destes espaços. Segundo o autor, isso pode ser relacionado à arquitetura ambiental e ao design contra o crime, pensando maneiras de reduzir a criminalidade e oferecer mais tranquilidade aos cidadãos. Curitiba, aliás, é considerada um exemplo de cidade compacta no Brasil.
Embora o estudo de aspectos e de fatores que relacionam a prevenção contra o crime com a arquitetura urbana ainda seja pouco explorado no Brasil, trata-se de um tema emergente e multidisciplinar capaz de ajudar a encontrar caminhos para a construção de uma sociedade mais segura.
Quais são as cidades compactas brasileiras?
Para ser considerada compacta, uma cidade precisa possuir um traçado urbano mais planejado e que concentre suas atividades em uma área restrita, facilitando o deslocamento da população. Alguns exemplos no Brasil são:
Curitiba/PR: conhecida internacionalmente por seu planejamento urbano e sistema de transporte integrado.
Belo Horizonte/MG: destaca-se por sua estrutura de transporte coletivo eficiente, com corredores de ônibus e estações de metrô.
São Paulo/SP: apesar de ser uma cidade grande, possui uma área central bem estruturada, com uma grande rede de transporte público.
Brasília/DF: cidade planejada, com um traçado urbano em forma de cruz, o que facilita o deslocamento entre as regiões administrativas.
Florianópolis/SC: possui um centro histórico bem preservado e estrutura urbana planejada.
Vitória/ES: conhecida por sua qualidade de vida e transporte público eficiente.
Porto Alegre/RS: tem um centro histórico bem estruturado, com ruas largas e zonas exclusivas para pedestres.
Rio de Janeiro/RJ: apesar de seu tamanho, possui algumas áreas compactas, como o bairro de Copacabana, por exemplo, além de projetos que visam ampliar o conceito, especialmente no centro.
Recife/PE: possui um centro histórico com ruas estreitas e preservadas, facilitando o deslocamento a pé.
Salvador/BA: apesar de ser uma cidade antiga, possui um centro histórico bem preservado e estrutura urbana planejada em algumas áreas.
Essas são apenas alguns exemplos, mas ainda existem outras cidades no país que também seguem esse modelo de urbanização mais planejada.
Qual é a diferença entre cidade compacta, cidade densa, cidade espraiada e cidade dispersa?
As diferenças entre os termos diz respeito à forma como as áreas urbanas são desenvolvidas e organizadas. Exemplificando:
Cidade compacta
Possui um desenvolvimento urbano consolidado, com construção de edifícios altos, ruas estreitas e uma alta concentração de pessoas, atividades e infraestruturas em um espaço limitado. Esse tipo de cidade promove uma maior interação entre os moradores e facilita o acesso a serviços e comércio.
Cidade densa
É caracterizada por uma alta concentração populacional em relação à área ocupada. Isso significa que há muitas pessoas vivendo e trabalhando em um espaço limitado. As cidades densas geralmente possuem edifícios altos e uma grande quantidade de infraestruturas, visando acomodar a população de forma eficiente.
Cidade espraiada
Tem uma expansão urbana dispersa, onde vastas áreas são ocupadas por residências de baixa altura, com grandes espaços entre elas. Esse tipo de cidade tende a se desenvolver de forma horizontal, com um baixo índice de ocupação de terra e uma menor densidade populacional. Geralmente, as cidades espraiadas possuem uma grande dependência de transporte individual, devido às longas distâncias entre os locais de moradia, trabalho e comércio.
Cidade dispersa
É semelhante à cidade espraiada, mas com um grau ainda maior de dispersão. Nesse tipo de cidade, as áreas residenciais são separadas por grandes espaços vazios, como áreas rurais ou reservas naturais. Geralmente, há uma baixa densidade populacional e falta de infraestrutura urbana em áreas dispersas, o que resulta em uma grande dependência de transporte individual e dificuldade no acesso a serviços e comodidades.
Uma cidade compacta pode ser ao mesmo tempo densa, espraiada ou dispersa?
Sim, uma cidade pode ser compacta, densa, espraiada e dispersa ao mesmo tempo, embora seja um caso mais raro. Um exemplo disso é Tóquio, no Japão, considerada uma cidade compacta porque possui uma densidade populacional muito alta e uma grande quantidade de edifícios altos. É uma das maiores áreas metropolitanas do mundo e possui uma densidade populacional média de 6.150 pessoas por quilômetro quadrado.
No entanto, Tóquio também pode ser considerada espraiada e dispersa. Isso porque, a cidade se espalha por uma vasta área metropolitana que inclui diversas cidades menores. Essa área metropolitana é composta por uma rede de bairros e subúrbios que se estendem por muitos quilômetros. Apesar da densidade populacional alta no centro da cidade, muitos desses bairros e subúrbios são menos densos e mais espaçados, com uma maior presença de áreas verdes e residências unifamiliares.
Essa combinação de características faz com que Tóquio seja uma cidade compacta, densa, espraiada e dispersa ao mesmo tempo. Contudo, é importante ressaltar que essas características podem variar dentro da cidade, já que alguns bairros são mais compactos e densos do que outros.
O ideal de cidade compacta ainda faz sentido?
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil acrescentará 29 milhões de habitantes às suas cidades até 2050. A estimativa é que, no mesmo período, a população urbana passará dos atuais 80% para mais de 90% dos habitantes. Nesse sentido, a viabilidade do conceito é questionada, uma vez que o país está muito longe de poder abrigar toda a população em bairros bem estruturados.
Nos países em desenvolvimento, prevê-se, então, uma grande migração de áreas rurais para as áreas urbanas, juntamente com um crescimento populacional mais rápido em comparação aos países desenvolvidos. É provável que esses países venham enfrentar uma expansão significativa nas áreas urbanas nos próximos anos, embora também haja evidências do movimento contrário, de interiorização, como mostra os dados preliminares do novo Censo.
Por isso, o adensamento demográfico é um assunto que ainda gera muita discussão. É comum, por exemplo, confundir a densidade construtiva (quantidade de área construída em um determinado local) ou até mesmo a altura das edificações, com a densidade demográfica (quantidade de pessoas que residem em um determinado local).
O adensamento demográfico pode trazer benefícios
Embora seja um fenômeno comum e crescente nas últimas décadas, pensar o adensamento demográfico envolve grandes desafios, como a pressão sobre a infraestrutura urbana, a falta de moradias adequadas e os problemas ambientais, como a poluição e a escassez de recursos naturais.
Lidar com essas adversidades requer um planejamento urbano eficiente e de múltiplas estratégias, que parta das necessidades diversas. Isso inclui a construção de moradias acessíveis, a melhoria do transporte público, o desenvolvimento de áreas verdes e a criação de políticas de desenvolvimento urbano sustentável e inclusivo.
Além disso, é necessário um planejamento adequado para garantir um equilíbrio entre o crescimento urbano e a preservação das áreas rurais circundantes. Isso pode incluir a promoção de formas alternativas de uso da terra, como a agricultura urbana, e a criação de programas de desenvolvimento rural para incentivar as pessoas a permanecerem nas áreas rurais e evitarem migrações em massa para as cidades.
Em resumo, o adensamento demográfico na migração de áreas rurais para áreas urbanas em cidades compactas é um processo complexo que traz tanto oportunidades quanto desafios. Para além disso, o planejamento urbano adequado e a criação de políticas sustentáveis são essenciais para garantir um crescimento equilibrado e uma melhor qualidade de vida para todos os cidadãos.
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